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Aposentada de 91 anos que tirou Trump das eleições no Colorado luta para torná-lo inelegível

Aos 91 anos, Norma Anderson conhece bem a Constituição dos EUA: como legisladora, a ex-senadora pelo estado do Colorado frequentemente a consultou ao longo de sua longa carreira no Partido Republicano, e mantém cópias dela em sua bolsa e perto de sua televisão.

Norma Anderson, a principal demandante no processo que busca tornar Donald Trump inelegível, fala à imprensa em frente à Suprema Corte dos EUA, em 8 de fevereiro de 2024.
Norma Anderson, a principal demandante no processo que busca tornar Donald Trump inelegível, fala à imprensa em frente à Suprema Corte dos EUA, em 8 de fevereiro de 2024. AFP - ROBERTO SCHMIDT
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Foi assim que, em 6 de janeiro de 2021, quando os apoiadores de Donald Trump invadiram o Capitólio, em Washington, na tentativa de impedir a transferência de poder para o democrata Joe Biden, ela marcou a página da 14ª emenda, que prevê a inelegibilidade de funcionários públicos por atos de "rebelião".

"Naquela noite, reli essa parte", ela contou à agência AFP por videoconferência, de sua casa no Colorado .

Essa conservadora de longa data, eleita por 20 anos sob o rótulo do "Grande e Velho Partido", tirou uma conclusão disso.

"Trump nunca mais deveria ser presidente, porque ele violou a Constituição e tentou derrubar uma eleição", ela acredita. "Para mim, isso significa que nossa democracia está em perigo se ele for eleito."

A aposentada se tornou a principal - e inesperada - demandante de um processo movido por uma associação, que levou a Justiça do Colorado a ordenar a remoção de Donald Trump das cédulas de voto no estado.

Uma decisão fortemente contestada pelo ex-presidente, que está exigindo urgentemente à Suprema Corte que a anule, antes da primária do Colorado marcada para 5 de março para escolher o candidato republicano à Casa Branca.

"Esperança"

Observado por outros estados e potencialmente explosivo, este caso foi examinado no início de fevereiro pela mais alta corte do país, que deve decidir a questão nos próximos dias ou semanas.

Durante a audiência, os juízes pareceram céticos em relação a este procedimento sem precedentes, baseado em uma disposição amplamente esquecida. Mas isso não desencorajou a senhora Anderson.

"Sou uma daquelas pessoas que sempre têm esperança, até que lhes digam não", sorri a ex-legisladora, a primeira mulher a se tornar líder dos legisladores republicanos no parlamento do Colorado.

A 14ª emenda foi adotada em 1868, após a Guerra Civil, para impedir que os sulistas confederados envolvidos na guerra fossem eleitos. O texto exclui das mais altas funções públicas qualquer pessoa que tenha se envolvido em atos de "rebelião", depois de prestar juramento à Constituição.

Mas as discussões perante a Suprema Corte não exploraram o terreno minado do que constitui ou não uma rebelião, nem a avaliação das ações de Donald Trump.

Os juízes concentraram suas perguntas principalmente em objeções formais, parecendo querer evitar qualquer acusação de interferência eleitoral. Eles enfatizaram particularmente um obstáculo central: o Colorado pode decidir sozinho desqualificar um candidato à presidência?

"Eles não deveriam se preocupar com isso", responde Anderson, observando que na América, "cada estado administra as eleições e aprova quem está nas cédulas de voto."

"Como Putin"

Além dos candidatos republicano e democrata, candidatos independentes às vezes se apresentam para a presidência em alguns estados, sem poder concorrer em todo o país, ela lembra.

"O que faz com que um republicano ou um democrata seja melhor do que um candidato independente?", ela pergunta. "Nada. Todos deveríamos ser tratados igualmente."

Para Anderson, a postura de Donald Trump, que ainda falsamente afirma que a eleição de 2020 lhe foi roubada e fala abertamente sobre "punição" em caso de retorno à Casa Branca, é inequívoca.

"Nossos pais fundadores não seriam brandos com ele. Provavelmente o mandariam para a prisão", ela declara. "Ele gosta de ser como Putin, ou como um rei. (...) Seu comportamento prova isso, tudo o que ele diz prova isso."

Desde sua ação judicial, a equipe de campanha de Donald Trump a retrata como uma "RINO", um acrônimo pejorativo para aqueles que seriam "republicanos só no nome".

Isso não faz a nonagenária se abalar, ela foi eleita no Colorado entre 1986 e 2006. Anderson diz se concentrar nos "parabéns de estranhos de todo o país" e às vezes é abordada por transeuntes para uma foto, quase 20 anos após sua aposentadoria política.

"Pelo menos chamamos a atenção para o que é Donald Trump", diz ela, satisfeita.

(Com AFP)

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