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Macron volta a se ausentar de uma Assembleia-Geral da ONU e envia ministra a Nova York

Se o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, atrai todos os holofotes na abertura da Assembleia-Geral das Nações Unidas em Nova York nesta terça-feira (19), vários outros líderes estarão ausentes do evento. É o caso do presidente francês, Emmanuel Macron, que preferiu enviar aos Estados Unidos a ministra das Relações Exteriores, Catherine Colonna.

O presidente francês, Emmanuel Macron, estará ausente da Assembleia Geral da ONU em Nova York.
O presidente francês, Emmanuel Macron, estará ausente da Assembleia Geral da ONU em Nova York. AFP - LUDOVIC MARIN
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A 78ª edição da Assembleia-Geral das Nações Unidas foi desertada por líderes de cinco grandes potências mundiais, França, Reino Unido, Rússia, China e Índia. Entre os dirigentes dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, apenas o presidente americano, Joe Biden, estará presente.

Sinal de perda de relevância da ONU? Há poucos dias, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, não escondia a sua revolta ao declarar que "as pessoas esperam que seus líderes encontrem uma solução para sair desta bagunça". O diplomata português listou os imensos desafios mundiais, entre a urgência climática, a escalada de conflitos armados, além da crise mundial do custo de vida e questões tecnológicas "espetaculares".

Apesar da chegada de delegações de 193 Estados-membros para o evento anual em Nova York, a ausência de cinco líderes não passou despercebida. Além de Macron, também estarão ausentes da Assembleia-Geral o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, o presidente russo, Vladimir Putin, o presidente chinês, Xi Jinping, e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.

O chefe de Estado francês afirmou que não poderá participar do evento porque deve acolher o rei Charles III, que realiza uma visita oficial à França a partir de quarta-feira (20). Em seguida, Macron se reunirá com o papa Francisco, que estará em Marselha, no sul da França, em 22 e 23 de setembro. 

Essa não é a primeira vez desde que assumiu o poder que o líder francês não participa de uma Assembleia da ONU. Em 2021, Macron decidiu enviar o então ministro das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian, a Nova York, provocando uma surpresa geral.

Na época, a França estava no centro da chamada "crise dos submarinos", quando o governo da Austrália cancelou um contrato com Paris ao optar por submarinos americanos com propulsão nuclear. No entanto, a explicação oficial foi que a agenda do presidente francês estava sobrecarregada. 

Ausência de rivais e aliados dos EUA 

Do lado do Reino Unido, a justificativa de Rishi Sunak para não ir a Nova York, como no ano passado, também é surpreendente. O premiê britânico alega estar se preparando para a conferência anual do Partido Conservador, que vem perdendo votos diante da crise do custo de vida no Reino Unido. 

Questionada pelo jornal americano The New York Times sobre a ausência dos principais rivais e aliados dos Estados Unidos, a embaixadora do país na ONU, Linda Thomas Greenfield, reagiu de forma discreta. "É importante que os países participem neste grande fórum que só acontece uma vez por ano", afirmou, lembrando que no evento Biden anunciará "o retorno do multilateralismo".

Como a França e o Reino Unido, os outros grandes líderes ausentes da Assembleia-Geral também enviaram suas delegações. Ainda assim, as ausências são vistas como "o símbolo de um mundo em vias de 'fragmentação' e 'fratura'", diz o jornal francês Les Echos. O diário cita como exemplo problemas que se perpetuam ao longo dos últimos anos: a guerra na Ucrânia, a crise diplomática entre Washington e Pequim, a urgência climática e os golpes de Estado na África. 

"O que vivemos hoje é mais do que um teste da ordem mundial do pós-Guerra Fria. É o seu fim", resumiu recentemente o secretário de Estado americano, Antony Blinken, em um discurso da universidade Johns Hopkins. Segundo ele, "a adoção de uma cooperação internacional se tornou ainda mais complexa (...) não apenas em razão das tensões geopolíticas crescentes, mas também em razão da dimensão considerável dos problemas mundiais".   

Para vários especialistas, essa é uma prova do "fracasso da ONU". Em nota divulgada na semana passada pela Fundação Carnegie Para a Paz Internacional, a instituição questiona a relevância das Nações Unidas "em um mundo dividido". Segundo a instituição, "a ONU não cumpre mais seus objetivos porque os Estados-membros não confiam mais uns nos outros". "Rivalidades geopolíticas, disputas políticas, convulsões econômicas e crises ecológicas estão testando a legitimidade e a credibilidade deste organismo de 78 anos", resume o artigo.

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