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Haiti/Minustah

Dirigentes sul-americanos anunciam processo de retirada militar do Haiti

Em reunião no Uruguai, países da América do Sul concordam em reduzir gradualmente a presença internacional no país mais pobre do continente americano. A decisão de ministros da Defesa e das Relações Exteriores da região coincide com a divulgação de um vídeo no qual cinco militares uruguaios teriam abusado de um adolescente haitiano.

Começa o processo de retirada militar do Haiti, Minustah deve perder 15% dos seus homens.
Começa o processo de retirada militar do Haiti, Minustah deve perder 15% dos seus homens. © Nations Unies/Logan Abassi
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 Márcio Resende, correspondente da RFI em Buenos Aires

Os países da América do Sul alcançaram dois grandes consensos sobre a Missão de Estabilização das Nações Unidas, Minustah, que atua no Haiti desde 2004: a Força de paz deve ser reduzida gradualmente a partir de 15 de outubro, quando o mandato deve ser renovado. Por outro lado, essa redução deve ser coordenada com a ONU e com o governo haitiano, sem precipitações.

O Ministro da Defesa do Brasil, Celso Amorim, defendeu uma redução de 15% no contingente total e disse que o Brasil já iniciou as negociações com a ONU.

Tanto o chanceler uruguaio, Luis Almagro, quanto o chefe da missão da ONU no Haiti, o chileno Mariano Fernández, afirmaram que o contingente no país mais pobre das Américas deve voltar ao patamar anterior ao devastador terremoto de janeiro de 2010.

Fernández anunciou que em 16 de setembro vai apresentar uma proposta de redução gradativa do número de efetivos aos 15 países que integram o Conselho de Segurança da ONU

“O aumento pelo terremoto já pode ser reduzido. O contingente já cumpriu a sua tarefa (de segurança e estabilidade)”, indicou.

Antes do terremoto que deixou mais de 200 mil vítimas, a missão tinha 9 mil militares e policiais. Depois, passou a 12.270 homens.

Embora ainda não exista um cronograma, Almagro arriscou um horizonte de 3 ou 4 anos até a retirada final, quando o Haiti assumiria completamente a responsabilidade pela paz, pela segurança e pelos desenvolvimentos econômico, social e institucional, hoje nas mãos da Minustah.

“Há lugares onde as tropas deixaram de ser tão necessárias porque o Haiti conseguiu condições de segurança. É preciso estudar ponto por ponto, região por região”, explicou o chanceler uruguaio.

A decisão dos países sul-americanos é determinante. Juntos, nove deles respondem por 44% da Missão que envolve um total de 18 países. O Brasil tem o maior contingente (2.166 homens) e tem o comando militar da missão.

O sucesso da missão é crucial para os planos do Brasil de firmar-se como um ator global e para fortalecer a sua luta por uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU.

A reunião de ministros da Defesa e das Relações Exteriores dos países sul-americanos no Uruguai para discutir o futuro da missão no Haiti coincidiu com o escândalo causado por um vídeo no qual cinco militares uruguaios aparecem em atitude de abuso moral e supostamente sexual contra um adolescente haitiano. O abuso aconteceu em 28 de Julho, mas só nesta semana o vídeo tornou-se público. Antes disso, outro militar uruguaio engravidou uma menor haitiana.
 

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