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USA: no auge da polarização, analistas falam em “risco de violência” em eleições de meio mandato

Uma semana antes das eleições de meio mandato nos Estados Unidos, as pesquisas de intenção de voto mostram que será difícil para os democratas manterem a maioria no Senado e na Câmara dos Deputados. A votação ocorrerá em condições de extrema polarização entre republicanos e democratas.

Um local de votação em Harlingen, Texas, em preparação para as eleições de meio de mandato dos EUA, 28 de outubro de 2022.
Um local de votação em Harlingen, Texas, em preparação para as eleições de meio de mandato dos EUA, 28 de outubro de 2022. © Denise Cathey / The Brownsville Herald via AP
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A polarização na política americana culminou, há seis anos, com a chegada de Donald Trump ao poder. Desde então, as diferenças só aumentaram e alguns americanos já estão começando a se cansar da situação. Como indicam pesquisas, a população está insatisfeita com os políticos entricheirados em suas posições. Porém, no sistema americano, é difícil que surja um terceiro partido.

Os eleitores, portanto, sempre votam em republicanos ou democratas, mas de uma forma negativa. “Não estamos tão motivados a votar em nosso candidato”, explica Antoine Yoshinaka, professor de ciências políticas da Universidade Estadual de Nova York, “mas queremos garantir que o outro candidato não seja eleito. Por isso, votamos contra o partido oposto e não a favor do nosso candidato”, diz.

A outra consequência desta diferença é a “polarização afetiva”, que se desenrola através das emoções sentidas em relação à oposição. Por exemplo, se você é republicano, explica Antoine Yoshinaka, “você odeia os democratas, os considera desonestos, acha que falta moralidade, etc. Então, estamos quase atacando o caráter das pessoas que apoiam a oposição e não as políticas públicas” que elas estão propondo.

Violência eleitoral “normalizada”

A consequência dessas tensões é que cada vez mais americanos acreditam, segundo pesquisas recentes, que "em certas circunstâncias ou em todos os casos, a violência é uma resposta legítima ao debate político", observa Antoine Yoshinaka.

Uma certa ansiedade está aumentando na população. “Parece que os americanos ainda estão vivendo no período pós 6 de janeiro de 2021”, analisa Christophe Cloutier Roy, pesquisador do Observatório de Estudos Estratégicos e Diplomáticos Raoul-Dandurand, no Canadá. O professor cita “uma espécie de normalização das tensões, da ideia de que uma eleição traz um risco de violência”, tanto do lado dos democratas quanto dos republicanos.

O especialista viajou pelos Estados Unidos nos últimos dias e diz “sentir esse nervosismo, essa angústia, principalmente ao conversar com pessoas que trabalham em partidos políticos”. “Do lado dos democratas, nos dizem ter medo de ver Donald Trump voltar ao poder em 2024, enquanto ainda não passou o susto do 6 de janeiro de 2021”, relata, lembrando a invasão do Capitólio. Do lado dos republicanos, “a angústia vem de ver o país se transformar sob a gestão dos democratas que controlam as duas câmaras do Congresso e a Casa Branca, e o medo de perder certos valores”, completa.

Se as eleições de meio de mandato tradicionalmente não mobilizam os eleitores, a polarização e os medos sim. Antoine Yoshinaka lembra que “a última vez que estivemos muito polarizados nos Estados Unidos foi no início do século XX, uma época em que havia muitos conflitos entre os dois partidos e a participação eleitoral era muito alta”. Um fenômeno que se repete hoje.

“Em 8 de novembro de 2022, esperamos uma afluência muito alta às urnas porque os republicanos estão em um estado de espírito vingativo e os democratas estão mobilizados pelo medo de ver os republicanos imporem um certo número de suas ideias sobre aborto, questões ambientais, etc.”, analisa Lauric Henneton, professor da Univeridade Versailles Saint-Quentin.

Como um termômetro dessa polarização e tensão pré-eleitoral nos Estados Unidos, alguns candidatos republicanos se recusaram a dizer se reconheceriam os resultados das eleições de 8 de novembro.

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