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Dilma/pronunciamento

Dilma diz que está sendo punida por crime que não cometeu

Em pronunciamento à imprensa, Dilma Rousseff declarou nesta quinta-feira (12), após ser notificada de seu afastamento, de estar sendo vítima “da maior das brutalidades que pode ser cometida contra um ser humano: puni-lo por um crime que não cometeu”.

Dilma Rousseff faz pronunciamento após receber notificação de impeachment.
Dilma Rousseff faz pronunciamento após receber notificação de impeachment. REUTERS/Adriano Machado
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De Brasília, Luciana Marques e Silvano Mendes

“Impeachment sem crime de responsabilidade é golpe”, disse a presidente afastada no Salão Leste do Palácio do Planalto. E acrescentou: "Não tenho contas no exterior, jamais compactuei com a corrupção. Esse processo é frágil, juridicamente inconsistente, injusto, desencadeado contra pessoa honesta e inocente.” Ela admitiu erros, mas não crimes.

Dilma Rousseff lembrou que foi eleita por 54 milhões de brasileiros. "O que está em jogo não é apenas o meu mandato. É o respeito às urnas. À vontade soberana ao povo brasileiro e à Constituição. São as conquistas dos últimos 13 anos. O que está em jogo é a proteção às crianças, jovens chegando às universidades e escolas técnicas. O que está em jogo é o futuro do país, esperança de avançar cada vez mais.", afirmou.

Um verdadeiro golpe", declarou Dilma

Comentando a decisão do Senado, a presidente afastada foi taxativa: “Quero mais uma vez esclarecer os fatos e denunciar os riscos para o país de um impeachment fraudulento, um verdadeiro golpe, desde que fui eleita parte da oposição inconformada pediu recontagem de votos, tentou anular as eleições depois e passou a conspirar abertamente pelo impeachment, mergulharam o país num ato de instabilidade e impediram a recuperação da economia com tomar na força o que não conquistaram nas urnas”.

Sobre as acusações que lhe foram feitas, voltou a dizer que antecessores também usaram do artifício da pedalada fiscal para ajustar contas de governo. "Atos que pratiquei foram atos legais, honestos. Atos de governo idênticos foram executados pelos presidentes que me antecederam. Não era crime na época deles e não é crime também agora.”, falou.

Presidente afastada promete lutar para cumprir mandato

Dilma também se disse muito orgulhosa de ter sido a primeira mulher eleita como presidenta do Brasil e reiterou que “nesses anos, exerci meu mandato de forma digna e honesta, honrei os votos que recebi".

Após o discurso, que durou cerca de 15 minutos, ela deixou o Palácio pela entrada principal, e não pela rampa por onde o ex-presidente Fernando Collor de Mello foi embora ao ser destituído. Cercada por apoiadores e jornalistas, ela avançou até um pequeno palanque onde falou às milhares de pessoas que  esperavam há horas sob um sol escaldante de 29 graus.

Do lado de fora, após abraçar, beijar e apertar as mãos de vários partidários, a líder petista repetiu boa parte do discurso feito aos jornalistas. Mas dessa vez, Dilma parecia muito mais emocionada e interrompeu seu discurso várias vezes diantes dos aplausos e dos cantos entoados pela manifestantes.

“Eu fui a primeira mulher eleita presidente da República, depois do primeiro operário eleito presidente da República. Honrei a mulheres desde país e, como todas as mulhres, enfrentei desafios. Enfreitei o desafio sombrio da tortura e a dor indizível da doença. Agora, o que mais doi é essa situação que eu estou vivendo agora. A inominável dor da injustiça”.

Manifestantes gritam "Fora, Temer!"

Em um determinado momento, os presentes começaram a gritar “Fora Temer” e a presidente continuou: “Traição e injustiça são talvez as mais terríveis palavras que recaem sobre uma pessoa”.
Dilma disse que o processo de impeachment é fruto de um projeto de vingança de Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara, após ter o governo ter recusado negociar votos no conselho de ética. “Não sou mulher de aceitar chantagem” disse Dilma

A presidente afastada alegou que foi vítima de uma “sabotagem em um ambiente propício ao golpe. Segundo ela, o que está em jogo é o respeito ao voto, os ganhos dos mais pobres e da classe média. “O que não conquistaram nas urnas, tomaram à força”, argumentou.

Para finalizar, a presidente afastada se declarou honesta e inocente e agradeceu o apoio de “todos os movimentos e de todas as pessoas que foram para as ruas dizer um 'não' imenso, um 'não' do tamanho do Brasil ao golpe. Agradeço nesse momento muito triste da minha vida esse momento de alegria dado pelo calor, pelo amor e pela emoçao que vocês me transmitem”, declarou Dilma.
 

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