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Liberdade de expressão é o direito humano mais violado na Venezuela, denuncia ONG

A ONG venezuelana "Un Mundo Sin Mordaza" (UMSM, Um mundo sem mordaça, em português) divulgou na terça-feira (3) um relatório sobre a situação dos Direitos Humanos na Venezuela durante o ano de 2022. Entre as dez áreas avaliadas, a liberdade de expressão foi o direito mais violado, ficando em primeiro lugar. 

Professores venezuelanos se manifestaram em Caracas, em 18 de setembro de 2023, por melhores salários.
Professores venezuelanos se manifestaram em Caracas, em 18 de setembro de 2023, por melhores salários. REUTERS - LEONARDO FERNANDEZ VILORIA
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Eliana de Aragão Jorge, correspondente da RFI em Caracas

De acordo com a ONG, houve pelo menos 12 prisões e cerca de 89 casos de ameaças, repressão e agressões a meios de comunicação venezuelanos no ano passado. Também foram registrados 11 casos de bloqueios a sites e mídias sociais informativas. Os dados, segundo a entidade, revelam a perda do acesso à informação independente, sem a intromissão do Estado. 

As agressões ao meio ambiente ficaram em segundo lugar no documento. A UMSM denunciou a destruição de mais de cinco milhões de hectares de áreas protegidas. Também foram identificados 1.781 pontos de mineração ilegal nas proximidades das bacias dos rios Orinoco e Caroni, ambos no sul do país. 

Em diversas regiões foram registrados mais de oitenta vazamentos de petróleo, desastres que comprometem o meio ambiente e a saúde da população, e que, segundo o relatório, poderiam ter sido evitados pelas autoridades. 

Situação na educação 

A situação da educação pública também é citada no relatório. Apenas 10 das 71 universidades públicas são autônomas e 38% das escolas carecem de recursos, números que comprometem a qualidade do ensino gratuito. 

Embora o documento retrate a situação de 2022, a problemática persiste. O ano escolar 2023-2024 começou nesta semana em meio a protestos de professores e estudantes, que pedem melhores condições de trabalho para os docentes e de infraestrutura das instituições de ensino. 

Embora garantido na Constituição venezuelana, o direito à realização de protestos pacíficos também tem sido violado, destaca o documento. Apenas no ano passado, 114 manifestações foram reprimidas, com a prisão de 35 pessoas, de acordo com o relatório da UMSM.

Sobre segurança pública, a ONG denunciou que mais de nove mil mortes violentas foram registradas no país, o que representa uma taxa de 35,3 mortes para cada mil habitantes. O relatório destaca que o Estado falha ao investigar e prevenir a maioria dessas mortes, ignorando a obrigação de proteger o direito à vida. 

A inflação alta, que chegou a 305% no ano passado, é outro problema que afeta a Venezuela. Com um salário mínimo de 130 bolívares, cerca de 15 reais, grande parte da população não tem qualidade de vida. Para comprar a cesta básica são necessários aproximadamente 53 salários mínimos. Muitos venezuelanos encontram-se em situação precária e recorrem à informalidade para remediar a situação.

Criada em 2009 por um grupo de jovens ativistas venezuelanos com o objetivo de denunciar "a deterioração e os ataques à liberdade de expressão" no país, a ONG "Un Mundo Sin Mordaza" tem sede em Washington e é uma das mais importantes da Venezuela. 

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