Brexit pode provocar crise financeira mundial, diz Libération
Os principais jornais franceses destacam nesta quinta-feira (7) as consequências nefastas do Brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia, para a economia mundial.
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O Libération traz o receio de um efeito bola de neve do Brexit. Segundo a reportagem, o período é de preocupação. De um lado, os investidores amendrotados querem recuperar suas perdas. Do outro, os fundos imobiliários são incapazes de enfrentar as demandas maciças de retiradas e não têm outra alternativa senão fechar as portas.
A reportagem diz que o cenário é um "déjà vu" dos primeiros movimentos de pânico que anunciaram a crise de créditos em 2007, cujo epicentro foi os Estados Unidos.
Muitos observadores têm receio do pior e se perguntam: será que o mercado imobiliário britânico será o próximo detonador de uma crise financeira mundial? Não levou muito tempo para que o Brexit afetasse esse setor chave da economia britânica, em pleno boom há vários anos.
Fundos fecham temporariamente
Desde segunda-feira, os fundos Standard Life, Aviva Investors e M&G Investiments, que administram juntos cerca de € 10,5 bilhões no mercado imobiliário comercial, foram obrigados a fechar temporariamente. Três outros fundos seguiram o mesmo caminho na quarta. Um fenômeno jamais visto desde a crise financeira de 2007.
Uma das razões da crise no setor imobiliário comercial, que inclui escritórios e lojas, é a ameaça de multinacionais e de instituições financeiras de transferir suas sedes do Reino Unido para outros países da Europa.
Manuel Valls quer atrair empresas
O Le Figaro também dedica várias páginas ao tema. Em um dos artigos, o jornal mostra como o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, tenta atrair as empresas estrangeiras que decidirem deixar o Reino Unido.
Ele participou do encontro Paris Europlace, que reúne o suprassumo do mercado financeiro parisiense, e anunciou que as firmas internacionais que se instalarem no país se beneficiarão de um abatimento de 30% a 50% sobre os impostos. O objetivo do primeiro-ministro é que a França tenha o regime mais favorável da Europa.
Mas o artigo afirma que talvez isso não seja suficiente para transformar Paris na terra de acolhimento natural das finanças europeias. No Reino Unido, o governo já tenta conter a debandada das multinacionais com medidas de emergência, como a redução a 15% das taxas de imposto, enquanto que a França oferece 28%.
Paris aposta, então, em outras qualidades para atrair as empresas: investimento em infraestrutura de transporte e na oferta de escritórios e de habitação, local único de trâmites para as empresas estrangeiras, acolhimento especial para as firmas start-up e abertura de seções internacionais nas escolas.
Além de Manuel Valls, marcaram presença no evento a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, e a presidente da região, Valérie Pécresse. Hidalgo finalizou seu discurso afirmando que Paris se tornará "a cidade financeira mais importante da Europa".
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