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Linha Direta

Como determinar se jovens imigrantes são menores de idade?

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A Itália e a Grécia são os países que mais recebem imigrantes ilegais na Europa. Como se estabelece que um imigrante é menor de idade e tem direito ao asilo politico? Novos métodos científicos já aplicados na Itália revelam com mais precisão a idade de cada pessoa. Gina Marques, correspondente da RFI na Itália

Sobreviventes do naufrágio, que matou cerca de 800 pessoas, chegam ao porto de Catânia, em abril de 2015.
Sobreviventes do naufrágio, que matou cerca de 800 pessoas, chegam ao porto de Catânia, em abril de 2015. REUTERS/Alessandro Bianchi
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É grave a situação dos imigrantes menores de idade que chegam à Itália. Em 2016, aproximadamente 180 mil imigrantes chegaram na Itália, dos quais cerca de 25 mil menores de idade, muitos desacompanhados e sem documentos. A lei italiana protege os menores, garantindo-lhes a tutela e o acolhimento, mas faltam garantias para estes jovens e os projetos sociais que já existem não são aplicados. Muitos deles querem se fingir menores de idade para obter o asilo e a tutela na Itália.

No caso das crianças e dos adolescentes, o reconhecimento da minoridade é mais fácil, o problema é a partir de 15 anos, quando se adquire aspecto de adulto. Na prática, um rapaz ou uma moça de 20 anos pode aparentar 15 e vice-versa. O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), sugere alguns exames científicos que na Itália já começaram a ser aplicados.

Segundo o doutor Giovanni Testa, diretor de medicina legal do hospital de Turim, mesmo com os exames é impossível determinar a idade exata de uma pessoa, mas podem ser feitos cálculos aproximativos com uma margem de erro de 2 anos. Se os exames comprovam que um jovem é menor, ele é registrado com uma faixa etária entre 16 e 18 anos. Na dúvida, o registro consta como entre 17 e 19 anos.

Exames tradicionais não são suficientes

De acordo com as novas orientações internacionais, os tradicionais exames radiológicos como a panorâmica da arcada dentária e o raio-X do pulso esquerdo, agora devem ser acompanhados por outras análises como a visita pediátrica e consulta psicológica.

A presença do mediador cultural, capaz de falar a língua do imigrante e compreender a realidade do país de origem dele, é fundamental.

O caso de Abdel, um rapaz que declarou ter nascido na Somália no ano 2000 é um exemplo comum. Os exames de raios-X revelaram que os ossos do seu pulso ainda não se calcificaram totalmente e aparecem separados por uma camada de cartilagem. Isso significa que ele ainda está crescendo. Já o caso de Mussa da Nova Guiné é diferente: as zonas cartilaginosas desapareceram, ou seja, seus ossos pararam de crescer, portanto provavelmente ele é maior de idade.

Tabela de crescimentos de adolescentes anglo-saxões

A novidade é que os exames radiológicos não são mais considerados determinantes, porque se baseiam em tabelas de crescimento de adolescentes anglo-saxões do século passado. Portanto não se encaixam em jovens de diferentes etnias e condições genéticas e com outro tipo de nutrição.

Mas segundo o doutor Giovanni Testa, os exames radiológicos têm suas vantagens, a principal delas é a pesquisa e o registro de cada pessoa. Apesar de não estabelecer a idade exata de um jovem imigrante, ele não pode contar que é menor de idade para ser ser tutelado eternamente.

Rebelião de menores

Na quarta-feira (15), houve uma rebelião de imigrantes menores no centro de acolhimento da cidadezinha Cassano Murge, na região da Puglia, no salto da bota da Itália.

Cerca de 30 rapazes e adolescentes, vindos principalmente da Nigéria, Gâmbia e Egito bloquearam a saída dos carros da equipe de assistentes sociais por mais de uma hora até a intervenção da policia. A chefe da equipe tutelar da infância, Filomena Albano, disse que não se tratou de sequestro, mas que eles estão exasperados. Segundo ela, a situação é explosiva e está se degenerando cada vez mais.

Os menores estão neste centro há dois meses sem atividades. Não existem projetos para eles. Os jovens não vão a escola e ficam esperando um novo destino sem resposta. Alguns destes jovens foram transferidos de outro centro na Calábria, onde permaneceram 11 meses junto com adultos.

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