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Documentário indicado ao Oscar resgata escritor James Baldwin

O filme "I Am Not Your Negro", indicado ao Oscar de melhor documentário, foi realizado para imortalizar o escritor norte-americano James Baldwin, que lutou pelos direitos dos negros nos Estados Unidos, segundo seu diretor, o haitiano Raoul Peck.

James Baldwin, negro e homossexual, defendeu a causa da comunidade afro-americana
James Baldwin, negro e homossexual, defendeu a causa da comunidade afro-americana Divulgação
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James Baldwin (1924-1987), negro e homossexual, defendeu a causa da comunidade afro-americana, vítima da segregação racial. Foi amigo dos líderes Malcolm X, Martin Luther King e Medgar Evers, que foram  assassinados antes de completar 40 anos.

O diretor não suportava a ideia de que Baldwin caísse no esquecimento, "que fosse plagiado sem citá-lo". Com esse objetivo, ele mergulhou em sua bibliografia e em suas cartas.

Todas as palavras do documentário são do próprio Baldwin. "Sem filtros", reforçou Peck. O ator Samuel L. Jackson emprestou sua voz à versão inglesa.

Baldwin influenciou autores como Toni Morrison e Allen Ginsberg. "Ele inventou uma língua de uma força incrível", acrescentou o cineasta, que também preside a Escola Nacional Superior de Ofícios de Imagem e Som (Femis), em Paris.

Tíitulo provocativo

"O título é, evidentemente, uma provocação", explicou Peck, cujo documentário estreará em 3 de fevereiro nos Estados Unidos.

Para ele, o discurso de Baldwin continua sendo politicamente incorreto para as emissoras americanas, "que nunca exibirão meu". "É um filme de grande risco artístico e político, que denuncia o racismo do presidente Donald Trump e todos os seus semelhantes."

Algumas imagens dos recentes confrontos raciais em Ferguson e Baltimore, integradas no documentário, lembram a atualidade do assunto. "A inocência não é mais possível", diz  Peck, resumindo o pensamento de Baldwin: "Não podem me encurralar em um gueto e me linchar sem virar monstros".

Vida em Paris

Após publicar seus primeiros artigos nos EUA, Baldwin ganhou uma bolsa filantrópica mensal e se mudou para Paris em 1948.  Ele escreveu seu primeiro romance, "Go Tell It on the Mountain", na capital francesa, em 1953. Foi o livro mais importante da obra de Baldwin,  tanto do ponto de vista da forma quanto do conteúdo, pelo caráter polêmico dos assuntos tratados.

Seu livro de artigos sobre a questão do negro e da literatura foi publicado logo depois, "Notas de um Filho Nativo". Na sequência vieram outros romances importantes, com destaque para "Giovanni's Room", "Another Country", "If Beale Street Could Talk", "The Devil Finds Work" e "Just Above My Head".

Outras coletâneas de artigos também foram lançadas. Seus textos mais importantes estão presentes em "Nobody Knows My Name - More Notes of a Native Son" e "The Fire Next Time".

Entre seus últimos trabalhos está uma reportagem sobre a participação do negro no cinema hollywoodiano, "The Evidence of Things Not Seen", e uma coletânea poética, "Jimmy's Blues", ambos publicados em 1985.

O escritor morreu em 1º de dezembro de 1987, de câncer.

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