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Biden foca comício em ataques diretos a Trump, que aguarda aval da Justiça para concorrer à eleição

A pré-campanha eleitoral nos Estados Unidos se transforma cada dia mais num confronto direto entre o atual presidente, Joe Biden, e o ex-presidente republicano Donald Trump - mesmo que o magnata ainda não tenha a pré-candidatura validada pela Justiça americana. Nesta sexta-feira (5), em um comício na Pensilvânia, o presidente democrata se mostrou combativo: acusou Trump de utilizar "a linguagem da Alemanha nazista" e de representar uma ameaça à democracia.

Joe Biden relançou a campanha nesta sexta e focou em ataques contra Donald Trump. (05/01/2024)
Joe Biden relançou a campanha nesta sexta e focou em ataques contra Donald Trump. (05/01/2024) AP - Stephanie Scarbrough
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"Não há confusão sobre quem é Trump e o que ele pretende fazer", declarou Biden no discurso, que estava programado para sábado (6), mas foi antecipado em um dia devido a uma tempestade de inverno iminente.

Ele disse que o ex-presidente republicano "está disposto a sacrificar nossa democracia e assumir o poder" com uma campanha "obcecada com o passado, não com o futuro".

Trump, favorito à indicação republicana para as eleições presidenciais de novembro, já afirmou várias vezes que os imigrantes que entram ilegalmente no país "estão envenenando o sangue" dos americanos. Os comentários resultaram em comparações com Adolf Hitler e o fascismo.

O líder ultraconservador "postou com orgulho nas redes sociais as palavras que melhor definem sua campanha de 2024", ou seja, "vingança", "poder", "ditadura", acrescentou.

Ataques ao Capitólio

Biden, de 81 anos, escolheu um local simbólico para seu discurso perto de Valley Forge, onde George Washington reagrupou as forças americanas durante a guerra de independência, há quase 250 anos. O presidente democrata afirmou que Trump não conseguiu evitar o ataque de uma multidão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021 e acusou o magnata e seus apoiadores de continuarem abraçando a "violência política" antes das eleições de 2024.

Trump foi absolvido em dois julgamentos políticos por seu suposto papel no ataque ao Capitólio, um assunto polêmico nos Estados Unidos: um quarto dos americanos acredita, sem provas, que o FBI estava por trás da insurreição, segundo uma pesquisa do Washington Post e da Universidade de Maryland publicada esta semana.

O discurso de Biden mostra que ele encara a corrida presidencial como uma eleição direta entre ele e Trump, apesar de as primárias para escolher o candidato republicano começarem em 15 de janeiro e durarem meses. O democrata ainda chamou seu rival, que lidera as pesquisas de intenção de voto, de "perdedor" e "doente".

‘Joe Canalha’

Em um comício pouco depois em Iowa, o magnata também não poupou 'elogios' ao presidente. "O histórico de Biden é uma sequência ininterrupta de fraqueza, incompetência, corrupção e fracasso [...] Por isso, Joe, o Canalha, organizou hoje um ato de campanha patético, difundindo medo na Pensilvânia", afirmou.

O republicano reiterou que, se vencer as eleições, aplicará uma política migratória rigorosa. "Vou parar a invasão em nossa fronteira sul e vou começar a maior operação de deportação interna na história dos Estados Unidos", salientou, a seus seguidores, sem levar em conta as acusações criminais que pesam sobre ele por supostamente tentar alterar os resultados das eleições de 2020.

Nesta sexta, a Suprema Corte dos Estados Unidos aceitou analisar o recurso de Donald Trump contra uma decisão da maior instância judicial do Colorado que o afastaria das prévias no estado. Composta por uma maioria de juízes conservadores, entre eles três nomeados pelo ex-presidente, a corte deve discutir o caso no próximo dia 8 de fevereiro.

No mês passado, a Suprema Corte do Colorado proibiu Trump de figurar nas cédulas das eleições primárias republicanas nesse estado devido ao seu suposto papel no ataque ao Capitólio em Washington, realizado por seus apoiadores há exatos três anos, em 6 de janeiro de 2021.

Os advogados dele pediram à Suprema Corte federal que anulasse a decisão da regional, argumentando que, "caso seja mantida, marcará a primeira vez na história dos Estados Unidos que uma decisão judicial impedirá os eleitores de votarem no principal candidato de um dos principais partidos".

Fragilidades da campanha de Biden

Joe Biden está ciente de que seu nível de aprovação entre a opinião pública é catastrófico e que alguns democratas o criticam por demorar a iniciar a campanha. Ele não conseguiu convencer os eleitores de que a economia está melhorando, e ele mesmo reconheceu nesta sexta-feira, em um comunicado, que "alguns preços ainda estão muito altos para muitos americanos".

O líder enfrenta ainda outros obstáculos, como a imigração, a divisão em seu partido por seu apoio à guerra de Israel contra o movimento islâmico palestino Hamas ou o bloqueio no Congresso a seu pedido de mais ajuda financeira para a Ucrânia.

Mas talvez a maior vulnerabilidade de Biden seja sua idade, principalmente depois de uma série de quedas e gafes. Na segunda-feira, ele continuará tentando impulsionar sua campanha com uma visita a uma igreja na Carolina do Sul, onde um supremacista branco matou a tiros nove fiéis negros em 2015.

Com informações da AFP

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