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Ex-militar e torturador argentino é condenado por sequestrar a própria sobrinha durante ditadura

Já cumprindo pena por participação na repressão da ditadura militar argentina, o ex-militar da reserva Adolfo Donda foi condenado nesta segunda-feira (4) a 15 anos de prisão como coautor do sequestro da sobrinha Victoria Donda, ex-deputada. Ela nasceu em um centro clandestino de tortura e os pais estão desaparecidos até hoje.

Imagem de arquivo mostra integrantes do movimento Mães da Praça de Maio, em manifestação em Buenos Aires (24/03/24).
Imagem de arquivo mostra integrantes do movimento Mães da Praça de Maio, em manifestação em Buenos Aires (24/03/24). AFP/Archivos
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O Tribunal Oral Federal 6 de Buenos Aires o considerou "participante necessário penalmente responsável pelo delito de subtração de menor de 10 anos em concurso ideal com sua retenção e ocultação", em uma sentença cujos fundamentos serão conhecidos em 6 de maio.

"Embora eu ainda não saiba onde estão meus pais, sei que a partir de hoje eles descansam em paz", escreveu Victoria Donda em sua conta na rede social X, minutos depois da condenação ser conhecida.

María Hilda "Cori" Pérez e José Laureano Donda foram sequestrados em março de 1977 e estão desaparecidos desde então. No momento do sequestro, Pérez estava grávida e deu à luz Victoria no centro clandestino de detenção da antiga Escola de Mecânica da Marinha (ESMA).

O tribunal considerou que Adolfo Donda, irmão de José, foi coautor da posterior apropriação da criança pelo suboficial Juan Antonio Azic, condenado por crimes de lesa-humanidade e atualmente em prisão domiciliar.

Adolfo Donda recebeu a sentença no presídio de Ezeiza, no oeste de Buenos Aires, onde cumpre pena de prisão perpétua por crimes de lesa-humanidade cometidos na ESMA.

A advogada da vítima, Carolina Vilella, disse à AFP que a pena recebida é a máxima para esse tipo de delitos e considerou que a sentença "é motivo de celebração".

Militantismo

Victoria Donda recuperou sua identidade em 2004, foi deputada nacional de 2007 a 2019 e, de 2019 a 2022, foi titular do Instituto Nacional contra a Discriminação, a Xenofobia e o Racismo (Inadi), que foi fechado no mês passado pelo governo de Javier Milei, aguardando uma auditoria.

A sentença é "de suma importância pelo momento lamentável que estamos vivendo, onde existem negacionistas dos fatos ocorridos na última ditadura cívico-militar na Argentina", afirmou Villella, destacando que "demonstra que as evidências são tão contundentes que não há possibilidade de retrocesso nesse assunto".

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