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Brasil/Futebol

"Copa do Mundo não mobiliza mais o Brasil", diz Le Monde

Os franceses estão surpresos, e não é pra menos. Em uma reportagem publicada na edição deste domingo (17), a correspondente do jornal Le Monde em São Paulo, Claire Gatinois, entrevistou uma série de brasileiros e especialistas para entender porque a competição não faz vibrar em 2018 os pentacampeões do mundo.

Vista da favela da Rocinha durante o jogo Brasil x Suíça pela Copa do Mundo da Rússia, em 17 de junho de 2018.
Vista da favela da Rocinha durante o jogo Brasil x Suíça pela Copa do Mundo da Rússia, em 17 de junho de 2018. REUTERS/Bruno Kelly
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Segundo o jornal francês, a Copa não dissimula os casos de corrupção de dirigentes políticos brasileiros e do futebol. Rafael Marum, brasileiro de 35 anos, normalmente “apaixonado por futebol”, declarou a Le Monde que estava “pouco ligando [para a competição] este ano”. “E eu não posso mais vestir essa coisa verde e amarela. Virou o símbolo de uma manipulação política”, explica ele ao diário.

Le Monde conta ainda que os camelôs brasileiros tentaram oferecer uma “versão vermelha” da camisa da seleção, com “as cores do PT”, mas que também “não deu certo”. “O país não vibra mais como nas outras Copas. As ruas normalmente pintadas com as cores nacionais continuam cinzas”, constata a reportagem, que completa dizendo que “as conversas ficam mais em torno da corrupção política em Brasília do que do quinto metatarso do pé direito de Neymar, que sofreu uma fissura no fim de fevereiro”.

53% dos brasileiros não possuem interesse pela Copa

“O país do futebol parece virar as costas para sua paixão, e a derrota por 7 X 1 para a Alemanha, em 2014, é apenas uma pequena parte disso”, analisa a correspondente do Le Monde no Brasil, Claire Gatinois. “Segundo uma pesquisa do Instituto Datafolha de 12 de junho, 53% dos brasileiros afirmam não ter interesse pelo evento”, lembra.

O jornal francês publica que as estatísticas são ainda mais surpreendentes “quando sabemos que a equipe brasileira está entre as favoritas para vencer o Mundial, após ter vencido a Olimpíada em agosto de 2016, em casa”. Segundo o sociólogo Ruda Ricci, entrevistado por Le Monde, “a Copa do Mundo sempre foi uma válvula de escape para o país. Um momento coletivo, de comunhão nacional. Mas, hoje em dia, a imagem deste coletivo está destruída. O Brasil não tem mais autoestima”, diz.

O jornal publica que “a ferida é profunda”. “Envergonhados de um país que continua a descer em direção ao abismo de uma crise política, econômica e ética, os brasileiros não têm vontade de celebrar uma equipe com as cores de sua bandeira”, diz. “O país está apagado”, declara a Le Monde o comentarista esportivo Paulo Calçade, da ESPN. “O mundo do futebol se tornou um espelho das misérias brasileiras. Encontramos dentro dos clubes as mesmas intrigas e cambalachos que na vida política”, conclui.

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