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França/Sociedade/ Precariedade/Ação social

Comerciantes parisienses oferecem serviços aos moradores de rua

Diante de uma certa urgência social - em 10 anos, o número de sem-teto aumentou 50% para cerca de 140 mil -, os habitantes de Paris procuram soluções viáveis no combate contra uma precariedade imposta por altos níveis de desemprego.

Charlie Henafi, comerciante engajado e padrinho do Le Carillon.
Charlie Henafi, comerciante engajado e padrinho do Le Carillon. RFI/D. Legras
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Um exemplo é a criação, em 2015, da associação Le Carillon- Um por Todos. Um dos fundadores do projeto, o jovem parisiense Louis-Xavier Leca, 28, criou uma eficiente rede de solidariedade entre os comerciantes do seu bairro, no noroeste de Paris.

A associação propõe uma parceria cujo princípio é simples e eficaz: o lojista cola em sua vitrine um adesivo indicando sua adesão ao projeto, bem como os serviços que oferece.

Um copo d'água, um café, um bate-papo, a possibilidade de recarregar o celular, um prato de comida gratuito, um corte de cabelo, um curativo, um empréstimo de livros etc.

A RFI Brasil conversou com Virginie Gonçalves, gerente da pastelaria portuguesa DonAntonia e membro da rede solidária. Ela diz que oferecer uma taça de café, um copo d’água ou um lanche que não será vendido,  parece natural.

"Oferecer uma pequena ajuda a um passante que esteja precisando é uma satisfação e acontece espontaneamente", afirma.

A livraria parisiense La Tête Ailleurs, que também aderiu ao movimento, oferece a possibilidade de empréstimo e doações de livros, mas também, pontualmente, de doações de roupas.

Marise Mondain, gerente da livraria, menciona duas pessoas que a visitam regularmente e que adoram literatura.

Ela acredita que esses dois habitués tiveram que vencer uma certa timidez, pois “uma livraria pode ser um espaço intimidante para aqueles que se sentem rejeitados pela sociedade.”

Mondain sublinha a importância de uma certa organização, já que existem momentos do dia em que os funcionários estão muito ocupados.

Portas sempre abertas

Charlie Henafi, proprietário da peixaria Lacroix, é tão ativo na vida social do bairro, que acabou se tornando o padrinho da associação Le Carillon.

Ele faz parte do Conselho Municipal da cidade e explica que há anos tem se dedicado a criar vínculos entre os diferentes habitantes de sua região.

A estratégia adotada por Henafi, antes mesmo da criação da rede solidaria, é singela: suas portas estão sempre abertas.

A pedra angular do projeto é que os consumidores também se sintam atuantes. Ao consumir num dos locais que fazem parte da rede colaborativa, patrocina-se de maneira indireta refeições aos moradores de rua.

Tecido social e sistema de autoajuda

Laura Gruarin, coordenadora do polo de sensibilização do Le Carillon, exalta o objetivo maior da associação, o de criar uma harmonia social em que cada habitante se sinta corresponsável e atuante.

Atualmente, mais de 200 estabelecimentos comerciais oferecem serviços cotidianos aos moradores de rua.
Pequenos livretos - indicando todos os endereços e serviços disponíveis - são distribuídos à população carente.

E o que inicialmente começou num perímetro reduzido da cidade vai se expandindo pouco a pouco. A partir deste mês, o Le Carillon aumenta seu número de assalariados (eles são uma quinzena) e integra, em sua rede, comerciantes localizados do outro lado do rio Sena.

 

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