Acessar o conteúdo principal

Após invasão de embaixada, México vai denunciar Equador à Corte Internacional de Justiça

O México anunciou que denunciará o Equador na segunda-feira (8) à Corte Internacional de Justiça (CIJ) pela invasão policial à sua embaixada em Quito, para deter o ex-vice-presidente equatoriano Jorge Glas.

A chanceler mexicana Alicia Bárcena durante uma coletiva de imprensa neste domingo (7)
A chanceler mexicana Alicia Bárcena durante uma coletiva de imprensa neste domingo (7) © AP - Ginnette Riquelme
Publicidade

O anúncio foi feito neste domingo (7) pela chanceler mexicana Alicia Bárcena, durante uma coletiva de imprensa no aeroporto da Cidade do México, onde recebeu os diplomatas de seu país que deixaram o Equador após a ruptura de relações com o governo de Daniel Noboa.

"A partir de amanhã, estamos indo à CIJ para apresentar o caso. Acreditamos que podemos vencê-lo rapidamente", disse Bárcena. "Condenamos veementemente esta violenta invasão", reiterou neste domingo Bárcena no aeroporto, acompanhada pela embaixadora Raquel Serur e pelo chefe de missão, Roberto Canseco, que apareceu com um colar cervical após sofrer uma "agressão física" da polícia.

O diplomata, que tentou impedir a invasão, enfatizou a necessidade de “punir” o ocorrido. Assim, "desencorajamos que no futuro essas ações sejam tomadas", disse. Bárcena destacou que o México não pedirá aos diplomatas equatorianos que deixem o país e garantirá a segurança de sua embaixada, onde, do lado de fora, se reuniram dezenas de manifestantes.

O grupo de 18 pessoas, entre diplomatas e seus familiares, chegou em um voo comercial ao meio-dia após ser acompanhado ao aeroporto que serve Quito pelos embaixadores da Alemanha, Panamá, Cuba e Honduras.

O México fechou indefinidamente sua embaixada e estabeleceu uma plataforma eletrônica para atender os cerca de 1.600 mexicanos e 30 empresas presentes no Equador. Bárcena também disse que os dois países estabeleceram uma "pausa" nas conversas sobre comércio internacional.

O México e o Equador negociaram um tratado de livre comércio como condição para que o país sul-americano possa ingressar na Aliança do Pacífico, bloco formado pela Colômbia, Chile e Peru, e assim ter acesso ao mercado asiático. No entanto, Quito mantém negociações diretas com a China e outros países do continente.

O que aconteceu?

Na noite de sexta-feira, um grupo de policiais equatorianos invadiu a embaixada mexicana em Quito para capturar Glas, acusado de corrupção e refugiado desde dezembro, alegando perseguição política.

Horas antes, o ex-vice-presidente de 54 anos havia recebido asilo político. Após a invasão, o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, declarou na mesma noite de sexta-feira a imediata ruptura de relações.

O modo de agir do governo do Equador foi "prepotente e vergonhoso", escreveu o presidente mexicano na noite de domingo na rede social X. A invasão policial à embaixada, sem precedentes na história recente, foi condenada por diversos países das Américas, Espanha e União Europeia, e por organismos como a ONU e a OEA.

A Nicarágua também rompeu relações com o Equador, acusado de não ter respeitado "a inviolabilidade" das instalações diplomáticas consagrada na Convenção de Viena de 1961.

No domingo, o presidente da Bolívia, Luis Arce, expressou solidariedade a López Obrador em uma conversa telefônica e anunciou que convocou sua embaixadora no Equador, Segundina Flores.

A crise diplomática começou na quarta-feira, quando López Obrador estabeleceu um paralelo entre a violência que marcou a campanha presidencial equatoriana de 2023 e a criminalidade que ocorre no México em relação às eleições de 2 de junho.

Durante a campanha, o candidato Fernando Villavicencio foi assassinado. Segundo o presidente mexicano, o crime criou um "ambiente de violência" que fez a candidata de esquerda Luisa González cair nas pesquisas e o candidato Daniel Noboa crescer, resultando em sua vitória.

Quito declarou na quinta-feira a embaixadora mexicana como persona non grata, e López Obrador respondeu na sexta-feira concedendo asilo a Glas.

Ato ilícito

Noboa classificou essa proteção como um "ato ilícito" e defendeu a operação, alegando um "abuso das imunidades e privilégios" concedidos à missão diplomática.

Glas, que foi vice-presidente durante o governo de Rafael Correa (2013-2018), apareceu neste sábado com o rosto contorcido enquanto era conduzido com as mãos algemadas por guardas.

Ele foi transferido para uma prisão de segurança máxima em Guayaquil (sudoeste) conhecida como "La Roca" (A Rocha), segundo fontes no governo.

Correa, exilado na Bélgica desde 2017 e condenado à revelia a oito anos de prisão por corrupção, descreveu os eventos de sábado como uma "loucura" e afirmou que Glas "está com dificuldades para andar porque foi espancado".

O México, que por um século recebeu perseguidos políticos de diferentes países, só havia rompido relações com a Espanha de Francisco Franco, o Chile de Augusto Pinochet e a Nicarágua de Anastasio Somoza.

Com informações da AFP

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.