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Equador/Igreja

Papa Francisco reúne 800 mil pessoas na primeira missa da turnê pela América do Sul

O papa Francisco reuniu na segunda-feira (6), em Guayaquil, no Equador, 800 mil fiéis sob um sol abrasador, na primeira missa campal de sua visita à América do Sul. Ele pediu mais ajuda e serviços sociais para as famílias, sufocadas por problemas. 

Papa Francisco celebra missa campal em Guayaquil, no Equador
Papa Francisco celebra missa campal em Guayaquil, no Equador REUTERS/Osservatore Romano
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Uma multidão exausta pela exposição a temperaturas de até 32º C e longas vigílias escutou a liturgia de quase duas horas no parque Los Samanes. De volta à América do Sul dos "frágeis" e "vulneráveis", Francisco dedicou a homilia à família, um dos grandes desafios de seu pontificado, diante dos males que a assola, como as "doenças", a "falta de amor" e de trabalho.

"A família constitui a 'grande riqueza social' que outras instituições não podem substituir, que deve ser ajudada e potencializada, para não perder nunca o sentido justo dos serviços que a sociedade presta aos cidadãos", disse."De fato, estes não são uma forma de esmola, mas uma verdadeira dívida social com relação à instituição familiar, que tanto aporta ao bem comum de todos."

Crise na família

Francisco arrancou risos dos fiéis ao usar uma metáfora para descrever a disposição da Igreja de atender os problemas que as famílias enfrentam, ao invés de condená-los. A Igreja "não é uma mãe que reclama, nem uma sogra, que vigia para rir das nossas imperícias, dos nossos erros ou desatenções. Maria simplesmente é mãe! Está ali, atenta e solícita", destacou.

A mensagem de Francisco calou fundo entre os presentes, que suportaram um calor extremo com jatos d'água lançados pelos bombeiros. Mesmo assim, algumas pessoas perderam a consciência e precisaram ser socorridas. Olimpia Herrera, uma professora de 62 anos, se disse convencida pelas palavras do pontífice. "Estávamos precisando [deste testemunho] porque há muitos lares que estão desintegrados", disse à AFP.

A crise da família será um dos temas que serão debatidos em outubro no Vaticano durante o sínodo dos bispos, no qual serão fixados os critérios com os quais a Igreja do século XXI encarnará as mudanças das sociedades modernas, como a família monoparental, o casamento entre pessoas do mesmo sexo e o acesso à comunhão para os divorciados que voltarem a se casar.

"O vinho é sinal de alegria, de amor, de abundância. Quantos dos nossos adolescentes e jovens percebem que, em suas casas, isso não tem faz tempo. Quantos idosos se sentem deixados de fora da festa de suas famílias, em um canto", clamou o papa. Ainda assim, Francisco se mostrou muito otimista com o futuro da família: "O melhor vinho está por vir naqueles que hoje veem tudo desabar".

Missa em Quito

Nesta terça-feira (7), o papa celebra uma segunda missa campal em Quito, no parque Bicentenário, onde são esperadas um milhão de pessoas. Antes de ir a Los Samanes, Francisco fez um trajeto de carro até o santuário do Senhor da Divina Misericórdia, durante a qual voltou a receber demonstrações de carinho de pessoas que se amontoaram dos dois lados da rua.

Já na capela, reuniu-se com um grupo de convidados, os quais surpreendeu com um pedido: "Eu os abençoo. Não, não vou cobrar nada de vocês, mas peço, por favor, que rezem por mim. Prometem?", disse o sumo pontífice, arrancando risos dos presentes.

Em seu regresso a Quito, o papa se reuniu durante meia hora com o presidente do Equador, Rafael Correa, mas o conteúdo do encontro não foi divulgado. Após a reunião, Francisco fez um novo apelo para que não haja diferenças e exclusões no país. "Vou dar a benção para este grande e nobre povo equatoriano, para que não haja diferenças, que não haja gente que se descarte. Que todos sejam irmãos, que se incluam todos e que não haja ninguém excluído desta grande nação", disse o papa em visita à catedral metropolitana.

Durante a tarde, Francisco visitou o colégio Javier dos jesuítas, também em Guayaquil, onde se reencontrou - após 30 anos - com o padre Francisco Cortés ou padre Paquito, que lhe ajudou no ensino de jovens quando Francisco era reitor de um colégio em Buenos Aires. "Foi um encontro emotivo, muito familiar", contou o padre Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano.

Em seu primeiro dia no Equador, Francisco já deu demonstrações da simplicidade e da afetividade que o tornaram famoso no mundo: deixou que tirassem 'selfies' com ele no aeroporto de Quito, permitiu que um jornalista beijasse sua mão e abençoou fiéis que o aclamavam à noite nos arredores do Núncio Apostólico, onde está alojado, não sem antes pedir que deixassem os vizinhos dormir.

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