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Em Cúpula da Biodiversidade na ONU, Bolsonaro acusa ONGs de "crimes ambientais"

O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, afirmou que organizações "associadas a algumas ONGs comandam os crimes ambientais no Brasil e no exterior". A declaração foi feita durante a participação de Bolsonaro na Cúpula da Biodiversidade, nesta quarta-feira (30), na sede das Nações Unidas, em Nova York.

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, em 19 de agosto de 2020, no Palácio do Planalto, em Brasília.
O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, em 19 de agosto de 2020, no Palácio do Planalto, em Brasília. AFP
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Luiza Duarte, correspondente da RFI em Nova York

Chefes de Estado de todo o mundo participaram de forma virtual do evento desse ano que teve como tema “Ação urgente sobre a biodiversidade para o desenvolvimento sustentável”. A Cúpula seguiu o mesmo modelo da Assembleia Geral da ONU, na última semana. Por causa da pandemia, líderes não vieram para a maior cidade dos Estados Unidos. Apenas um delegado de cada país foi autorizado dentro do grande salão no prédio das Nações Unidas. Discursos gravados foram exibidos em um telão e transmitidos em tempo real, através da internet.

Em um discurso de cerca de 5 minutos, Bolsonaro garantiu para a audiência internacional que está empenhado em combater os focos de incêndio no Pantanal. Ele citou a "Operação Verde Brasil 2" como um esforço para tentar "reverter a tendência de aumento das áreas desmatadas" na floresta amazônica.

Bolsonaro respondeu às críticas internacionais sobre sua gestão do meio ambiente dizendo que há  "cobiça internacional" sobre a Amazônia e voltou a falar em "informações falsas" que estariam servindo de pretexto para a imposição de "regras internacionais injustas". Ele falou ainda sobre o interesse de seu governo no "potencial da bioeconomia" e sobre o "aumento da produtividade do setor agropecuário". Contrariando estatísticas, Bolsonaro afirmou que o setor reduziu um "já irrisório impacto sobre o meio ambiente".

Florestas tropicais são as áreas com mais rica biodiversidade no mundo. As imagens de focos de incêndio na Amazônia e no Pantanal ganharam destaque na imprensa internacional e o Brasil enfrenta críticas frontais de governos estrangeiros sobre a atual política ambiental.

Soja transgênica

Durante a Cúpula, o presidente da França, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro do Liechtenstein, Adrian Hasler, manifestaram preocupação com a preservação da Amazônia. Macron afirmou que a "soja transgênica estimula a deflorestação da Amazônia" e que é preciso unir forças para lutar contra uma amaça coletiva. A soja é hoje um dos principais produtos  brasileiros de exportação e o país um dos maiores produtores do mundo do grão.

Na abertura do evento, o Secretario Geral da ONU, Antônio Guterres, destacou o papel das populações indígenas na conservação da biodiversidade. A Cúpula desse ano faz um balanço do "Plano Estratégico para a Biodiversidade 2011-2020" e busca acelerar a implantação dos objetivos na "Década de Ação" que se inicia.

Ele defendeu a biodiversidade como motor do desenvolvimento sustentável e pediu compromisso das lideranças globais para promover a energia renovável. A organização alerta para a importância de polarizadores para a manutenção da biodiversidade e para os desafios provocados pela mudança climática. Segundo a ONU, mais de 75% das safras alimentares globais dependem, pelo menos em parte, de polinizadores animais, cujos declínios em todo o mundo ameaçam a segurança alimentar.

China quer "coordenar desenvolvimento e meio ambiente"

Depois de se comprometer na última semana na ONU em zerar as emissões de carbono da China até 2060, o presidente chinês, Xi Jinping, defendeu que é preciso "coordenar desenvolvimento econômico e proteção do meio ambiente" e disse que "países são como passageiros do mesmo barco".

A China é anfitriã da COP15 e um dos países que mais poluem no mundo. A conferência sobre a biodiversidade deveria acontecer nesse mês de outubro em Kunming, na província do Yunan, mas diante das restrições impostas para conter à Covid-19, foi adiada para maio do próximo ano.

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