'Chocado e triste': após admitir não ter conferido arma entregue a Baldwin, assistente fala sobre o caso

O homem que entregou ao ator americano Alec Baldwin a arma que causou a morte da diretora de fotografia no set de filmagem do faroeste "Rust", em outubro, expressou comoção e tristeza na segunda-feira (1°). Essa foi sua primeira declaração pública desde a tragédia que deixou Hollywood de luto. 

Coletiva de imprensa da polícia do Novo México, Estado americano onde estava sendo filmado o longa "Rust". Getty Images via AFP - SAM WASSON

David Halls, assistente de direção do filme, está no olho do furacão desde que admitiu, durante interrogatório, que não havia conferido totalmente a arma que entregou a Baldwin antes do incidente que causou a morte de Halyna Hutchins. O filme estava sendo rodado no estado americano do Novo México, no sul dos Estados Unidos.

Em comunicado enviado ao jornal New York Post, Halls disse estar "chocado e triste" com a tragédia, mas não falou diretamente sobre os disparos, nem a sua responsabilidade no caso. "Halyna Hutchins não era apenas uma das pessoas mais talentosas com quem já trabalhei, mas também uma amiga", escreveu. 

Na nota, Halls destacou que tem recebido "amor e apoio". "Meus sentimentos estão com todos que conheciam e amavam Halyna", diz. "Espero que essa tragédia leve a indústria a reavaliar seus valores e práticas, para garantir que ninguém seja ferido durante o processo criativo." 

Responsável pelo manuseio de armas

Juntamente com a especialista em armas Hannah Gutierrez-Reed, Halls era responsável por manusear e conferir as munições no set de filmagem. Ambos deveriam anunciar quando o material estava seguro para ser utilizado. 

Aos detetives que investigam o caso, o assistente de direção declarou que deveria ter confirmado que todas as balas do revólver eram falsas, mas não o fez. A munição real, disparada acidentalmente por Baldwin durante o ensaio da cena que seria filmada, matou Halyna Hutchins e feriu o diretor do longa, Joel Souza.

Segundo informações da rede de TV NBC, o assistente de câmera Lane Luper, integrante da equipe de cinegrafistas de "Rust", pediu demissão na véspera do incidente, citando "preocupações significativas" com a segurança em torno das armas de fogo e dos explosivos no set. Em um e-mail, ele escreveu aos produtores que os procedimentos de segurança para filmar tiroteios eram "rápidos e fracos". 

"Até agora, houve dois disparos acidentais de armas e uma explosão acidental de efeitos especiais perto da equipe entre as cenas", apontou Luper na mensagem que anunciava sua demissão. "Para ser claro, não tem havido reuniões de segurança nesses dias", ressaltou. 

Abaixo assinado reúne 100 mil assinaturas

Um abaixo assinado online pedindo a proibição definitiva de armas de fogo verdadeiras nos sets de filmagem recolheu cerca de 100 mil assinaturas nos últimos dias. Os organizadores da iniciativa apontam a facilidade de recorrer a efeitos visuais e sonoros na pós-produção dos filmes, ao invés do uso de verdadeiras munições.

Shannon Lee, irmã do ator Brandon Lee, que morreu baleado acidentalmente em 1993, aos 28 anos, durante a gravação do longa "O Corvo", nos Estados Unidos, avalia que os atores deveriam receber treinamento antes de manusear armas. "Isso deveria ser obrigatório para garantir a segurança nos sets", afirmou na segunda-feira no Festival Internacional do Cinema Asiático, em Los Angeles. 

Filha do famoso ator Bruce Lee, Shannon diz estar "frustrada" com a tragédia durante a filmagem de "Rust". "Isso não deveria ter acontecido", declarou. 

No último fim de semana, Alec Baldwin se expressou publicamente pela primeira vez sobre a morte de Halyna Hutchins e disse que "havia uma possibilidade em um bilhão" que a tragédia ocorresse. "Não é bem o caso, isso já aconteceu antes", rebateu Shannon Lee, que demonstra ceticismo sobre a abolição de armas de fogo nos sets, "uma ideia impopular na indústria cinematográfica neste momento". 

(Com informações da AFP)