Acessar o conteúdo principal

Invasão do Capitólio: milicianos de extrema direita dos EUA serão julgados

Nos Estados Unidos, na série de ações judiciais contra os participantes da invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, começa, nesta terça-feira (27), um julgamento bastante especial: o de cinco membros da milícia de extrema direita Oath Keepers, incluindo o seu líder, Stewart Rhodes.

Mais de 20 meses depois do ataque ao Capitólio dos Estados Unidos, começa nesta terça-feira (27) o esperado julgamento em Washington, D.C., do grupo de extrema-direita Oath Keepers, incluindo seu fundador, Stewart Rhodes, por "sedição".
Mais de 20 meses depois do ataque ao Capitólio dos Estados Unidos, começa nesta terça-feira (27) o esperado julgamento em Washington, D.C., do grupo de extrema-direita Oath Keepers, incluindo seu fundador, Stewart Rhodes, por "sedição". REUTERS - JIM URQUHART
Publicidade

Por Guillaume Naudin, da RFI

A Oath Keepers (guardiões do juramento, em tradução livre) é uma conhecida milícia de extrema direita nos Estados Unidos. Este grupo paramilitar reúne em particular ex-militares ou membros da polícia.

Foi fundada em 2009 por um ex-soldado, um ex-paraquedista, que foi dispensado após uma lesão nas costas sofrida durante um salto. Ele também é advogado, estudou após seu acidente na prestigiosa Universidade de Yale. Naquela época, era sua esposa que sustentava a família. Desde 2018, ela pede, sem sucesso, o divórcio daquele que considera "um completo sociopata".

Seu nome: Stewart Rhodes. Ele tem 57 anos e é facilmente reconhecível pelo tapa-olho, lembrança de um erro no manuseio de uma arma de fogo. Preso em janeiro passado, ele está sendo julgado a partir de 27 de setembro com outros quatro membros dos Oath Keepers.

Conspiração sediciosa

Eles são processados ​​por conspiração sediciosa. E são os primeiros a receberem esta denominação no episódio do ataque ao Capitólio. "Conspiração sediciosa" é definida como a tentativa de derrubar, suprimir ou destruir pela força o governo dos Estados Unidos. Os Oath Keepers podem pegar até 20 anos de prisão.

A promotoria tentará provar que os Oath Keepers desenvolveram um plano, por várias semanas, a partir do anúncio da vitória de Joe Biden, para tentar impedir a transferência pacífica do poder. Que eles se organizaram para isso com a aquisição de armas de fogo, armazenando-as em um hotel perto de Washington, abrindo caminho para o Capitólio com táticas e equipamentos de nível militar.

Por enquanto, não está provado que o próprio Stewart Rhodes entrou no prédio, mas há imagens dele por perto, em lugares proibidos, em uniforme paramilitar.

Uma insurgência antifascista que nunca aconteceu

A princípio, eles tentaram, sem sucesso, por todos os meios legais, protelar o julgamento, pedindo vários adiamentos. Também protestaram quanto ao local: dizem que em Washington, onde ocorreram os fatos, não terão direito a um julgamento justo. Em seguida, alegaram que não estavam ali com o objetivo de anular o resultado da eleição, mas por motivos defensivos: primeiro para garantir a proteção de Roger Stone, amigo próximo de Donald Trump que se apressou em deixar Washington em 6 de janeiro de 2021 diante dessa reviravolta.

E também para a hipótese de o então presidente Donald Trump os chamar caso houvesse um ataque de militantes antifascistas "imaginários" ou que, de qualquer forma, nunca apareceram, em 6 de janeiro.

A base legal que eles imaginavam era a “Lei da Insurreição”, uma lei federal de 1807 que já foi invocada várias vezes na história do país. Ela utoriza o presidente a enviar as forças armadas dos Estados Unidos ao seu próprio  território para pôr fim à agitação civil, insurreição e rebelião. Donald Trump havia mencionado esta lei sem nunca passar ao ato no início do verão de 2020, na época dos tumultos que se seguiram ao assassinato por um policial branco do afro-americano George Floyd em Minneapolis.

Violência política

O Departamento de Justiça espera, com este julgamento, aprender mais sobre o processo que desencadeou na invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021. Se os réus forem condenados por conspiração sediciosa, isso será uma mensagem para os apoiadores da violência política. O terrorismo doméstico é considerado a ameaça terrorista número um nos Estados Unidos hoje.

Outros processos estão previstos. Um no final de novembro contra outros membros dos Oath Keepers, outro em meados de dezembro contra os líderes dos "Proud Boys" (garotos orgulhosos, em tradução livre), outro conhecido grupo de extrema direita.

Até agora, mais de 900 pessoas foram acusadas por sua participação no ataque em 6 de janeiro de 2021, quase 400 foram declaradas culpadas. Um ex-policial recebeu, até agora, a pena mais pesada: dez anos de prisão.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.