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Equador em emergência: policiais são sequestrados em meio às buscas pelo maior narcotraficante do país

Poucas horas depois do presidente equatoriano Daniel Noboa decretar estado de emergência no Equador por 60 dias, devido à fuga da prisão, em Guayaquil, do maior narcotraficante do país, quatro policiais equatorianos foram sequestrados nas últimas horas. Três agentes que estavam em serviço foram capturados em Machala, no sudoeste do Equador, e um em Quito. 

Em meio ao estado de emergência após a fuga do líder do maior grupo do narcotráfico de uma penitenciária de Guayaquil, quatro policiais foram sequestrados nas últimas horas.
Em meio ao estado de emergência após a fuga do líder do maior grupo do narcotráfico de uma penitenciária de Guayaquil, quatro policiais foram sequestrados nas últimas horas. AFP - FERNANDO MACHADO
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O Ministério Público equatoriano apresentou acusações contra dois funcionários do presídio que estariam envolvidos na fuga de Adolfo Macías, conhecido como Fito, de 44 anos, líder do temido grupo Los Choneros. O grupo disputa rotas do tráfico de drogas com outras gangues, que mantêm conexões com cartéis do México e da Colômbia.

Adolfo Macías cumpria pena de 34 anos de prisão por crime organizado, narcotráfico e homicídio desde 2011. O chefe da principal gangue criminosa do Equador já tinha escapado uma vez, em 2013. O grupo de tráfico que ele dirige tem oito mil criminosos, segundo estimam especialistas.

O presidente Noboa enviou o Exército às ruas e também aos presídios. O secretário de Comunicação do governo, Roberto Izurieta, lamentou o elevado nível de infiltração de grupos criminosos no Estado e nas penitenciárias. 

A fuga e as buscas

O chefe do tráfico equatoriano fugiu no domingo (7) de uma prisão em Guayaquil (no sudoeste). A fuga de Fito foi seguida de revoltas em prisões.

As forças de segurança "estão trabalhando arduamente para encontrar esse indivíduo extremamente perigoso", que supostamente fugiu "algumas horas" antes de uma inspeção na prisão, disse o secretário Izurieta, que descreveu o sistema prisional do Equador como um "fracasso".

"A busca por (Fito) continua (...) Ele será encontrado, ele deve ser encontrado", disse Roberto Izurieta, descrevendo-o como "um criminoso com particularidades extremamente perigosas, cujas atividades têm características de terrorismo".

"Não negociaremos com terroristas e não pararemos até que tenhamos restaurado a paz para todos os equatorianos", insistiu o presidente Noboa.

Após a declaração do estado de emergência, a polícia também relatou violência na província de Esmeraldas (noroeste), controlada por gangues. Um dispositivo explosivo foi lançado perto de uma delegacia de polícia e dois veículos foram incendiados, sem causar vítimas.

Policiais e militares entraram em várias prisões fortemente armados, inclusive naquelas onde os guardas haviam sido mantidos em cativeiro.

Imagens postadas em redes sociais, que não puderam ser verificadas, mostravam guardas sendo mantidos sob a mira de facas por homens encapuzados, pedindo ao governo que "agisse com cautela" e "não enviasse tropas para as prisões".

Mais tarde, vídeos divulgados pelo exército mostraram presos deitados nos pátios da prisão com as mãos na cabeça. A administração da prisão disse que ninguém havia se ferido em decorrência desses "incidentes".

Recuperando o controle

"Tomamos medidas que nos permitirão recuperar o controle" das prisões, enfatizou o presidente Noboa, sem detalhar as ações.

O nome "Fito" esteve nas manchetes nos últimos meses após o assassinato, no início de agosto, de um dos principais candidatos à eleição presidencial. A vítima, Fernando Villavicencio, um ex-jornalista e membro do parlamento, havia relatado ameaças de morte feitas pelo líder dos Choneros pouco antes de sua execução.

Com sua grande barba, "Fito", conhecido por ser muito carismático, estudou direito na prisão até se qualificar como advogado. Uma canção em sua homenagem feita por um grupo mexicano, com um videoclipe e imagens filmadas em sua cela, foi postada recentemente nas redes sociais.

O Equador se tornou um centro de logística para remessas de cocaína para os Estados Unidos e a Europa, e é devastado pela violência das gangues e das drogas. Os homicídios aumentaram em quase 800% entre 2018 e 2023, de 6 para 46 por 100 mil habitantes.

As prisões têm sido palco de massacres recorrentes entre gangues rivais, pelo menos uma dúzia desde fevereiro de 2021, que deixaram mais de 460 detentos mortos.

Noboa foi eleito no outono de 2023 com a promessa de conter a insegurança no país e recuperar o controle das prisões.

(Com informações da AFP)

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