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Planeta Verde

Em guerra contra o plástico, França resgata hábito de devolução de garrafas

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A França tenta recuperar o atraso na reciclagem de lixo, em relação aos vizinhos europeus, e lançou uma guerra contra os plásticos. Uma série de medidas contra o desperdício e para estimular a economia circular foram apresentadas pelo governo. Os produtos plásticos de uso único serão proibidos em 2020, as fabricantes terão de pagar mais pelo lixo que colocam no mercado e o princípio do retorno das garrafas será restaurado – não as de vidro, como no passado, mas sim as de plástico.

Projeto de lei "Por Uma Economia Circular" será avaliado pelo parlamento francês em setembro.
Projeto de lei "Por Uma Economia Circular" será avaliado pelo parlamento francês em setembro. Getty Images
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A secretária de Estado para a Transição Ecológica, Brune Poirson, ressaltou que o país está engajado em “transformar profundamente o modo de produção e consumo”, para um modelo mais sustentável. O objetivo é que 100% do plástico usado na França em 2025 seja reciclado.

As garrafas descartáveis, por exemplo, devem custar alguns centavos a mais, que poderão ser devolvidos se a embalagem vazia for entregue para a reciclagem. A medida visa cumprir a meta europeia de reciclar 90% das garrafas.  

canudos de plástico serão proibidos, entre vários outros produtos de uso único.
canudos de plástico serão proibidos, entre vários outros produtos de uso único. © Isabel Pavia/Gettyimages

Na organização ambiental France Nature Environnement, a encarregada de questões institucionais Morgane Piederrière comemora a medida, mas acha que a França pode ir além e estimular melhor a reutilização dos recursos.

“Milhares de garrafas plásticas são jogadas fora nos cafés, hotéis e restaurantes. Em vez de descartá-las, os caminhões que entregam essas garrafas poderiam partir com elas vazias e lavá-las para um centro de reutilização”, explica Morgane. “Desta forma, poderíamos preservar muito os recursos, porque a reciclagem tem limites: não se pode reciclar para sempre um produto.”

Conserto quase impossível

Para ela, esse princípio se aplica não só para as garrafas, como a uma infinidade de produtos que, atualmente, acabam no lixo por falta de alternativa de conserto. Quem visita pela primeira vez a Europa costuma se surpreender com a quantidade de lixo incomum nas ruas, como impressoras, televisores, colchões ou móveis.

“Hoje, a reciclagem não basta. A prioridade máxima é fazer menos lixo. Para isso, é preciso desenvolver todas as atividades ligadas à prevenção do lixo, como os empregos no conserto e reutilização de produtos”, avalia a ambientalista. “Atualmente, se o micro-ondas estraga, é quase tão caro consertá-lo do que comprar um novo. As pessoas sequer sabem a quem recorrer para consertar.”

O pacote de medidas propostas pelo governo incita o reaproveitamento. As fabricantes passarão a ser obrigadas a informar melhor sobre as possibilidades de adquirir peças de reposição, uma reivindicação antiga dos ecologistas. Os produtos menos poluentes e com conserto e reciclagem possíveis terão reduções de custos, de até 20%.

“Quando você compra um produto na França, você não tem como sabe se existem peças para substituir as estragadas. Nunca sabemos se é possível trocar a bateria de um celular ou não por exemplo. Isso vai mudar com essa nova lei”, constata Morgane.

Governo vai prensar fabricantes de materiais de construção

Outra proposta bem-vinda pelas associações é a que reforça o chamado conceito de poluidor-pagador. As fabricantes de materiais de construção terão de colaborar com os custos da gestão dos dejetos de obras, que representam nada menos do que 70% do lixo produzido na França por ano.

Além das medidas governamentais, a sociedade civil também se organiza para melhorar a questão. Por todos os cantos do país, franceses se envolvem na redução do lixo, um desafio primordial para limitar a destruição do planeta.

A cidade de Roubaix, no norte do país, se tornou referência nas políticas de “lixo zero”, ao criar um selo que atesta o esforço de creches, escolas, restaurantes e até lojas para diminuir a quantidade de dejetos. É o caso da livraria Les Lisières.

“Insistimos na questão da embalagem para presente. Não é preciso comprar uma nova a cada presente. Tivemos a ideia de usar as dezenas de cartazes que recebemos na livraria, de editoras, campanhas publicitárias”, explica a gerente Emily Vanhee. “Os cartazes de espetáculos são muito bacanas e já faz tempo que os utilizamos como embalagem.”

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