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“O governo decidiu declarar guerra”, diz sindicalista sobre protestos na Argentina

Poucos dias depois de tomar posse como presidente da Argentina, o ultraliberal Javier Milei enfrenta um novo protesto contra as medidas de ajuste econômico impostas com o objetivo de equilibrar as contas do país. O Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Estado convocou um "Dia Nacional de Luta" para esta sexta-feira (22). 

Manifestantes em frente ao Congresso argentino. Em 21 de dezembro de 2023, em Buenos Aires, após o anúncio de Javier Milei de uma desregulamentação da economia.
Manifestantes em frente ao Congresso argentino. Em 21 de dezembro de 2023, em Buenos Aires, após o anúncio de Javier Milei de uma desregulamentação da economia. AP - Rodrigo Abd
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“Em princípio, é a primeira resposta ao que chamamos de um ajustamento brutal e regressivo às custas dos trabalhadores, dos aposentados e dos setores populares”, explicou Rodolfo Aguilar, secretário-geral da Associação dos Trabalhadores do Estado (ATE) em entrevista à RFI.

Para Rodolfo Aguilar, “o governo decidiu declarar guerra, anunciando que vai combater o emprego militante e, claro, referindo-se ao fato de que vai realizar demissões em massa em todas as áreas do Estado, além de privatizar, transferindo inúmeras empresas públicas para as mãos do setor privado”. 

A Argentina tem tido protestos em várias cidades, desde que o governo anunciou uma série de medidas para desregular a economia e a revogação de leis federais, acenando com possibilidade de privatizações em vários setores.  

“Diante disso, decidimos realizar a primeira demonstração de força nacional, na tentativa de barrar políticas que até agora destruíram o poder de compra dos salários e de todas as reformas”, acrescenta Aguilar. “Nossa economia vai cair”, completa. 

Ao todo, o governo de Javier Milei anunciou mais de 300 medidas que provocam mudanças radicais no país e vêm sendo chamadas pela imprensa local de "terapia de choque". O pacote é uma tentativa do novo governo ultraliberal de desbloquear o crescimento do país e de cumprir promessas de campanha, como reduzir a inflação e diminuir a pobreza.  Setor imobiliário, turismo, supermercados, saúde e outros estão entre os atingidos pelas novas normas.  

"Os cortes são nos direitos dos trabalhadores" 

Na noite de quinta-feira (21), centenas de argentinos foram às ruas pelo segundo dia consecutivo. "Tínhamos sofrido no governo anterior com a falta de respostas às principais reivindicações dos trabalhadores", admite o sindicalista, questionado se os argentinos estão protestando contra o legado do governo passado ou pelo que vem pela frente.

Segundo ele, "o governo anterior terminou com 45% de pobreza, metade dos trabalhadores na informalidade, 60% de todos os assalariados formais pobres e 80% de aposentados abaixo da linha da pobreza". Agora, diz, "o governo Milei pretende aplicar um programa de ajuste e nos mentiram, porque a motosserra, os cortes, estão longe de passar pela política e estão sendo aplicados contra o povo e seus direitos”, explica Aguilar. 

Protestos pacíficos e um "panelaço" foram vistos em frente ao Congresso nacional.  Além da capital, Buenos Aires, houve marchas em Mar del Plata, Bariloche, San Miguel, Mendoza, entre outras cidades. A praça 25 de maio, em Rosário, local tradicional de protestos, também ficou cheia.  

A oposição pretende ir à Justiça para frear as medidas e o governo promete punir manifestantes. Mas essa ameaça não parece diminuir a força das manifestações. “A verdade é que estão nos levando para o pior do inferno, porque dentro de muito pouco tempo, teremos uma economia que vai entrar em colapso. Com o aumento da inflação, ficará impossível para homens e mulheres argentinos”, finaliza Rodolfo Aguilar. 

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