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Processos contra Trump se multiplicam nos EUA mas não influenciam sua popularidade

O ex-presidente americano Donald Trump e seus dois filhos podem ser multados em US$ 370 milhões se forem condenados por fraude financeira. A sentença pode ser anunciada ainda nesta sexta-feira (16) pelo juiz Arthur Engoron, do tribunal civil de Nova York e acontece um dia depois da Justiça nova-iorquina anunciar que Trump será o primeiro ex-presidente americano a enfrentar um julgamento criminal.

Foto de um comício de Trump em Charleston, em 14 de fevereiro.
Foto de um comício de Trump em Charleston, em 14 de fevereiro. REUTERS - SAM WOLFE
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O ex-presidente dos Estados Unidos, seus filhos Donald Trump Jr. e Eric Trump compareceram às audiências do julgamento civil entre outubro e janeiro. Eles foram acusados de terem inflado o valor dos ativos da fortuna do ex-presidente americano. 

A democrata Letitia James, procuradora-geral do estado de Nova York, entrou com uma ação civil no outono de 2022 contra o ex-presidente por fraude financeira e pede US$ 370 milhões em indenizações.

A sentença do tribunal civil de Manhattan também pode afastar a família Trump do controle de seus negócios e ativos imobiliários em Nova York. Ao contrário dos outros julgamentos criminais que enfrenta, Trump não corre o risco de ser condenado a penas de prisão neste caso.

Trump e seus dois filhos são acusados de terem superfaturado o valor de prédios, hotéis de luxo e campos de golfe em todo o mundo na década de 2010. O objetivo era obter empréstimos mais favoráveis de bancos e melhores condições das seguradoras.

Antes mesmo do julgamento, de outubro a janeiro, a Justiça do estado de Nova York já havia concluído que havia evidências de fraude. O magistrado considerou que a procuradora-geral do estado de Nova York, Letitia James, apresentou "evidências conclusivas de que, entre 2014 e 2021, os réus tinham superfaturado os ativos" do grupo de "US$ 812 milhões para US$ 2,2 bilhões" durante a década de 2010.

Para punir as fraudes reincidentes, o juiz ordenou a liquidação das empresas que gerenciam os ativos, como a Trump Tower, mas a decisão foi suspensa em segunda instância.

Julgamento criminal

Nesta quinta-feira (15), em outro processo, o juiz de Nova York Juan Merchan anunciou que Donald Trump será o primeiro ex-presidente dos Estados Unidos a enfrentar um julgamento criminal, a partir de 25 de março. Ele é acusado de ter comprado o silêncio de uma atriz pornô.

A decisão, que confirmou a data de início do julgamento, foi anunciada em meio à campanha eleitoral de Trump. O ex-presidente pretende retornar à Casa Branca, mas corre o risco de ser considerado inelegível pelo seu envolvimento nos ataques ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021.

"Há muitos aspectos que devem ser considerados", disse Merchan, que rejeitou os pedidos para adiar o início do julgamento. O caso "nunca teria sido apresentado" se eu não estivesse "me candidatando" à presidência, declarou Trump em sua rede social Truth antes da audiência no Tribunal de Distrito de Manhattan, nesta quinta-feira.

Até agora, os diversos casos judiciais enfrentados pelo ex-presidente – alvo de 91 acusações criminais - não influenciaram sua popularidade. As pesquisas o apontam como favorito em um possível confronto contra o atual presidente Joe Biden em novembro.

Mais de 30 acusações

Trump é indiciado por 34 acusações relacionadas ao pagamento, em 2016, de US$ 130 mil (R$ 453 mil) à estrela de filmes pornôs Stormy Daniels, cujo nome real é Stephanie Clifford. O ex-presidente queria que ela guardasse silêncio sobre uma suposta relação extraconjugal ocorrida em 2006 e que o político sempre negou.

Os pagamentos em si não são ilegais, mas Trump os registrou como "honorários legais" nas contas de sua empresa, a Trump Organization.

De acordo com documentos judiciais, o magnata também comprou o silêncio de "terceiros" pelo menos mais duas vezes. Trump pagou US$ 30.000 (R$ 149 mil) a um porteiro da Trump Tower que afirmava ter informações sobre um filho do magnata, que nasceu de uma relação extraconjugal, e outros US$ 150.000 (R$ 745 mil) a uma mulher que afirmava ter tido um caso com ele.

O ex-presidente se declarou inocente das acusações em 4 de abril do ano passado e se considera vítima de uma "caça às bruxas" para impedir seu retorno à Casa Branca. O bilionário vem criticando o juiz Merchan, que já instruiu em 2022 outro caso contra a empresa familiar por fraude fiscal. "Ele me odeia", afirmou na Truth Social.

Os especialistas não acreditam que seja fácil para a promotoria provar as acusações contra o ex-presidente e dificilmente ele será condenado a uma pena de prisão.

Eleições de 2020

Os advogados de Trump também o representaram nesta quinta-feira (15) em Atlanta, Geórgia, onde ele foi acusado de conspirar para interferir na eleição de 2020, quando foi derrotado por Biden.

O objetivo da audiência era desqualificar a promotora Fani Willis por um suposto relacionamento com outro promotor e pedir o arquivamento das acusações contra o ex-presidente. O promotor Nathan Wide, que foi obrigado a depor, afirmou que sua relação com Fani começou em março de 2022.

A promotora negou que seu relacionamento com Wade tenha começado antes de ele ser contratado para trabalhar no caso. 

Willis admitiu o relacionamento e negou na audiência de quinta-feira uma conduta profissional inapropriada. Ela acusou os advogados do ex-presidente republicano de divulgar "mentiras".  "É extremamente ofensivo", declarou, depois de ser obrigada a revelar detalhes de sua vida particular no tribunal, em um processo com transmissão pela TV.

O ex-presidente também pode enfrentar outro possível julgamento em Washington. Este processo na Justiça Federal deveria começar em 4 de março, mas foi adiado para avaliar a eventual imunidade penal do ex-presidente neste caso em que ele é acusado de conspiração para reverter os resultados da eleição de 2020.

Com informações da AFP

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