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Améria Latina/coronavírus

Argentina, Bolívia e Venezuela suspendem voos da Europa

A suspensão argentina por 30 dias dos voos da Europa e dos demais países mais afetados pelo coronavirus soma-se à decisão da Bolívia e da Venezuela, que também suspendem voos da Europa e tomam decisões que encobrem propósitos políticos contra a oposição.

O presidente argentino Alberto Fernández iniciou na última sexta-feira (31) pela Itália um giro europeu que o levou à Itália, Espanha, Alemanha e será encerrado na França.
O presidente argentino Alberto Fernández iniciou na última sexta-feira (31) pela Itália um giro europeu que o levou à Itália, Espanha, Alemanha e será encerrado na França. REUTERS/Annegret Hilse
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Márcio Resende, correspondente da RFI em Buenos Aires

"Este decreto suspende por 30 dias os voos provenientes da Europa, dos Estados Unidos, da Coreia do Sul, do Japão, da China e do Irã", anunciou o presidente Alberto Fernández em rede nacional de rádio e TV na noite desta quinta-feira (12). O texto do decreto determina a suspensão, em princípio por 30 dias, dos voos internacionais provenientes das zonas mais afetadas pela pandemia. As companhias aéreas das zonas afetadas na Europa poderão operar até segunda-feira (16) para levar residentes aos seus países de origem. Depois desse período, apenas a companhia aérea estatal Aerolíneas Argentinas poderá repatriar residentes na Argentina.

"Dentro dessa restrição, o decreto afirma que serão implementadas medidas para facilitar o regresso desses países de residentes na Argentina", sublinhou Alberto Fernández. O decreto estabelece ainda um "isolamento obrigatório por 14 dias" em quatro casos: pessoas com diagnóstico confirmado; pessoas consideradas como 'casos suspeitos' porque têm sintomas ou porque tenham estado em zonas afetadas; pessoas que mantiveram contato estreito com casos confirmados ou prováveis; e pessoas que tenham entrado na Argentina nos últimos 14 dias, provenientes da Europa, dos Estados Unidos, da Coreia do Sul, do Japão, da China e do Irã.

"Essa quarentena para estrangeiros que chegam ao país já significava, na prática, que ninguém viria à Argentina. Isso afeta muito o Turismo no país", lamentou à RFI o presidente da Câmara Argentina do Turismo, Aldo Elías. "Essa medida só será realmente eficaz se for coordenada com os países vizinhos porque os voos podem ter conexões", questionou ainda o analista político Sergio Berensztein.

50% a mais de casos

O presidente Alberto Fernández advertiu que "aquelas pessoas que infringirem o isolamento terão responsabilidades penais" e que "o decreto obriga cada pessoa a reportar sintomas compatíveis com coronavírus". O Código Penal argentino determina "pena de prisão de seis meses a dois anos para quem violar medidas adotadas para impedir a introdução ou a propagação de uma epidemia".

O pronunciamento do presidente argentino aconteceu no mesmo dia em que o número de contagiados no país aumentou em 50%, passando de 21 para 31 infectados, além do falecido no último dia 7 de março. Dos dez novos casos, três são os primeiros com transmissão local por contato estreito com pessoas que anteriormente vieram de zonas afetadas.

O decreto determina ainda que "o governo poderá determinar medidas para evitar o desabastecimento" e "para estabelecer preços máximos para o álcool gel, máscaras e outros insumos críticos". A decisão de Alberto Fernández replica na Argentina as medidas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre suspender voos da Europa por 30 dias. Até agora, cancelamentos, suspensões e reprogramações de voos dependiam apenas das companhias aéreas que avaliavam caso a caso.

Bolívia e Venezuela combatem o vírus e a oposição

A decisão argentina chega no mesmo dia em que Bolívia e Venezuela também anunciaram a suspensão de voos da Europa para conter o avanço da doença. "Determinei a suspensão de todos os voos da Europa, começando a partir da zero hora de sábado", anunciou a presidente boliviana, Jeanine Áñez, ao declarar a emergência nacional.

A medida vem acompanhada da suspensão das aulas em todos os níveis educacionais, além da proibição de eventos públicos de mais de mil pessoas até 31 de março. A Bolívia está em plena campanha eleitoral, com Jeanine Áñez como candidata a presidente, e o candidato com mais capacidade de mobilização social é o opositor Luis Arce, do Movimento Ao Socialismo de Evo Morales. Assim como a Argentina, a presidente boliviana também anunciou que vai controlar o preço dos insumos médicos necessários para combater o vírus. A Bolívia tem apenas três casos de coronavirus. Dois de infectados na Itália; um na Espanha.

Embora a Venezuela não tenha, oficialmente, nenhum caso confirmado, o venezuelano Nicolás Maduro decidiu "suspender por um mês todos os voos provenientes da Europa, mas também da Colômbia". Maduro também anunciou "a proibição de concentrações ou de eventos maciços, além do fechamento de espaços públicos". A medida também teria um encoberto propósito político de impedir manifestações populares lideradas pela oposição.

A ONU advertiu que o sistema de saúde venezuelano está à beira do colapso e o sindicato médico avisou que não há centros de saúde preparados para atender pacientes de coronavirus. Nicolás Maduro não descartou fechar as fronteiras com a Colômbia e com o Brasil caso a doença se propague através dos vizinhos.

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