Ex-líder do Proud Boys é condenado a pena exemplar por comandar a distância ataque ao Capitólio

O ex-líder do grupo de extrema direita Proud Boys, Enrique Tarrio, de 39 anos, foi condenado nesta terça-feira (5) a 22 anos de prisão, a sentença mais dura imposta até o momento pelo ataque de janeiro de 2021 ao Capitólio, em Washington.

O ex-líder do grupo de extrema direita Proud Boys, Enrique Tarrio, foi condenado pelo ataque ao Capitólio ocorrido em 6 de janeiro de 2021. AP - Allison Dinner

"Nesse dia, foi quebrada a nossa tradição ininterrupta de transferência pacífica de poder", afirmou o juiz distrital Timothy Kelly. "Tarrio era o líder máximo da conspiração", acrescentou o magistrado durante uma audiência de quatro horas.

Os promotores haviam pedido uma pena de 33 anos para Tarrio, que não estava na capital americana em 6 de janeiro de 2021. Ele foi acusado de comandar o ataque ao Capitólio, realizado por cerca de 200 membros do grupo Proud Boys.

O juiz mostrou-se impassível diante do arrependimento mostrado pelo réu. O dia 6 de janeiro de 2021 foi uma "vergonha nacional", disse Tarrio ao se dirigir ao tribunal, antes do anúncio da sentença. "Meu candidato perdeu. Eu persisti, quando deveria ter me acalmado. Falhei miseravelmente. Este julgamento me tornou humilde," completou

Para calcular as penas, Timothy Kelly levou em conta os agravantes de terrorismo solicitados pelos promotores. O juiz proferiu para cada um dos acusados sentenças com punições significativamente inferiores às solicitadas, por considerar que os réus "não tiveram a intenção de matar".

“General”

Os promotores argumentaram que, embora não tenha estado presente em Washington em 6 de janeiro, "Tarrio causou muito mais danos do que poderia ter causado como um agitador individual". O réu agiu como "um general, em vez de soldado".

"A única razão pela qual Tarrio não participou ao lado dos demais é porque ele foi preso ao chegar a Washington e colocado sob ordem judicial para deixar o distrito", ressaltaram os promotores.

Tarrio estava em Baltimore, no estado vizinho de Maryland, devido a uma ordem judicial que o obrigou a deixar a capital federal. Seu advogado, Nayib Hassan, pediu clemência para o americano, filho de imigrantes cubanos originário da Flórida, ao insistir em sua cooperação nas investigações federais sobre tráfico de drogas e tráfico de pessoas.

Outro membro do Proud Boys, Ethan Nordean, de 32 anos, foi condenado pelo juiz Kelly, na semana passada, a 18 anos de prisão. Stewart Rhodes, fundador da milícia de extrema direita Oath Keepers, que também atuou no ataque ao Capitólio, havia sido condenado a 18 anos, no começo de 2023.

O ex-presidente Donald Trump será julgado em Washington em março, acusado de conspirar para anular o resultado das eleições de novembro de 2020. O republicano enfrenta acusações semelhantes no estado da Geórgia.

Mais de 1.100 pessoas foram acusadas pela Justiça no caso do ataque ao Capitólio. Cerca de 630 delas se declararam culpadas de diversas acusações e 110 foram condenadas em juízo.

(Com AFP)