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Bolivianos celebram festival de Oruro, o outro carnaval da América Latina

Acontece neste sábado (18) o Festival folclórico e religioso da cidade de Oruro, o mais importante da Bolívia. Com seu desfile de blocos e trajes típicos, o evento é conhecido como o segundo maior carnaval da América Latina.

Diablada é uma das danças tradicionais do Festival de Oruro (imagem de 2022)
Diablada é uma das danças tradicionais do Festival de Oruro (imagem de 2022) AP - Juan Karita
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Com informações de Alice Campaignolle, correspondente da RFI na Bolívia

É na rua Illampu, no coração de La Paz, que Paris Galan, começa a se preparar para o Festival de Oruro. Bailarino de danças folclóricas, há semanas ele confecciona sua fantasia para um dos momentos mais esperados do ano. “Aqui eu compro os aguayos, tecido típico usado nos trajes femininos”, detalha, antes de seguir para os últimos ensaios de sua trupe.

Galan explica que o carnaval de Oruro é formado por vários ritos, entre eles cerca de 40 danças diferentes. “Tem a Morenada, Los Caporales, El tinku”, enumera o dançarino, cuja trupe é especializada na Kullawada, também conhecida como dança dos tecelões.

Como ele, dezenas de milhares de pessoas se preparam o ano todo para desfilar em Oruro, sexta maior cidade do país, situada entre Sucre e La Paz, e que recebe cerca de 400 mil visitantes para acompanhar as festividades. O evento é tão importante que chegou a ser declarado Obra Mestra do Patrimônio Oral e Intangível da Humanidade pela UNESCO.

Menos conhecido que o carnaval brasileiro, o Festival de Oruro foi destaque na imprensa além de suas fronteiras por causa de um acidente em 2018. Naquele ano, uma explosão matou oito pessoas e deixou dezenas de feridos. Mas isso não afetou a animação dos bolivianos. 

Folclore e religião

“Eu adoro dançar em Oruro”, se empolga Rosario, enquanto se preparava para a celebração deste ano. “Mas temos que lembrar que é uma festa folclórica e religiosa. Então tem uma grande parte de fé no que estamos fazendo aqui”, explica, lembrando que o festival acontecia na região dos Andes antes mesmo da chegada dos colonizadores.

O evento parte da lenda de um povo que idolatrava o deus Wari e que é amaldiçoado quando começa a adorar outra divindade, o Pachacamaj. Como castigo por essa “traição religiosa”, a população foi alvo de pragas, representadas por animais gigantes enviados para atacar a cidade: uma víbora, um sapo e um lagarto. Todos foram destruídos por Nusta (princesa em quechua), a filha de Pachacamaj. Desde então, essa entidade feminina, que simboliza a fertilidade para o povo andino, passou a ser celebrada como sua salvadora.

Mas com a chegada dos espanhóis e a imposição do cristianismo pelos colonizadores, o ritual foi se transformando e começou a ser chamado de carnaval. Em um processo de sincretismo próximo do ocorrido com alguns ritos de matriz africana no Brasil, Nusta virou a Virgem de Socavón e Wari passou a ser associado ao diabo. E até hoje os blocos da celebração, conhecidos como "fraternidades", desfilam no caminho do santuário da Virgem de Socavón.

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