Acessar o conteúdo principal

Ainda sem vitória oficial de presidenciais, Peru vive campanha racista contra Pedro Castillo

Enquanto o Peru ainda aguarda o anúncio oficial do resultado das eleições presidenciais, a perspectiva da vitória do socialista Pedro Castillo causou uma explosão de campanhas racistas e classistas por parte de grupos da extrema direita no país.

Mulher segura cartaz com mensagem "sou professora, não terrorista", durante manifestação em Lima em apoio ao candidato presidencial Pedro Castillo.
Mulher segura cartaz com mensagem "sou professora, não terrorista", durante manifestação em Lima em apoio ao candidato presidencial Pedro Castillo. AP - Martin Mejia
Publicidade

Carlos Noriega, correspondente da RFI no Peru

“Terruquitos, terruquitos, não se escondam, quero vê-los, quero vê-los na vala comum, na vala comum.”

Com esse canto de ameaças, manifestantes da extrema direita marcharam pelas ruas de Lima para protestar contra a eleição do presidente socialista Pedro Castillo.

No Peru, “terruco” é um sinônimo de terrorista, usado pela direita para desqualificar apoiadores da esquerda. É também um termo com forte conotação racista e classista, pois é usado pejorativamente para identificar comunidades rurais e andinas.

São esses grupos populares que votaram em massa em Castillo – garantindo sua vitória ainda não oficializada. Por extensão, Castillo também é chamado de “terruco” pelos opositores de direita.  

Em um país marcado profundamente por desigualdades e exclusões calcadas na questão racial, a vitória eleitoral de Castillo, um professor de origem rural e andina, representa o triunfo de um Peru marginalizado, de populações menosprezadas pelas classes ricas do país. Visto como esperança pelos grupos mais pobres do país, o socialista é entendido como uma ameaça pelos altas castas peruanas, o que fez aflorar um racismo histórico em discursos claramente violentos.

“Há uma campanha abertamente racista contra Pedro Castillo e seus apoiadores. Há de se levar em conta que o triunfo de Castillo é plebeu, popular, provinciano e andino. A parte andina do Peru votou em peso por Castillo”, afirma o sociólogo Alberto Adrianzén.

“[Este voto] também deve ser entendido como um voto contra Lima, onde Keiko Fujimori obteve o apoio de mais de 60% dos eleitores. É por isso que tem aparecido grupos abertamente racistas, com bandeiras fascistas, dizendo que vão matar os comunistas”, completa o sociólogo.

País aguarda resultado há três semanas 

Desde 11 de junho, quando Castillo reivindicou vitória nas eleições presidenciais, Keiko Fujimori, sua oponente, têm denunciado uma suposta fraude e pedido a anulação do pleito. A Missão de Observação Eleitoral da Organização de Estados Americanos (OEA) descartou irregularidades.

“Acredito que o objetivo de inflamar o racismo é buscar, como quer a direita, um confronto contra Castillo e seus eleitores. Creio que o fujimorismo busca uma reação violenta da população”, analisa Adrianzén.

No último dia 24, houve um confronto entre apoiadores de Castillo e de Fujimori diante da sede do tribunal nacional eleitoral peruano, onde as atas de votação estão sendo revisadas após pedido da candidata da direita.

A polícia abriu nessa quarta (30) uma investigação para determinar se a morte de um simpatizante de Castillo está relacionada ao confronto.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.