Acessar o conteúdo principal
Argentina

Câmara argentina dá primeiro passo para a volta do país ao mercado internacional

O governo de Mauricio Macri conseguiu nessa quarta-feira (16) sua primeira vitória no Congresso com a aprovação, pela Câmara dos Deputados, do projeto de lei que abre caminho para a conclusão de um acordo com os credores da dívida em “default”. Ainda falta a aprovação no Senado para que a Argentina possa voltar ao mercado de crédito internacional após 15 anos.

Congresso argentino durante de debate da lei para pagar os credores.
Congresso argentino durante de debate da lei para pagar os credores. REUTERS/Marcos Brindicci
Publicidade

Nesta mesma quarta-feira, começa a análise do projeto de lei em comissões do Senado, onde a oposição kirchnerista é maioria e se opõe ao acordo para pagar US$ 4,653 bilhões, assinado pela Argentina com os fundos NML Capital e Aurelius, entre outros, em um endividamento que pode chegar a US$ 12 bilhões.

Com o apoio de opositores moderados, o acordo do governo de Macri obteve 165 votos a favor, 86 contra e nenhuma abstenção em uma sessão de quase 20 horas de tensos debates. "Claro que esse acordo não é o ideal nem o desejável, mas foram feitas mudanças que merecem o apoio”, disse à agência AFP Mario Negri, deputado da União Cívica Radical (UCR), que integra a aliança de centro-direita Cambiemos de Macri.

O ex-candidato presidencial pelo peronismo de centro-direita, Sergio Massa, aceitou votar para que a Argentina saia do default com os chamados “fundos abutres”. "Este tema da dívida serve para a política macroeconômica da Argentina e para os investimentos, mas temos a realidade de todos os dias do aposentado e do trabalhador", disse, ao pressionar o governo para que dê respostas urgentes à inflação e à perda do poder aquisitivo do argentino médio.

O projeto de lei derroga as leis "Cerrojo" e Pagamento Soberano - a pedido da justiça em Nova York - e autoriza a maior emissão de um país em desenvolvimento desde 1996, para pagar, em espécie, os 'holdouts' que processaram a Argentina nos Estados Unidos.

Enquanto transcorria a sessão da Câmara, Macri afirmou que "vai levar tempo" para normalizar o país, mas acha que, à medida em que a Argentina acessar o crédito internacional, o comércio com outros países será dinamizado e reverterá a “década de uma política econômica equivocada", em referência a seus antecessores Néstor e Cristina Krichner (2003-2007; 2007-2015).

Em sintonia com Nova York

Paralelamente à votação, o juiz Thomas Griesa emitiu em Nova York uma ordem que autoriza o mecanismo de pagamento da Argentina para saldar o litígio judicial e evitar possíveis embargos de outros credores.

O dia 14 de abril é a data limite fixada por Griesa para o pagamento dos fundos que o mercado chama de “abutres” por comprarem títulos de países quebrados a um preço baixíssimo, exigindo sua remuneração integral nos tribunais.
O bloco integrado pela Frente para a Vitória, da ex-presidente Kirchner, e outros partidos de esquerda votaram contra. A emissão de bônus é para pagar os fundos abutres e outros holdouts que processaram a Argentina. São parte de 7% de credores que aderiram à reestruturação da dívida de 2005 e 2010.

Griesa pediu a derrogação das leis "Cerrojo" e Pagamento Soberano para suspender as ordens judiciais contra a Argentina, como o bloqueio de US$ 539 milhões em um banco de Nova York. O dinheiro pertence aos 93% dos credores que aderiram à reestruturação. Griesa recorreu ao embargo para castigar o descumprimento argentino de sua sentença de 2012.

Essas leis impedem oferecer qualquer melhora a um credor sem estendê-la aos demais. Por pedido da oposição, se reformulou um artigo que deixa o acordo condicionado à suspensão pela justiça nova-iorquina dos castigos contra o país.

(Informações da AFP)

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.