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China considera "absurda" declaração de Biden de que Xi Jinping é ditador

A China criticou nesta quarta-feira (21) a observação "absurda" do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de que seu colega chinês, Xi Jinping, pertencia à categoria de "ditadores". Os comentários do presidente americano feitos durante um evento de campanha acontecem justamente quando as relações entre Washington e Pequim pareciam se acalmar.  

Biden durante anúncio de um pacote climático na Califórnia.
Biden durante anúncio de um pacote climático na Califórnia. REUTERS - KEVIN LAMARQUE
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Com informações do correspondente da RFI em Washington, Guillaume Naudin. 

Questionada sobre o assunto, a porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, considerou as afirmações do presidente americano são "abertamente uma provocação política". Ela avaliou que "esta observação do lado dos EUA é realmente absurda, muito irresponsável, não reflete a realidade, contraria as práticas diplomáticas e prejudica seriamente a dignidade política da China". 

Ao final do seu segundo dia de viagem à Califórnia, o democrata Joe Biden passou a noite de terça-feira (20) com seus apoiadores em um evento para arrecadação de fundos para a campanha presidencial. No meio do discurso, Joe Biden explicou ao público que quando ordenou a derrubada do balão espião chinês, em fevereiro passado, o que realmente havia irritado Xi Jinping era que ele não sabia que esse balão carregando material para coletar informações estava lá.

"É muito embaraçoso para os ditadores quando eles não sabem o que aconteceu", disse Biden, acrescentando: "Quando (o balão) foi derrubado (Xi Jinping) ficou muito envergonhado e até negou que (o artefato) estivesse lá". 

"Não se preocupe com a China"

As declarações de Biden vêm a público apenas dois dias após uma visita do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, a Pequim para tentar reavivar a comunicação entre os Estados Unidos e a China, muito prejudicada justamente por causa desse caso do balão. Foi a primeira viagem de um diplomata americano em quase cinco anos ao país. 

Biden avaliou que Blinken fez “um bom trabalho” na China. Mas o presidente continuou dizendo que “levaria tempo” para amenizar a relação muito tensa entre as duas grandes potências. “Eu prometo a vocês, não se preocupem com a China. A China tem dificuldades econômicas reais”, afirmou o democrata de 80 anos, em campanha para a reeleição. 

Ainda sobre o presidente chinês, Joe Biden voltou a afirmar: "Estamos numa situação em que [Xi Jinping] quer estabelecer uma relação novamente". 

Porém, se a visita recente de Antony Blinken a Pequim parecia colocar o relacionamento com a China de volta nos trilhos, não é certo que as palavras do presidente Biden ajudem a seguir pelo bom caminho. 

Esta não é a primeira vez que o presidente faz declarações controversas em eventos de arrecadação de fundos, situações em que não há câmeras ou microfones – mas os repórteres presentes podem ouvir os comentários do presidente e transcrevê-los. Foi durante um evento desse tipo, em outubro de 2022, que Joe Biden mencionou o risco de um “apocalipse” nuclear desencadeado pela Rússia

Outras reações  

Moscou, por sua vez, considerou a declaração uma mostra das "contradições" da política externa americana. "Temos visto há dias certas informações de declarações conciliatórias" de Blinken em Pequim, reagiu o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, nesta quarta-feira. As críticas expressas por Biden são, portanto, "completamente incompreensíveis", acrescentou ele à imprensa.  

As autoridades americanas estão enviando "sinais muito contraditórios", o que representa "um grande fator de imprevisibilidade", completou o porta-voz de Moscou. 

(Com AFP)

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