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Impeachment não resolve verdadeiros problemas do Brasil, diz cientista político

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O impeachment da presidente Dilma Rousseff deve ser aprovado pelo Senado, em votação prevista para ocorrer nesta quarta-feira (11). No entanto, a troca de comando do Planalto não será suficiente para solucionar os verdadeiros problemas do Brasil. A avaliação é de Gaspard Estrada, diretor-executivo do Observatório Político da América Latina e do Caribe (Opalc), centro de estudos do prestigioso instituto francês Sciences Po, em Paris.

Gaspard Estrada, do Observatório Político da América Latina da Sciences Po
Gaspard Estrada, do Observatório Político da América Latina da Sciences Po RFI
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O cientista político sustenta que a tensão social e a polarização no país só aumentam, em meio ao conturbado processo de impeachment, com reviravoltas até os últimos instantes – como mostrou a anulação, seguida de um recuo, da votação feita pelos deputados, pelo presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão. Desta forma, o país apenas se afasta de uma solução definitiva da crise política e econômica na qual está cada vez mais afundado.

“O impeachment não vai resolver a crise política, a promiscuidade entre o dinheiro e a política. Não vai levar às condições para que o Brasil volte a ter crescimento econômico e que os brasileiros tenham confiança nas suas instituições”, disse o pesquisador, em entrevista à RFI Brasil. “Os grandes problemas do Brasil, que foram revelados por todo esse processo politico e jurídico, não vão ser resolvidos pelo impeachment – muito pelo contrário”, insiste o pesquisador.

Relação com o Congresso não deve ser tão simples

Estrada se diz “bastante pessimista” sobre o futuro a médio prazo do país. Ele constata que, se assumir o poder, o vice-presidente, Michel Temer, terá de viabilizar uma resposta rápida aos desafios da economia – mas a aprovação de medidas necessárias está longe de estar garantida.

“Temer está diante do mesmo Congresso que a presidente Dilma: um Congresso que rejeitou praticamente todas as medidas enviadas por ela em 2015 e ainda gerou muitas das chamadas ‘pautas-bombas’, que aumentaram os gastos públicos, em especial os de custeio. O vice-presidente terá de assegurar uma boa capacidade de negociação com o Congresso, que tem se mostrado muito contrário a aprovar medidas do governo”, explica o cientista político franco-mexicano.

Votar o impeachment é uma coisa; medidas impopulares, outra

O especialista considera que, se a tensão social não diminuir nos próximos meses, o vice-presidente pode ter sérias dificuldades em manter o apoio anunciado que terá do Congresso no início da sua gestão. Temer pode até ser mais habilidoso do que Dilma para lidar com os parlamentares – afinal já foi presidente da Câmara dos Deputados no passado e conhece bem o funcionamento da relação entre os poderes. Mas Estrada duvida que a cooperação será tão simples quanto parece. “Uma coisa é votar o impeachment da presidente. A outra é aprovar reformas econômicas impopulares”, constata o pesquisador.

Para ouvir a entrevista completa, clique na foto acima.
 

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