Oposição exige que Rajoy renuncie por envolvimento em “mensalão espanhol”

A Espanha vive uma grave crise política nesta semana que fez com que a oposição exigisse a renúncia do primeiro-ministro Mariano Rajoy. Ele é acusado de receber doações ilegais de empresários, em um esquema que ficou conhecido como o “mensalão espanhol”. Sobre este assunto, conversamos com a nossa correspondente em Madri, Luisa Belchior.

O Primeiro Ministro espanhol, Mariano Rajoy. REUTERS/Sergio Perez

A jornalista Luisa Belchior explica que o jornal El Mundo publicou uma matéria denunciando o escândalo no qual Mariano Rajoy está envolvido e que foi o estopim da crise. O premiê teria trocado mensagens pelo celular com o ex-tesoureiro de seu partido, o Partido Popular (PP), Luis Bárcenas, apontado como o cabeça do mensalão espanhol.

“Essa troca de mensagens teria acontecido depois de Bárcenas ter sido indiciado no caso no começo deste ano. Desde junho ele está em prisão preventiva e, nesta segunda-feira, ele deu um depoimento à Justiça espanhola, no qual mencionou Rajoy pelo recebimento destas verbas não declaradas do Partido Popular. Essas declarações levaram a oposição a pedir a renúncia de Rajoy.”, afirma.

As declarações do ex-tesoureiro do PP são graves. Ele afirmou ao juiz que entregou ao premiê em mãos cerca de 50 mil euros, o equivalente a 148 mil reais – montante que teria vindo do financiamento ilegal do partido.

Luísa Belchior conta que, além do recebimento ilegal deste montante, pela primeira vez desde que o caso veio à tona, Bárcenas também reconheceu a veracidade de uma lista com a suposta contabilidade não declarada do PP dos últimos 20 anos. “Esta lista foi publicada pelo jornal El País no início deste ano e apontou o ex-tesoureiro como autor destes documentos. Ele anotava à mão todas as doações feitas por empresas ao Partido Popular e, principalmente, quanto era destinado a cada membro do alto escalão do PP, incluindo Mariano Rajoy.”

Sobre as chances reais do premiê renunciar, a jornalista relata que, até o momento, ele negou o pedido da oposição. “Ele disse que o governo espanhol não se submete ao que ele chamou de ‘chantagem sem fundamento’ e que cumprirá o mandato que foi confiado a ele pelos espanhóis”, conta. Ela ressalta que, caso a renúncia aconteça, quem assumirá o posto será a sua vice, Soraya Sáenz de Santamaría, que, por enquanto, é um dos poucos membros do alto escalão do PP que ainda não foi mencionada no mensalão espanhol.