Acessar o conteúdo principal

Rafael Correa apoia medidas de Noboa, mas critica falta de "preparo" para enfrentar violência no Equador

Os ex-presidentes do Equador Rafael Correa (2007-2017) e Lucio Gutiérrez (2003-2005) disseram à RFI que apoiam o decreto de estado de "conflito armado interno" do presidente Daniel Noboa, que permite mobilizar as Forças Armados no território nacional e tomar medidas contra facções criminosas de mais de 20 mil membros. Mas Correa questiona a capacidade do atual presidente para conter a crise e se colocou à disposição para ajudar a construir um "governo de consenso nacional".

O ex-presidente socialista do Equador, Rafael Correa.
O ex-presidente socialista do Equador, Rafael Correa. © AP/Francisco Seco
Publicidade

 

As facções criminosas vêm dando uma demonstração de força no Equador, desde domingo (7), em retaliação aos planos do presidente Daniel Noboa, que pretende endurecer a luta contra o narcotráfico. Motins em penitenciárias deixaram mais de uma centena de policiais e funcionários reféns, uma emissoras de tevê foi atacada e conflitos entre quadrilhas armadas rivais deixaram 14 mortos.

“O Presidente Noboa tem todo o nosso apoio nesta luta contra o crime organizado que declarou guerra ao país. O decreto de emergência que ele emitiu declarando conflito interno, que autoriza as Forças Armadas a enfrentar estes grupos  com toda a força e capacidade, mesmo letal, é a coisa certa a fazer", disse à RFI Rafael Correa.

“É constitucional, legal e mostra que as Forças Armadas sempre podem ser utilizadas para combater o crime organizado", disse, rebatendo as afirmações dos governos anteriores de Lenín Moreno e de Guillermo Lasso, que afirmaram que a medida não poderia ter sido adotada.

“Hoje devemos deixar de lado diferentes ideologias políticas, diferenças e interesses partidários. Hoje o país é quem está em perigo. Hoje o país deve estar solidamente unido e apoiar o governo nacional, apoiar as nossas Forças Armadas e tem havido uma excelente resposta da Assembleia Nacional", disseo ex-presidente Lucio Gutiérrez.  "Apoiamos por unanimidade este decreto de conflito armado interno e acho que terá resultados realmente positivos para o benefício de todos os equatorianos", disse. 

"A paz voltará, a calma voltará ao Equador, recuperaremos as instituições democráticas que estão gravemente afetadas, virão reformas, virão leis muito mais rigorosas contra o crime, contra o tráfico de drogas”, declarou à RFI.

Governo de consenso nacional

​Apesar de apoiar o decreto, Correia também criticou a fragilidade do novo governo. O ex-presidente de esquerda questionou a capacidade de Noboa de conter a crise. 

“Parte da honestidade intelectual e geral é aceitar a responsabilidade, se você estiver preparado para isso. Queria ser presidente da República, mas é evidente que Daniel Noboa não tem preparação para isso e tem enfrentado um enorme desafio. O que está acontecendo não é culpa dele, não se pode pedir que mude as coisas em seis semanas. Mas ele não está preparado para isso e a equipe de governo também é extremamente fraca e deve ser um esforço de equipe", criticou. 

"Alguém deve ser responsável pelo controle das prisões, outros pela gestão da polícia, outros pelas Forças Armadas, outros pela inteligência militar, outros pela coordenação com a Colômbia, de onde vêm as drogas. E essa equipe de governo não existe”, observou.

Ao mesmo tempo, Rafael Correa ofereceu que membros do seu partido se juntassem ao governo de Noboa.

“O nosso grupo é o maior do Legislativo (…) E se você quer fortalecer a equipe de governo, você tem todo o nosso contingente humano, porque infelizmente é um governo novo, é um presidente bastante jovem, filho do homem mais rico do país, que teve o desejo de comprar a presidência e tinha milhões para fazer isso", disse. 

"Todas as forças políticas estão oferecendo apoio, ele tem a oportunidade de formar um governo de consenso nacional com os melhores elementos do país ou pelo menos um conselho consultivo de pessoas com experiência e que saibam lutar contra a violência", frisou.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.