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Titan: força tarefa internacional tenta localizar submarino desaparecido desde domingo

Em uma corrida contra o tempo, equipes dos Estados Unidos, Canadá e França estão em um força tarefa para tentar localizar o Titan, veículo submersível que saiu para uma expedição aos destroços do Titanic e está desaparecido desde o último domingo. Calcula-se que o oxigênio dentro do Titan deve durar até esta quinta-feira (22). 

Imagem sem data do Titan, distribuída pela OceanGate Expeditions
Imagem sem data do Titan, distribuída pela OceanGate Expeditions © via REUTERS - OCEANGATE EXPEDITIONS
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Cleide Klock, correspondente da RFI nos EUA

Na madrugada desta quarta-feira (21), a Guarda Costeira dos EUA divulgou, em breve comunicado no Twitter, que um avião canadense que participa das buscas pelo Titan “detectou ruídos subaquáticos” e que alguns dos veículos operados foram remotamente realocados na tentativa de determinar a origem dos sons. Essas buscas até agora não trouxeram resultados, mas continuam, disse o comunicado.

Já a revista americana Rolling Stone publicou que teve acesso a memorandos do governo americano sobre o resgate e que consta no documento que sonares que captam movimentos no fundo do mar teriam registrado batidas metálicas de meia em meia hora durante os momentos da varredura submarina. Conforme a revista, a data e hora em que os sons foram reportados ainda não estão claras, assim como de onde vinha o barulho. Mas isso traz um pouco mais de esperança para a força tarefa que já conta também com a participação da Força Aérea e da Marinha americanas, que se juntaram aos esforços de busca.

O Canadá, além de enviar um avião com sonares que sobrevoa a área, mandou navios de resgate e uma embarcação com equipe médica e com uma câmara de recompressão hiperbárica, usada caso os mergulhadores sejam expostos a rápidas quedas de pressão. Nesta quarta (21), deve chegar ao local o navio de pesquisas Atalante, da Marinha francesa, equipado com um robô de águas profundas que pode ajudar a identificar de onde vem essas batidas.

Entre os desaparecidos está o ex-oficial da Marinha francesa Paul-Henri Nargeolet, mergulhador que participou da primeira expedição às ruínas do Titanic, em 1987. Ele ficou conhecido como "Mister Titanic", já visitou os destroços mais de 30 vezes e é um dos principais pesquisadores sobre o naufrágio do Titanic, acontecido em 1912. Esse robô enviado pela Marinha francesa pode atingir 4.000 metros de profundidade.

No comando

Nesta terça-feira, a empresa responsável pela missão, OceanGate Expeditions, divulgou que o CEO da companhia, Stockton Rush, criador do submarino, estava a bordo e pilotando o Titan. A expectativa era que demorasse cerca de duas horas para chegar aos destroços do Titanic, mas o submarino perdeu comunicação após 1 hora e 45 minutos de viagem. Segundo a Guarda Costeira dos Estados Unidos, o veículo partiu com 96 horas de oxigênio e a previsão é que termine o ar nesta quinta-feira. Além do mergulhador francês e do CEO da OceanGate, estão no submarino o empresário paquistanês Shahzada Dawood e o filho dele, de 19 anos, Suleman Dawood, e o bilionário e explorador britânico Hamish Harding.

Vários especialistas que conversaram com a imprensa americana, mencionaram algumas possibilidades, nenhuma muito animadora. Uma delas, por exemplo, é que pode ter acontecido algo com o casco do Titan que tenha causado uma implosão no fundo do mar.

Outra possibilidade é a de um corte de energia, que teria causado a perda de comunicação. Citaram também a probabilidade de haver um curto-circuito que provocaria um incêndio a bordo, o que além de arruinar os sistemas da embarcação, criaria fumaça tóxica em um espaço pequeno e fechado; e inundação é sempre um risco nas profundezas do oceano. Há também o perigo de o veículo ficar preso em algo ou ter seu caminho bloqueado, já que há fortes correntes subaquáticas e muitos detritos do Titanic no fundo do mar.

O que pode parecer a situação mais simples, sendo o caso de o veículo estar flutuando no oceano, também é complicadíssimo, já que é o mesmo que uma agulha no palheiro. O veículo tem 6,5 metros de comprimento, por 3 metros de largura, é do tamanho de uma van, e pode estar parcialmente submerso, dizem os pesquisadores.

Sem autonomia

O submersível não é autônomo, como são os submarinos de grande porte, por isso foi levado até a região a cerca de 643 km da costa. Uma plataforma ajudou na descida e soltou a cápsula, com um sistema propulsor que deveria levá-lo de volta à superfície. A porta só pode ser aberta por alguém pelo lado de fora, já que é parafusada. Em 2018, líderes da indústria de submarinos haviam alertado autoridades sobre a experimentação da empresa OceanGate e em uma carta escreveram sobre o potencial catastrófico e risco dessas missões.

Conforme o boletim desta terça-feira à noite da Guarda Costeira americana, a operação de busca, realizada no meio do Oceano Atlântico, segue dia e noite e já vasculhou uma área de cerca de 26.000 km². O que parecia uma passagem cara, já que cada um pagou US$ 250 mil (R$ 1,19 milhão) para participar da expedição faz parecer barato, comparado ao custo deste resgate ainda incalculável. Não se sabe se a OceanGate Expeditions exigia que seus participantes contratassem algum seguro de viagem que possa pagar essa conta ou se ficará a cargo do contribuinte, o que já muitos americanos se perguntam.

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