Ligia Hougland, correspondente da RFI em Washington
Os democratas conquistaram o controle da Câmara dos Deputados, enquanto os republicanos mantiveram a maioria no Senado, ou seja, o poder na capital americana ficará mais equilibrado.
As eleições legislativas de meio de mandato presidencial são um termômetro do nível de satisfação dos americanos com a Casa Branca, servindo de primeiro indício para a próxima eleição presidencial. Os resultados mistos estão sendo interpretados por republicanos e democratas conforme melhor lhes convêm.
Os republicanos dizem que a oposição feroz a Brett Kavanaugh, o juiz conservador nomeado por Trump para a Suprema Corte, que incluiu até acusações falsas de comportamento sexualmente agressivo e indevido por parte do jurista, causou repúdio aos democratas e garantiu que o Senado permanecesse com os conservadores.
Já os democratas dizem que a retomada do poder na Câmara prova que o sucesso da economia americana favorece mais Wall Street e as grandes corporações do que o trabalhador de classe média. Ambos os partidos reconhecem que os americanos continuam divididos quanto a como lidar com imigrantes ilegais.
"Tremendo sucesso"
O presidente americano, Donald Trump, não hesitou em se gabar do “tremendo sucesso” com a eleição de candidatos por ele apoiados que concorreram e venceram em disputas bastante acirradas, como Ron DeSantis e Rick Scott, que foram eleitos governador e senador pela Flórida, respectivamente.
Outra vitória, embora apertada para os republicanos, foi a reeleição de Ted Cruz, como senador pelo Texas. O antigo rival e atual camarada de Trump derrotou o promissor Beto O’Rourke, apesar da campanha multimilionária do jovem democrata.
A conquista da Câmara pelos democratas pode atrapalhar a capacidade de Trump governar na segunda metade do seu mandato, já que os democratas podem intensificar os esforços de investigação de sua campanha presidencial de 2016, e até mesmo cogitam um processo de impeachment.
Ciente disso, o senador e líder republicano, Lindsey Graham já está advertindo os democratas sobre o alto preço que podem ter de pagar, caso realmente se dediquem a combater o presidente em vez buscar um ambiente mais bipartidário no Congresso. “Temos de encontrar um consenso com os democratas na Câmara. Se eles quiserem investigar Trump até a morte e tentar seu impeachment, isso não vai dar certo”, disse o senador da Carolina do Sul.