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EUA

"Esquadrão" de congressistas que virou alvo de Trump aumenta chances dos democratas em 2020

Representantes de minorias, as quatro congressistas democratas americanas atacadas por Donald Trump encarnam a ala mais à esquerda de seu partido e, na opinião de alguns analistas, o futuro da legenda. A oposição ao presidente republicano – nem sempre isenta de polêmicas – tem permitido a essas parlamentares defender uma agenda mais igualitária e comprometida com as liberdades.

Da esquerda para a direita, as deputadas Ayanna Pressley, Ilhan Omar, Alexandria Ocasio-Cortez e Rashida Tlaib falam na entrevista coletiva convocada após as declarações racistas de Donald Trump.
Da esquerda para a direita, as deputadas Ayanna Pressley, Ilhan Omar, Alexandria Ocasio-Cortez e Rashida Tlaib falam na entrevista coletiva convocada após as declarações racistas de Donald Trump. REUTERS/Erin Scott
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Desde sua chegada à Câmara de Representantes em janeiro deste ano, o grupo de deputadas de origem estrangeira, que Trump mandou voltar a seus países de origem, passaram a ser conhecidas como "O Esquadrão". Alexandria Ocasio-Cortez (Nova York), Ilhan Omar (Minnesota), Ayanna Pressley (Massachusetts) e Rashida Tlaib (Michigan) fazem parte dos novos rostos que permitiram aos democratas retomar o controle da Câmara Baixa do Congresso, após as eleições de meio de mandato de novembro passado.

As quatro combatem o magnata republicano com as mesmas armas – as redes sociais – e querem levar o partido a adotar suas propostas progressistas. Esta agenda enfrenta a resistência dos democratas tradicionais, situados mais ao centro do espectro político.

Trump negou nesta terça-feira as acusações de racismo. "Eu não tenho um só osso racista no meu corpo!", tuitou o republicano. Mas a controvérsia provocada pelo comentário xenófobo contra as parlamentares levou os legisladores a apresentar uma resolução no Congresso condenando os "comentários racistas" do magnata.

Deputadas mobilizam eleitores nas redes sociais

Filha de um americano e de uma porto-riquenha, Ocasio-Cortez, de 29 anos, cresceu no nova-iorquino bairro do Bronx. "AOC" se diz "socialista" e divulga amplamente sua mensagem, graças a seus 4,7 milhões de seguidores no Twitter. Ela é a mais carismática neste grupo de mulheres e prevê um futuro promissor na política americana.

Em meados de junho, "AOC" causou polêmica ao comparar os centros de detenção de imigrantes na fronteira com o México a "campos de concentração" e ao chamar de "fascista" a presidência americana. Seus críticos a acusam de "manchar a memória" das vítimas do Holocausto.

Seu projeto de imposto para os mais ricos, de um controle mais estrito sobre os bancos e suas críticas à "timidez" do plano climático do ex-vice-presidente Joe Biden, pré-candidato democrata na corrida para 2020, geram resistência em seu próprio partido.

Boicote e antissemitismo

Omar e Tlaib, as duas primeiras mulheres muçulmanas a ingressarem no Congresso, são frequentemente acusadas de antissemitismo desde que aderiram a uma campanha internacional de boicote a Israel (BDS em inglês).

Sempre usando seu véu islâmico, Omar, de 37 anos, fez comentários sobre Israel que foram considerados antissemitas por vários congressistas, inclusive democratas. Em fevereiro passado, a representante denunciou que muitos legisladores defendem Israel por interesse financeiro.

Filha de refugiados somális que chegaram a Minnesota quando ela tinha 12 anos, Omar negou que suas declarações tenham sido antissemitas e pediu desculpas a quem viu dessa forma. Em março, ela foi acusada de minimizar os atentados do 11 de Setembro, os mais letais já ocorridos em solo americano.

Na época, Trump publicou um vídeo, associando as declarações de Omar a imagens das Torres Gêmeas de Nova York, devoradas pelas chamas. Depois, o presidente voltou a acusá-la de apoiar o grupo terrorista Al-Qaeda.

Tlaib, de 42 anos, nasceu em Detroit, em uma família palestina. Esta ex-advogada, que fez do pedido pelo "impeachment" de Trump o eixo de sua campanha no estado do Michigan, defendeu em janeiro a campanha BDS. Segundo ela, nos Estados Unidos, o boicote "é um direito". "É parte do nosso combate histórico pela liberdade e pela igualdade", acrescentou.

Pressley, de 45 anos, é a primeira mulher negra a representar o estado de Massachusetts em Washington. Ela integra, junto com Tlaib e Ocasio-Cortez, a poderosa Comissão de Finanças da Câmara. Crítica ferrenha da política migratória do atual governo, denunciou as condições, em que imigrantes centro-americanos são retidos nas instalações da Polícia de Fronteira. "Estão em jaulas", afirmou.

Para Pressley, o "esquadrão" não se limita às quatro legisladoras. "Nosso esquadrão inclui qualquer pessoa que se dedique à construção de um mundo mais justo e mais igual", declarou na segunda-feira (15).

"Não seremos silenciadas", disse Pressley após a série de tuítes de Trump. Ela conclamou os americanos a "não morder a isca" desses ataques, que, segundo ela, visam a desviar a atenção dos verdadeiros problemas do país.

Com informações da AFP

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