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Peru

Presidente peruano diz que se for deposto, país será maior prejudicado

O presidente peruano, Pedro Pablo Kuczynski, conhecido como PPK, apresentou nesta quinta-feira (21) sua defesa sobre denúncia de corrupção. Ele é acusado de receber propina para favorecer a empreiteira brasileira Odebrecht, entre 2004 e 2006, quando era ministro. "O dano que não farão a mim, farão ao Peru", disse o presidente de centro-direita ao encerrar sua defesa no Congresso.

Presidente peruano jura inocência ao lado de seus vices Martin Vizcarra e Mercedes Araoz
Presidente peruano jura inocência ao lado de seus vices Martin Vizcarra e Mercedes Araoz Peruvian Government Palace/Handout via Reuters
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"Está mãos dos deputados salvar a democracia ou afundá-la por muito tempo", afirmou Kuczynski. "Sou um homem honesto, jamais recebi propina, uma moeda, ou um benefício. Nem a minha empresa, nem eu fomos contratados pelo Estado peruano. Jamais caí em conflito de interesses", afirmou o presidente peruano.

Após mais de duas horas de explicação do presidente e de seu advogado, Alberto Borea, os dois se retiraram do Congresso, por volta do meio-dia (horário local). Os 109 legisladores presentes, de um total de 130, iniciaram o debate anterior à votação sobre a vacância presidencial.

Dominado pela oposição fujimorista, Força Popular, o Congresso quer destituir PPK por "permanente incapacidade moral", dias depois de a Odebrecht revelar que pagou quase US$ 5 milhões a empresas ligadas a ele.

"Venho demonstrar minha inocência porque, aparentemente, sou obrigado a isso. Não gozo da presunção de inocência, muitos aqui se posicionaram sem me ouvir", disse o presidente de 79 anos. "Não sou corrupto e não menti. Jamais favoreci uma empresa. Sempre agir de acordo com a lei e com a ética profissional", reforçou PPK.

Efeito Odebrecht

Os analistas antecipam que Kuczynski se tornará o primeiro presidente a perder seu cargo por vínculos com a Odebrecht, empresa envolvida no pagamento de propina em vários países da América Latina para conseguir contratos milionários de obras públicas.

No entanto, de maneira reservada, o governo realizou nos últimos dias esforços para tentar convencer legisladores opositores a votarem contra a "vacância" presidencial.

"Parece que nas últimas horas conseguiram convencer alguns congressistas de esquerda. Há três dias, diria que o destino do presidente estava definido. Agora não estou tão certo", declarou à AFP um funcionário de confiança do presidente que pediu para não ser identificado.

O presidente negava desde antes de assumir o mandato, em 28 de julho de 2016, que tivesse vínculos com a Odebrecht, até que foi desmentido pela própria empresa. Diante do Congresso, Kuczynski afirmou que enquanto era ministro não tinha comunicação com seu sócio para evitar conflitos de interesse.

Há oito dias este escândalo de corrupção cobrou outra proeminente vítima no vizinho Equador: o vice-presidente Jorge Glas foi condenado a seis anos de prisão por receber propina.

'Que todos os corruptos vão embora'

A Organização de Estados Americanos (OEA) anunciou que enviará uma missão a Lima para observar o processo de destituição de Kuczynski.

Se Kuczynski for retirado de seu cargo, o primeiro vice-presidente, Martín Vizcarra, deve assumir o cargo pelo resto do período, que acaba em 28 de julho de 2021.

Engenheiro de 54 anos, Vizcarra trabalhava como embaixador no Canadá e voltou apressadamente ao Peru por conta da piora da crise política. Kuczynski disse que nenhum de seus vice-presidentes aceitaria assumir o cargo. Nesse caso, teria que assumir o presidente do Congresso, Luis Galarreta, que deveria convocar eleições antecipadas.

O partido fujimorista, Força Popular, tem pressionado Kuczynski desde o início de seu mandato. Mas o fantasma da Odebrecht também persegue Keiko Fujimori, filha do ex-presidente preso Alberto Fujimori, que é investigada por supostos pagamentos recebidos da empresa.

Em uma amostra de desconfiança com os políticos em geral, milhares de peruanos marcharam na quarta-feira (20) para exigir "que todos os corruptos vão embora".

Esquema milionário

A Odebrecht admitiu ter pago US$ 29 milhões em propina no Peru entre 2004 e 2015, período que abarcou os governos de Alejandro Toledo (2001-2006), no qual Kuczynski foi ministro, Alan García (2006-2011) e Ollanta Humala (2011-2016).

Humala permanece em prisão preventiva, acusado de receber US$ 3 milhões para sua campanha eleitoral em 2011, enquanto contra Toledo pesa uma ordem de extradição dos Estados Unidos por supostamente receber US$ 20 milhões em propinas para conceder a Odebrecht a construção de uma estrada.

(Com agência AFP)

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