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Linha Direta

Anexação da Crimeia e falta de candidatos de peso ajudaram a eleger Putin

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Há quase 20 anos no poder, Vladimir Vladimirovitch Putin conquistou neste domingo (19) seu quarto mandato de presidente da Rússia. Além da falta de concorrentes de peso, temas como a anexação da Crimeia tiveram impacto no pleito. Mas alguns detalhes, com o resultado do candidato Comunista e o índice de participação, mostram que essa vitória não foi tão esmagadora quanto parece.

Após a apuração de 90% dos votos, o presidente russo, Vladimir Putin venceu as eleições presidenciais russas de forma esmagadora.
Após a apuração de 90% dos votos, o presidente russo, Vladimir Putin venceu as eleições presidenciais russas de forma esmagadora. REUTERS/Sergei Karpukhin
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Do enviado especial a Moscou

Como já era de se esperar, os jornais russos desta segunda-feira (19) destacam o resultado das eleições. A manchete do KomsoMolskaia  é “A vitória absoluta de Putin”, termo que também é utilizado pelo Rossiiskaja Gazeta. O jornal Izvesia, um dos principais títulos da imprensa diária russa, destaca no título a frase “O sucesso nos espera”, citando o discurso de vitória de Putin.

O Kommersant, jornal econômico e com uma linha editorial mais internacional, lembra que Putin ganhou a eleição apesar da crise diplomática com o Reino Unido. O tema, aliás, foi citado pelo presidente reeleito na entrevista coletiva após a divulgação do resultado. Putin declarou que a Moscou não é responsável pelo episódio, pois seu país não teria mais armas químicas. E completou dizendo que, “se a Rússia estivesse por trás do caso, esse ex-espião não estaria mais vivo”.

No entanto, apesar do tom ufanista da imprensa, o resultado conquistado pelo representante do Partido Comunista, Pavel Groudinine, também surpreendeu. Ele reuniu quase 12% dos votos, o que pode parecer pouco, mas já é bem acima do que vinha sendo anunciado pelos institutos de sondagem. Mesmo assim, a falta de uma concorrência séria acabou favorecendo Putin, pois todos os candidatos tiveram resultados extremamente baixos, o que deu ao presidente ao novo mandato de seis anos desde o primeiro turno.

Rússia na periferia do mundo civilizado

Outro aspecto que marcou essa campanha foi a anexação da Crimeia (que Moscou e os partidários de Putin preferem chamar de “reunificação”). Putin usou essa operação como um exemplo de sucesso de seu terceiro mandato e lembrou do fato em diversos momentos da campanha. Foi na Crimeia que o presidente-candidato fez um de seus raros comícios, além de ter mudado a data da eleição deste domingo para coincidir com o aniversário de quatro anos da transferência do território ucraniano para a Rússia.

“A Crimeia dará a Putin seu lugar na história pois, vista da Rússia, trata-se de uma operação que vai ser lembrada para sempre”, comentou o historiador e diretor da Câmada de comércio e da indústria franco-russa, Pavel Chinsky, pouco antes da divulgação dos resultados. Foi nessa região, aliás, que Putin conseguiu – junto com a Chechênia– os melhores resultados, alcançando cerca de 90% dos votos.

“No entanto, se podemos dizer que há uma verdadeira legitimidade histórica, a maneira como feita essa operação vai contra todos os princípios do direito internacional. A Crimeia distanciou a Rússia da Europa e fez o país se marginalizar. As sanções econômicas são o resultado mais visível. Essa anexação colocou a Rússia na periferia do mundo civilizado”, conclui.

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