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Esporte em foco

“Voltar ao Brasil seria enriquecedor para minha carreira”, diz Maxwell

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Querido pelos torcedores e pela direção do clube parisiense, o lateral-esquerdo Maxwell pode estar vivendo suas últimas emoções com o PSG, time que o projetou mundialmente e para seu próprio país, de onde saiu muito cedo para encarar uma longa e vitoriosa carreira no futebol europeu.

O lateral esquerdo do PSG, Maxwell.
O lateral esquerdo do PSG, Maxwell. REUTERS/Stephane Mahe
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A quatro semanas do final de seu contrato, que vence no final de maio, Maxwell tem ainda seu futuro incerto. Uma conversa com a direção do PSG nos próximos dias deve selar seu destino. A opção de prolongar seu contrato como jogador por mais um ano não está descartada, assim como uma reconversão profissional para outras funções dentro do próprio clube parisiense.

Aos 35 anos, Maxwell tem propostas de alguns clubes europeus de menor expressão, mas todas descartadas até o momento. No seu horizonte profissional está o desejo de voltar ao futebol brasileiro, que deixou aos 18 anos quando trocou o Cruzeiro pelo Ajax Amsterdam da Holanda. “Seria muito enriquecedor para minha carreira”, afirma. Alguma proposta vinda do Brasil? “Ainda nada, ainda nada”, repete sorrindo, em tom esperançoso.

Fiel ao seu estilo discreto e reservado, Maxwell não dá sinais de preocupação com sua situação indefinida. O lateral-esquerdo, que passou boa parte da atual temporada no banco de reservas acompanhando a ascensão e adaptação do jovem Layvin Kurzawa na defesa parisiense, voltou a ser titular na reta final da temporada com a contusão no joelho do concorrente francês.

Por isso, são grandes as chances do brasileiro encerrar dentro de campo seu longo ciclo no PSG. O lateral chegou ao clube francês em janeiro de 2012, transferido do Barcelona. Ele foi um dos primeiros jogadores a abraçar o projeto de transformar o time da capital francesa, recém-adquirido na época por um Fundo de Investimentos do Catar, em uma potência europeia e mundial.

Sucessos e fracassos

Maxwell contribuiu para o Paris Saint-Germain dominar o futebol na França nos últimos anos, e também se beneficiou do sucesso e da maior visibilidade do clube na Europa e no resto do mundo. Ganhou uma oportunidade na seleção de Luiz Felipe Scolari e fez parte do grupo que defendeu o Brasil na Copa do Mundo de 2014, um sonho realizado, mas também uma das experiências mais dolorosas na carreira.

Juntamente com seu companheiro Thiago Silva, Maxwell viveu como jogador duas derrotas antológicas do futebol moderno: os 7 a 1 da Alemanha sobre o Brasil e os 6 a 1 sofridos pelo PSG do Barcelona, na dramática eliminação da Liga dos Campeões da Europa. “O paralelo dessas duas derrotas é aquele dia trágico em que todas as coisas negativas acontecem e a gente fica sem explicação”, disse na entrevista exclusiva à RFI Brasil.

Esses fracassos históricos serão sempre lembrados, admite Maxwell, mas ofuscam apenas parcialmente um dos currículos mais repletos de títulos de jogadores brasileiros em gramados europeus, 24 até o momento. O capixaba de Cachoeiro do Itapemirim ergueu troféus das principais competições da Holanda com o Ajax, da Itália com o Inter de Milão, da Espanha com o Barcelona, e da França com o PSG.

A coleção pode ser ampliada com outros títulos nacionais até o final de seu contrato já que o PSG, que já faturou o Troféu dos Campeões e a Copa da Liga, disputa ainda a final da Copa da França contra o Angers e segue na briga para ser penta-campeão francês.

Atualmente, o time dirigido pelo espanhol Unai Emery, que assumiu a equipe no início da temporada, está vice-liderança do campeonato francês atrás do Mônaco e à frente do Nice, o adversário deste domingo (30). A dois dias de enfrentar o concorrente direto na disputa pelo título e também por uma vaga direta na Liga dos Campeões, Maxwell recebeu a RFI no centro de treinamento do clube para falar de seu futuro e da reta final de uma competição na qual o PSG não tem mais direito a “nenhum erro”.

Confira trechos da entrevista

Jogo contra o Nice e campeonato francês
"Não temos mais margem de erro. Será uma oportunidade de continuar pressionando o Mônaco. Vamos concentrados, com a expectativa de vencer e continuar com esperança. Tivemos uma atuação muito irregular. Acabamos deixando muitos pontos para trás que estão fazendo falta agora. Muito duro de chegar a esta posição. Temos que valorizar. É muito importante para o clube as competições nacionais. Temos que olhar do lado positivo. Mesmo dom tantos erros, as dificuldades que tivemos, temos a chance de terminarmos a temporada com quatro títulos".

Ano irregular do PSG

"Foi um ano de muitas mudanças. Não só da comissão técnica, mas também no grupo de jogadores e na organização do clube. Várias coisas aconteceram e não tivemos a performance ideal dentro do clube. Nós jogadores foram muito responsáveis pelas atuações. Foi um ano de irregularidade dentro de campo e de mudanças na estrutura do clube. Mas ainda estamos na briga pelo título do campeonato. Terminar a temporada com quatro títulos seria muito importante”.

Eliminação na Liga dos Campeões par ao ex-clube
"Foi uma derrota muito marcante para o clube e para a gente. Nossas ambições eram de chegar longe na competição. Nós fizemos um jogo excelente, completo aqui em Paris, que nos deu uma grande vantagem. A gente sempre conversava entre nós sobre as dificuldades de defender a vantagem no Camp Nou. A gente via muita comemoração na cidade e entre os torcedores. Mas sabíamos que tínhamos que jogar lá. Foi uma derrota que marcou negativamente o ano de todos nós. Mas foi um grande aprendizado. Quando você passa por um momento mais triste que é a derrota, você aprende também. Temos que levar como lição.

Peso da tradição
"Historicamente o Barcelona é um clube muito maior e mais velho que o PSG. Em competições assim (Liga dos Campeões) estão mais acostumados a jogar do que nós. Mas nunca é um fator só quando você tem uma derrota desse nível. São vários fatores. Várias coisas pesaram e aconteceram. A nossa atuação não foi o que poderia ter sido. O árbitro condicionou o jogo. Os jogadores do Barcelona, vendo eles feridos depois do primeiro jogo, ficou mais difícil enfrentá-los desta maneira. Foram várias coisas que aconteceram, vários fatores para que a gente tivesse essa derrota tão significativa, derrota dramática para todo mundo, mas com certeza todo mundo aprendeu e o clube vai ficar mais forte depois disso3

Paralelo das derrotas do PSG e da seleção brasileira
"Elas têm algo em comum. O principal é que você pode jogar dez vezes o mesmo time contra a mesma equipe e dificilmente o resultado vai ser igual. Um dia em que deu tudo errado. Os fatores negativos se somam e fazem com que tenham derrotas assim, significantes. A diferença dos times, tanto do Brasil no 7 a 1 para a Alemanha, e do PSG no 6 a 1 para o Barcelona não era tanto. O paralelo dessas duas derrotas é aquele dia trágico em que todas as coisas negativas acontecem e a gente fica sem explicação”.

Futuro incerto
"Ainda vou ter uma conversa com o clube (PSG). Ainda não tenho nada decidido. Pode ser uma busca por uma outra aventura no futebol, um outro clube, em um outro lugar. Pode ser uma outra profissão dentro do futebol. Estou em um momento de decisão importante na minha vida, mas gostoso. Tenho ainda mais três ou quatro semanas e com a cabeça fria, sem ser jogador e sem os compromissos do dia-a-dia, tomar as decisões corretas, com a ajuda da família, para ter uma situação mais clara dentro de mim. Existem algumas possibilidades mas nada ainda definido".

Volta ao Brasil?
"Por que não? Eu saí novo e assim como outros jogadores como eu que saíram novos, fica aquele gosto de que nunca jogou e dá vontade de poder voltar para jogar perto da família, dos amigos. Seria muito enriquecedor para minha carreira. Mas é difícil decidir agora. Tem que esperar acabar para colocar a cabeça no travesseiro e pensar direitinho o que seria melhor para mim e para minha família. Voltar ao Brasil seria para minha carreira enriquecedor. Mas ainda não tenho propostas".
 

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