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Linha Direta

Escalada de tensão na Faixa de Gaza a 20 dias de eleições gerais em Israel

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A tensão entre israelenses e os palestinos da Faixa de Gaza aumenta a 20 dias das novas eleições gerais em Israel. Ataques e contra-ataques podem levar a uma escalada mais séria em meio à campanha eleitoral.

Cidade de Gaza, após ataque (27/08/19).
Cidade de Gaza, após ataque (27/08/19). REUTERS/Mohammed Salem
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Correspondente da RFI em Israel

A situação voltou a esquentar no domingo (25), quando três foguetes lançados por palestinos da Faixa de Gaza atingiram Israel. Dois foram interceptados pelo sistema antiaéreo Domo de Ferro, mas um atingiu uma prédio na cidade israelense de Sderot, a um quilômetro da fronteira com Gaza.

O prédio estava abandonado e ninguém ficou ferido, mas os lançamentos levaram pânico a milhares de israelenses que estavam em um show de música ao ar livre. Vídeos com homens, mulheres e crianças correndo em desespero inundaram a internet e a mídia israelense minutos depois.

Nem o grupo islâmico Hamas, que controla Gaza há 12 anos, e nem seu aliado, o grupo Jihad Islâmica, assumiram a responsabilidade pelos ataques.

Horas depois, Israel ataque locais em Gaza que divulgou como sendo alvos do Hamas. Não há informações de mortos ou feridos. Nesta terça-feira (27), novamente quatro morteiros foram lançados de Gaza contra o Sul de Israel.

"Punição coletiva"

A reação de Israel foi reduzir à metade o abastecimento de combustível para Gaza, o que pode resultar na diminuição de horas de eletricidade para os moradores locais. Atualmente, os moradores de Gaza só recebem de 6 horas a 10 horas por dia de eletricidade.

Os palestinos denunciaram a medida como “punição coletiva”.

Alguns analistas acreditam que o Hamas e a Jihad Islâmica estão cutucando o leão com vara curta com os lançamentos de morteiros e foguetes contra Israel, que, em geral, causam mais pânico do que danos. Caso alguém tivesse morrido do lado israelense, por exemplo, Israel certamente retaliaria com mais veemência, o que poderia levar a uma escalada ainda maior de ataques e contra-ataques.

A única que sairia fortalecida, de alguma forma, seria a Jihad Islâmica, financiada cada vez mais com pelo Irã. Teerã não esconde a intenção de desestabilizar o Oriente Médio, causar o máximo possível de dano a Israel e se estabelecer com o principal força regional.

O Hamas quer pressionar Israel a acelerar a implantação de um acordo de cessar-fogo mediado pela ONU e pelo Egito. Esse acordo prevê medidas como o aumento da zona de pesca de Gaza, a entrada de mais combustível no território e uma ajuda financeira do Qatar.

A ajuda do Qatar já começou a chegar, na semana passada, quando um representante do país entrou em Gaza com dez milhões de dólares em dinheiro vivo.

Pressão sobre Netanyahu

No domingo (25), milhares de moradores de Gaza fizeram fila em frente a agências de correio para receber notas de US$100, cada um.

Mas nada melhor do que atacar Israel às vésperas das eleições para pressionar Netanyahu a aceitar as outras demandas. Até porque o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, quer assegurar relativa estabilidade e calma antes do pleito para tentar a reeleição.

Na verdade, Netanyahu também teria interesse em manter o conflito com os palestinos em fogo brando, vendendo aos eleitores israelenses a imagem de “senhor segurança”.

Mas esse jogo de xadrez arriscado de ambos os lados pode levar a um conflito maior. O coordenador especial da ONU para o Oriente Médio, Nickolay Mladenov, pediu calma em discurso diante do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Ele disse que “Israel deve calibrar seu uso de força letal só como último caso e só como resposta a ameaças iminentes de mortos ou feridos sérios. E o Hamas deve evitar lançamentos indiscriminados de foguetes e morteiros contra Israel”.

O líder da guerrilha libanesa Hezbollah, Hassan Nassrallah, a ameaçou Israel com uma retaliação depois de um ataque que teria sido realizado por Israel em Beirute no domingo. Dois drones atingiram uma base do Hezbollah, que acusou Israel.

Braço do Irã no Líbano

O primeiro-ministro Netanyahu retrucou a ameaça, dizendo que se o Hezbollah atacar Israel, o Líbano pagará o preço. O Hezbollah atua praticamente como um braço do Irã no Líbano. Israel se preocupa com o aumento da influência do Irã não só lá em em Gaza, mas principalmente na Síria.

O país registrou reclamação na ONU contra uma tentativa iraniana de realizar ataques com drones contra Israel, recentemente.

Por causa disso, as autoridades locais não reagiram bem ao convite-surpresa feito pelo presidente francês, Emmanuel Macron, ao chanceler iraniano, Mohammad Javad Zarif, para participar do último dia encontro do G7 na França.

Morte de policiais

O Hamas também enfrenta seus próprios problemas internos. Na madrugada desta quarta-feira, três policiais foram mortos e outros feridos em duas explosões na Cidade de Gaza. Após acusar Israel, autoridades locais passaram a apontar como culpados grupos contrários ao Hamas e simpatizantes do Estado Islâmico.

Segundo testemunhas, uma homem-bomba se aproximou de um grupo de policiais do Hamas com uma moto cheia de explosivos a explodiu. Depois, continuou a pé até outro grupo de policiais e explodiu explosivos que estavam em sua roupa. O Hamas afirma estar buscando os criminosos por todo o território, que declarou estar em “estado de alerta”.

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