EUA: Eleitores vão às urnas em Ohio para decidir sobre proteção do direito ao aborto
O estado norte-americano de Ohio, controlado pelos republicanos, vota nesta terça-feira (7) para decidir se inclui a proteção do direito ao aborto em sua Constituição, uma votação-teste que será acompanhada de perto por todo o país. Para os defensores do aborto, deve-se assinalar “sim” para evitar que o Estado interfira em uma “decisão pessoal”; para seus oponentes, deve-se marcar “não” a um texto que “vai longe demais”.
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Ambos os lados travaram uma campanha feroz estimada em milhões de dólares, e seus voluntários bateram em milhares de portas para mobilizar os residentes pela causa.
Desde que a Suprema Corte anulou, em 2022, a decisão que garantia o direito federal das mulheres americanas de interromper a gravidez, a questão do direito ao aborto voltou à esfera dos estados. Muitos restringiram ou proibiram o direito, enquanto outros estados o reforçaram.
No ano passado, muitos votos foram sistematicamente conquistados por apoiadores do direito ao aborto, mesmo em estados conservadores e para grande surpresa dos republicanos.
Casos de estupro e incesto
O assunto mobilizou fortemente os eleitores. E mesmo entre os americanos que não se identificam como progressistas, alguns consideraram as proibições decididas por diversos estados muito radicais.
Em Ohio, uma tentativa da direita de complicar a organização e a adoção de referendos, em que o aborto seria uma das pautas, fracassou em agosto. Os defensores do aborto conseguiram reunir, nos últimos meses, centenas de milhares de assinaturas para apresentar à população uma alteração constitucional que consagra o direito ao aborto.
Tratava-se também de contrariar uma lei que entrou em vigor após a decisão da Suprema Corte que proíbe a maioria dos abortos - mesmo em casos de estupro ou incesto - assim que for detectado um batimento cardíaco. Isto é, cerca de seis semanas, muitas vezes antes mesmo de a mulher saber que está grávida.
Esta legislação está suspensa no momento devido a uma batalha legal. Atualmente, o aborto é legal em Ohio até aproximadamente 22 semanas de gravidez. Mas no curto espaço de tempo em que a lei ultra restritiva entrou em vigor, uma menina de 10 anos que engravidou após ser vítima de um estupro teve de viajar para o estado vizinho de Indiana para fazer um aborto, um caso que chocou todo o país.
“Desinformação”
A votação termina na noite desta terça-feira, mas os eleitores de Ohio votam por antecipação há semanas. A alteração prevê que cada indivíduo tenha “o direito de tomar e implementar suas próprias decisões” em questões como o aborto, a contracepção e o tratamento relacionado com a fertilidade ou abortos espontâneos.
Para os opositores, como o governador republicano Mike DeWine, isto abriria um precedente para o aborto “em qualquer momento da gravidez” e para a possibilidade de menores poderem fazer um aborto sem o conhecimento dos pais. O campo adversário nega categoricamente e denuncia a “desinformação”.
Alguns moradores disseram ainda estar indecisos na véspera da votação. Matthew Hartman, 20 anos, estudante da Universidade Estadual de Ohio, disse que, como cristão, ele “orou” e “fez pesquisas” para chegar à decisão certa. Ele diz que está inclinado para o “sim” porque pensa, em particular, que as mulheres que ficam grávidas após serem vítimas de um estupro não devem ser forçadas a ter o filho.
“Mas acredito nas decisões de Deus. Portanto, isso é algo que, como cristão, tenho que resolver por mim mesmo”, ele explicou.
Cannabis
Americanos também decidem sobre a questão do aborto em outras duas eleições que acontecem nesta terça-feira nos Estados Unidos. No estado conservador de Kentucky, o governador democrata Andy Beshear, candidato à reeleição, fez do direito ao aborto um campo de batalha contra o republicano Daniel Cameron.
Já na Virgínia, onde ocorrem eleições legislativas, se os republicanos vencerem, isso poderá permitir que o governador republicano Glenn Youngkin tente impor restrições ao aborto.
Além disso, ao mesmo tempo que votará sobre o aborto, Ohio votará sobre a legalização da cannabis.
(Com informações da AFP)
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