Americanos celebram "Juneteenth", festa que lembra fim da escravidão no país
A data, comemorada neste sábado (19), é celebrada pela primeira vez como festa nacional. Na última quarta-feira (16), o Congresso americano adotou o texto por 415 votos contra 14, com o apoio dos líderes democratas e republicanos, depois dele ser adotado por unanimidade no Senado. A lei agora deve ser promulgada em breve pelo presidente Joe Biden.
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Loubna Anaki, correspondente da RFI em Nova York
No bairro nova-iorquino do Harlem, "Juneteenth", contração das palavras junho e 19 em inglês, é uma data comemorada todos os anos. É a ocasião para encontrar a família, dançar, comer e homenagear a história do povo negro nos Estados Unidos. Este ano, a celebração teve um gosto diferente, já que a data agora é oficialmente feriado e festa nacional.
"É uma decisão que já deveria ter sido tomada há muito tempo", diz um habitante do bairro. "As pessoas reconhecem enfim esse evento, que a comunidade negra festeja há anos", ressalta outra jovem ouvida pela reportagem da RFI. "Talvez agora o resto do país saiba e talvez alguns saberão enfim o que esse dia representa de fato", acrescenta. "Juneteenth" marca o fim efetivo da escravidão em 1865, dois anos e meio após sua abolição por Abraham Lincoln. Na época, por conta da Guerra da Secessão, a notícia demorou dois anos e meio para chegar à pequena cidade de Galveston, no Texas, e se espalhar pelos estados confederados do sul.
O "Juneteenth" já era feriado em alguns estados. Desde o assassinato de George Floyd, os pedidos para aprovar o projeto de lei cresceram no país. O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, e o senador Chuck Schumer participaram das celebrações no parque de Harlem. Eles reafirmaram o compromisso pela luta contra o racismo e a proteção dos direitos civis.
#Juneteenth is a moment to celebrate freedom and recommit to true racial justice. Join us in Harlem! https://t.co/RuF4PZwpRG
— Mayor Bill de Blasio (@NYCMayor) June 18, 2021
Gestos simbólicos
Apesar do clima de festa, muitos afro-americanos estimam, entretanto, que são necessários "mais gestos simbólicos". Isso porque o direito ao voto das minorias é alvo de ameaças em alguns estados dirigidos por representantes republicanos, como é o caso da Georgia. Mais de 250 projetos de lei estão sendo examinados, dificultando o voto por correspondência, o que teria consequências na participação dos eleitores hispânicos e afro-americanos nos pleitos futuros.
Um estudo publicado em 2020 pelo Brennan Center for Justice, uma organização de defesa dos direitos humanos, mostrou que eles esperam em média 46% e 45% a mais tempo para votar do que os eleitores brancos. O motivo é a falta de um número adequado de locais de voto que concentrem sua inscrições. "Temos que continuar nossa luta", diz outra nova-iorquina entrevistada pela RFI. Não podemos nos contentar com essa pequena vitória. É preciso continuar para obter aquilo que merecemos e preservar nossos direitos de voto em todos os lugares", declara.
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