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EUA não veem razão para adiar envio de missão do Quênia ao Haiti

Após meses de espera, o Quênia anunciou nesta terça-feira (12) a suspensão do envio de policiais ao Haiti, no âmbito de uma missão internacional apoiada pela ONU. Os Estados Unidos minimizaram a decisão das autoridades do país africano, estimando que um acordo de transição poderia permitir o estabelecimento de um novo governo, como deseja Nairobi. 

Um membro de uma gangue atrás de uma barricada, em Porto Príncipe, Haiti, em 11 de março de 2024.
Um membro de uma gangue atrás de uma barricada, em Porto Príncipe, Haiti, em 11 de março de 2024. © Ralph Tedy Erol / Reuters
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“Houve uma mudança radical após o colapso total da lei e da ordem e a renúncia do primeiro-ministro do Haiti”, Ariel Henry, afirmou Korir Sing'oei, um alto funcionário do Ministério das Relações Estrangeiras do Quênia justificando a decisão do país africano de suspender a missão planejada previamente. Os EUA disseram que "não vêem razão para adiar a missão" policial liderada pelo Quênia.  

“É claro que eu ficaria preocupado com qualquer atraso, mas não achamos que um atraso seja necessário”, disse o porta-voz do Departamento de Estado americano, Matthew Miller, a repórteres esta tarde. 

Porto Príncipe tem calmaria inabitual 

Uma calmaria inusitada, em comparação aos dias anteriores de caos, reinou nesta terça-feira em Porto Príncipe, após o anúncio da renúncia do primeiro-ministro Ariel Henry, mas tiros ainda foram ouvidos. As autoridades têm dúvidas sobre a situação de paz aparente, num momento em que o país, devastado pela violência de gangues, passa por uma crise política e de segurança aguda. 

A decisão do Quênia de suspender o envio de agentes ao Haiti é um claro sinal de que a situação está longe de estar estabilizada.  

O primeiro-ministro haitiano, Ariel Henry, renunciou ao posto na madrugada de segunda para terça-feira (12), ao mesmo tempo que desafiava e enfrentava uma onda de violência de gangues no país. Ele não conseguiu voltar para casa depois da viagem ao Quênia e teve que permanecer em Porto Rico.  

O anúncio foi feito pelo atual presidente da Comunidade do Caribe (Caricom), Mohamed Irfaan Ali, durante reunião de emergência da organização na Jamaica com representantes da ONU, dos Estados Unidos e da França, além de membros de partidos políticos e da sociedade civil do Haiti.  

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, o presidente da Guiana, Irfaan Ali, e o primeiro-ministro jamaicano, Andrew Holness, participam de uma reunião de emergência sobre o Haiti durante a Conferência de Chefes de Governo da Comunidade do Caribe (CARICOM) em Kingston, Jamaica, em 11 de março de 2024.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, o presidente da Guiana, Irfaan Ali, e o primeiro-ministro jamaicano, Andrew Holness, participam de uma reunião de emergência sobre o Haiti durante a Conferência de Chefes de Governo da Comunidade do Caribe (CARICOM) em Kingston, Jamaica, em 11 de março de 2024. © Andrew Caballero-Reynolds / Reuters

Numa mensagem de vídeo, na noite de segunda-feira, Henry disse que continuaria a administrar os assuntos do dia a dia até que uma "transição do conselho presidencial" fosse implementada. 

O secretário-geral da ONU, António Guterres, fez um apelo às partes interessadas no Haiti para que “ajam com responsabilidade” e avancem para a implementação do acordo “a fim de restaurar as instituições democráticas do país através de eleições pacíficas, legítimas e inclusivas”. 

Um país sem governo

Sem presidente, nem Parlamento – o último chefe de Estado, Jovenel Moïse, foi assassinado em 2021 – o Haiti não tem eleições desde 2016. Ariel Henry, nomeado por Jovenel Moïse, deveria ter deixado o cargo no início de fevereiro. 

Gangues armadas assumiram o controle de áreas inteiras do país de 11,6 milhões de habitantes. Os confrontos com a polícia são regulares, atingindo locais estratégicos como o palácio presidencial, delegacias de polícia e prisões. 

Um poderoso líder de gangue, Jimmy Chérizier, também conhecido como "Barbecue", ameaçou recentemente uma "guerra civil" se Ariel Henry não renunciasse. 

Após meses de procrastinação, o Conselho de Segurança da ONU deu seu acordo em outubro para o envio de uma missão multinacional liderada pelo Quênia ao país. Medida que agora permanece incerta, com a decisão do governo queniano de suspender a ajuda de pessoal treinado em matéria de segurança.  

O Haiti continua hoje a ser o país mais pobre do continente americano. 

Nesta terça-feira, o chefe do Programa Alimentar Mundial da ONU (PMA) no Haiti, Jean-Martin Bauer, disse em comunicado que o país estava passando por "uma das mais graves crises alimentares do mundo - 1,4 milhão de haitianos estão à beira da fome".  

De acordo com a Organização Internacional para as Migrações, 362 mil pessoas estão atualmente deslocadas no Haiti, um número que aumentou 15% desde o início do ano. 

(Com AFP)

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