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Ex-presidente do Equador, Glas é hospitalizado após overdose de medicamentos na prisão

No centro de uma crise diplomática entre Quito e a Cidade do México, após ter sido preso à força dentro da embaixada mexicana, o ex-vice-presidente do Equador Jorge Glas teve que ser hospitalizado nesta segunda-feira (8) por uma aparente tentativa de suicídio.

O ex-presidente Jorge Glas foi levado ao hospital naval de Guayaquil após ter passado mal na prisão, nesta segunda-feira 8 de abril.
O ex-presidente Jorge Glas foi levado ao hospital naval de Guayaquil após ter passado mal na prisão, nesta segunda-feira 8 de abril. REUTERS - Vicente Gaibor Del Pino
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As autoridades penitenciárias não explicaram porque ele teve permissão para guardar na cela tantos medicamentos, certamente autorizados, mas em número suficiente para o colocar em coma, relata o correspondente da RFI no Equador, Éric Samson.

O ex-vice-presidente equatoriano foi encontrado debilitado na cama. Ele foi levado imediatamente para um centro de tratamento perto da prisão de segurança máxima conhecida como La Roca (“a rocha”, em português), que seria tão impenetrável quanto Alcatraz, em São Francisco (EUA).

Após avaliação inicial, Glas foi levado ao hospital naval. Sem mencionar uma tentativa de suicídio, o relatório policial fala em overdose de antidepressivos e ansiolíticos (medicamentos contra ansiedade) que o deixaram em coma profundo. O estado de saúde do ex-vice-presidente se estabilizou antes de ele ser reenviado à cela, segundo seus advogados.

A defesa afirma que não conseguiu entrar em contato com ele e o considera “sequestrado pelo governo equatoriano”. Por sua vez, o atual presidente do Equador, Daniel Noboa, indicou que ordenou a operação policial na embaixada mexicana para evitar uma fuga iminente de Glas.

Ex-vice-presidente do país de 2013 a 2018 e condenado por corrupção, Jorge Glas refugiou-se em dezembro do ano passado na embaixada mexicana em Quito, capital equatoriana.

Na noite da última sexta-feira (5), policiais invadiram as instalações da embaixada para prendê-lo. Esta ação, que viola as convenções internacionais sobre fóruns diplomáticos, causou o rompimento das relações entre o México e Equador e provocou críticas por parte da comunidade internacional.

México quer levar o assunto à CIJ

O México também anunciou a sua intenção de submeter o assunto à Corte Internacional de Justiça (CIJ), uma vez que diplomatas mexicanos baseados em Quito deixaram a capital equatoriana.

O México pretende afirmar perante o mais alto tribunal das Nações Unidas a natureza inviolável das representações diplomáticas estabelecidas pela Convenção de Viena de 1961.

Para Marcelo Kohen, professor de direito internacional do Instituto de Pós-Graduação em Estudos Internacionais, o Equador terá dificuldade em se defender perante a CIJ.

“Não existem argumentos jurídicos reais que justifiquem a violação de premissas diplomáticas. O Equador se refere ao fato de que o México teria concedido asilo ilegalmente. Independentemente de que isso seja verdade ou não, este não é um motivo que poderia justificar a invasão das instalações diplomáticas do México”, enfatiza o especialista.

Os líderes latino-americanos discutirão na sexta-feira (12) uma condenação e possíveis sanções contra o Equador durante uma cúpula virtual, anunciou nesta segunda (8) a presidente de Honduras, Xiomara Castro, chefe da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).

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