Cordialidade dos brasileiros morreu com "muro" em Brasília, diz Le Figaro
A imprensa francesa destaca nesta quarta-feira (13) a contagem regressiva para a votação na Câmara dos Deputados do impeachment da presidente Dilma Rousseff (17).
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O jornal econômico Les Echos constata que Dilma sofreu "mais um duro golpe" com o desembarque do PP da base aliada. Le Monde ressalta que os votos dos 47 deputados do PP, agora favoráveis à destituição da presidente, mostram que a oposição deve conseguir mobilizar os dois terços de votos necessários para aprovar o impeachment na Câmara.
Le Figaro afirma que "o mito da cordialidade brasileira morreu e foi enterrado na segunda-feira na Esplanada dos Ministérios, quando prisioneiros construíram 'um muro' para separar os enfrentamentos entre militantes pró e contra a destituição da presidente". O jornal francês, de tendência conservadora, relata a aprovação do pedido na Comissão Especial do Impeachment, baseado nas pedaladas fiscais. O texto lembra que os defensores do governo questionam a existência de crime de responsabilidade na maquiagem das contas públicas, além de Dilma não ter sido até agora acusada de corrupção.
A correspondente no Rio de Janeiro, Lamia Oualalou, considera o resultado da votação no plenário da Câmara ainda incerto, porque as manifestações de rua pró-Dilma podem pesar na balança até domingo. O texto não faz menção à debandada dos deputados do PP, provavelmente devido à diferença de fuso horário.
Le Figaro conta como será a maratona de votação no plenário da Câmara, "com uma hora de discurso prevista para cada um dos líderes dos 25 partidos" representados no Congresso Nacional. A sessão terá transmissão ao vivo pela rede Globo. Se aprovado o impeachment, o Senado decidirá, em seguida, se dará prosseguimento ou não ao processo, explica o diário.
Le Parisien constata divisão na sociedade
O jornal Le Parisien foi às ruas no Rio de Janeiro captar a atmosfera nesse momento histórico do país. A reportagem entrevistou moradores mais abastados e da "favela" − termo utilizado pelo jornal − Pavão-Pavãozinho.
Uma aposentada residente no Flamengo acusa a oposição de golpe, enquanto uma jovem da favela afirma que "o governo do PT apoiou as famílias carentes, melhorou o nível de renda e deu aos jovens sem recursos a oportunidade de ingressar na universidade, mas isso não desculpa a corrupção".
O processo de destituição da presidente divide a população brasileira, conclui Le Parisien, acrescentando que uma pesquisa de opinião recém-divulgada mostra que a maioria, 61% dos brasileiros, querem a saída de Dilma Rousseff.
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