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"De que lado estaria Bolívar na guerra na Ucrânia?", pergunta Zelensky na abertura da cúpula da OEA

A 52ª Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), principal fórum político das Américas, teve início nesta quarta-feira (5) em Lima, no Peru. O evento contou com uma mensagem do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que pediu à região condenar a invasão russa e se somar às sanções contra Moscou. 

"Juntos contra a desigualdade e a discriminação" é o lema da 52ª Assembleia Geral da OEA que teve início na quarta-feira (5), em Lima, no Peru.
"Juntos contra a desigualdade e a discriminação" é o lema da 52ª Assembleia Geral da OEA que teve início na quarta-feira (5), em Lima, no Peru. AFP - CRIS BOURONCLE
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Sob o lema "Juntos contra a desigualdade e a discriminação", a reunião anual da OEA foi aberta por seu secretário-geral, Luis Almagro, e pelo presidente do Peru, Pedro Castillo.  "A discriminação surge da consciência da classe alta ou classe empoderada, do machismo, da consciência da pele branca. A partir desses atos conscientes se discriminam pobres, mulheres, a população LGBTI, a população indígena e afrodescendente, pequenos camponeses ou população rural", declarou Almagro. "Devemos ser outra coisa", salientou. 

Na abertura do evento, um vídeo pré-gravado em inglês por Zelensky evocou os heróis da independência americana há dois séculos. "De que lado estaria Simón Bolívar na guerra que a Rússia desencadeou contra a Ucrânia? Quem José de San Martín apoiaria? Com quem Miguel Hidalgo simpatizaria? Acho que não ajudariam alguém que está saqueando um país menor", ressaltou. 

O presidente ucraniano pediu que "as políticas agressivas" da Rússia sejam condenadas na Assembleia Geral e relações comerciais com pessoas ou empresas russas sejam evitadas. Também solicitou o apoio "das pessoas comuns", divulgando "a verdade sobre esta guerra".

Guerra na Ucrânia rouba a cena

A guerra na Ucrânia deve fazer parte dos debates de três dias na capital peruana. O país anfitrião sugere a discussão de uma resolução sobre a segurança alimentar no continente, ameaçado pelas consequências da guerra.

Essa não é a primeira vez que a OEA manifesta apoio a Kiev. No último 25 de março, a organização pediu o fim de possíveis "crimes de guerra" na Ucrânia, em uma resolução apoiada por 28 dos 34 membros ativos do bloco regional. Em 21 de abril, suspendeu a Rússia como observadora permanente da organizaão.

O encontro de três dias acontece no Centro de Convenções de Lima e contará com a presença do chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, nesta quinta-feira (6). O chanceler participará de uma reunião sobre migração, um grande problema na fronteira entre os Estados Unidos e o México.

A 52ª Assembleia Geral da OEA "é realizada em um momento difícil", disse Manuel Orozco, do Diálogo Interamericano, um centro de estudos em Washington. "Blinken sabe que os países da região se distanciaram dos Estados Unidos, em parte porque seu país também não foi pró-ativo na região nos últimos anos", avalia. Para ele, "o objetivo é reconstruir a confiança em vários países, como Colômbia, Peru e Chile", acrescentou.

Venezuela e Nicarágua

A OEA também deve examinar uma declaração sobre a situação dos direitos humanos na Venezuela, afirmou o encarregado da diplomacia dos Estados Unidos nas Américas, Brian Nichols. Onze países do continente americano, entre eles, México e Bolívia, querem a saída do representante do líder opositor venezuelano, Juan Guaidó, uma decisão que deverá ser tomada pelos Estados-membros do bloco regional, disse Almagro.

Os chanceleres também debaterão projetos de resolução sobre a crise política e de direitos humanos na Nicarágua. Uma das iniciativas pede que o governo Ortega "restabeleça plenamente" o estado de direito.

O secretário-geral da OEA reconheceu, em entrevista coletiva, que aumentaram os obstáculos para um diálogo com Ortega: "O regime se distanciou definitivamente da organização e as dificuldades para trabalhar esses temas aumentaram".

Opositores nicaraguenses instalaram um outdoor com a mensagem "Exigimos liberdade para mais de 205 presos políticos na Nicarágua", em uma avenida próxima ao Centro de Convenções, sede do fórum.

Na quarta-feira também houve protestos de grupos conservadores em Lima. Cerca de 200 pessoas gritaram palavras de ordem contra Almagro, a OEA e o presidente Castillo. "OEA, não se meta. Não somos marionetes", entoaram. Manifestações semelhantes são esperadas para esta quinta-feira na capital peruana.

(Com informações da AFP)

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