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EUA: Eleitores vão às urnas em Ohio para decidir sobre proteção do direito ao aborto

O estado norte-americano de Ohio, controlado pelos republicanos, vota nesta terça-feira (7) para decidir se inclui a proteção do direito ao aborto em sua Constituição, uma votação-teste que será acompanhada de perto por todo o país. Para os defensores do aborto, deve-se assinalar “sim” para evitar que o Estado interfira em uma “decisão pessoal”; para seus oponentes, deve-se marcar “não” a um texto que “vai longe demais”.

Eleitores em Ohio decidirão nesta terça-feira (7) se garantem o direito ao aborto no estado.
Eleitores em Ohio decidirão nesta terça-feira (7) se garantem o direito ao aborto no estado. © Megan JELINGER / AFP
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Ambos os lados travaram uma campanha feroz estimada em milhões de dólares, e seus voluntários bateram em milhares de portas para mobilizar os residentes pela causa.

Desde que a Suprema Corte anulou, em 2022, a decisão que garantia o direito federal das mulheres americanas de interromper a gravidez, a questão do direito ao aborto voltou à esfera dos estados. Muitos restringiram ou proibiram o direito, enquanto outros estados o reforçaram.

No ano passado, muitos votos foram sistematicamente conquistados por apoiadores do direito ao aborto, mesmo em estados conservadores e para grande surpresa dos republicanos.

Casos de estupro e incesto

O assunto mobilizou fortemente os eleitores. E mesmo entre os americanos que não se identificam como progressistas, alguns consideraram as proibições decididas por diversos estados muito radicais.

Em Ohio, uma tentativa da direita de complicar a organização e a adoção de referendos, em que o aborto seria uma das pautas, fracassou em agosto. Os defensores do aborto conseguiram reunir, nos últimos meses, centenas de milhares de assinaturas para apresentar à população uma alteração constitucional que consagra o direito ao aborto.

Lorie McLain, 61, deixa um panfleto pedindo um voto “sim” para garantir o direito ao aborto na constituição de Ohio.
Lorie McLain, 61, deixa um panfleto pedindo um voto “sim” para garantir o direito ao aborto na constituição de Ohio. © Megan JELINGER / AFP

Tratava-se também de contrariar uma lei que entrou em vigor após a decisão da Suprema Corte que proíbe a maioria dos abortos - mesmo em casos de estupro ou incesto - assim que for detectado um batimento cardíaco. Isto é, cerca de seis semanas, muitas vezes antes mesmo de a mulher saber que está grávida.

Esta legislação está suspensa no momento devido a uma batalha legal. Atualmente, o aborto é legal em Ohio até aproximadamente 22 semanas de gravidez. Mas no curto espaço de tempo em que a lei ultra restritiva entrou em vigor, uma menina de 10 anos que engravidou após ser vítima de um estupro teve de viajar para o estado vizinho de Indiana para fazer um aborto, um caso que chocou todo o país.

“Desinformação”

A votação termina na noite desta terça-feira, mas os eleitores de Ohio votam por antecipação há semanas. A alteração prevê que cada indivíduo tenha “o direito de tomar e implementar suas próprias decisões” em questões como o aborto, a contracepção e o tratamento relacionado com a fertilidade ou abortos espontâneos.

Para os opositores, como o governador republicano Mike DeWine, isto abriria um precedente para o aborto “em qualquer momento da gravidez” e para a possibilidade de menores poderem fazer um aborto sem o conhecimento dos pais. O campo adversário nega categoricamente e denuncia a “desinformação”.

Alguns moradores disseram ainda estar indecisos na véspera da votação. Matthew Hartman, 20 anos, estudante da Universidade Estadual de Ohio, disse que, como cristão, ele “orou” e “fez pesquisas” para chegar à decisão certa. Ele diz que está inclinado para o “sim” porque pensa, em particular, que as mulheres que ficam grávidas após serem vítimas de um estupro não devem ser forçadas a ter o filho.

“Mas acredito nas decisões de Deus. Portanto, isso é algo que, como cristão, tenho que resolver por mim mesmo”, ele explicou.

Pessoas contrárias ao aborto participam de uma reunião em Columbus, Ohio.
Pessoas contrárias ao aborto participam de uma reunião em Columbus, Ohio. © MEGAN JELINGER / AFP

Cannabis

Americanos também decidem sobre a questão do aborto  em outras duas eleições que acontecem nesta terça-feira nos Estados Unidos. No estado conservador de Kentucky, o governador democrata Andy Beshear, candidato à reeleição, fez do direito ao aborto um campo de batalha contra o republicano Daniel Cameron.

Já na Virgínia, onde ocorrem eleições legislativas, se os republicanos vencerem, isso poderá permitir que o governador republicano Glenn Youngkin tente impor restrições ao aborto.

Além disso, ao mesmo tempo que votará sobre o aborto, Ohio votará sobre a legalização da cannabis.

(Com informações da AFP)

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