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Um pulo em Paris

Fogos de artifício de 14 de julho na Torre Eiffel exaltam a liberdade

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Depois do desfile militar ocorrido na manhã desta sexta-feira, 14 de julho, data em que a França celebra sua festa nacional republicana, a prefeitura de Paris oferece a partir de 23h (horário local, 18h em Brasília) um espetáculo de fogos de artifício na Torre Eiffel. As autoridades temiam incidentes de violência, mas até o final da tarde as comemorações transcorriam em atmosfera de tranquilidade.

Espetáculo de fogos na Torre Eiffel em 14 de julho de 2022.
Espetáculo de fogos na Torre Eiffel em 14 de julho de 2022. © AP/Lewis Joly
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O tema escolhido para o espetáculo de fogos de 2023 é “a liberdade”, com cores e desenhos traçados no céu que vão recordar os 12 territórios ultramarinos franceses – uma volta ao mundo que vai da Guiana Francesa ao Caribe, passando pelo oceano Índico, a Nova Caledônia e a Polinésia, no Pacífico.

Setenta mil pessoas são esperadas no Campo de Marte, onde fica a Torre Eiffel, mas os fogos serão disparados da praça do Trocadéro, na outra margem do Sena, a partir de 23 horas (18h em Brasília). O show vai durar meia-hora, como de costume, e será precedido de um grande concerto de orquestras sinfônicas e coral, transmitido ao vivo pelo canal 2 da televisão pública a partir de 21h15 (horário de Paris).

Uma anedota nada engraçada neste ano é que os 13 mil peixes do aquário de Paris, que fica nessa área do Trocadéro, por pouco não morreram de fome devido às exigências da empresa que instala os fogos. Isto porque o acesso dos 200 trabalhadores ao local foi proibido desde 10 de julho por razões de segurança.

O advogado do aquário precisou entrar com uma ação na Justiça para explicar que os 13 mil peixes e tubarões não iriam aguentar cinco dias sem comer, sem ter a temperatura da água regulada e outros cuidados. Na quarta-feira, dia 12, a Justiça acabou autorizando o acesso ao aquário de um pequeno número de funcionários. Resta saber se os peixes vão sobreviver a todo o cerco de segurança até desmontarem a infraestrutura dos fogos.

Forte esquema de segurança

Para as comemorações que se estendem por dois dias, as autoridades francesas mobilizaram um contingente inédito de 130 mil policiais e militares em todo o país, incluindo grupos de elite, com receio de uma nova onda de violência durante a festa nacional. O cenário mais temido é uma repetição dos saques e depredações vistos após a morte de um jovem de 17 anos, baleado por um policial no final de junho, na periferia de Paris, em circunstâncias controversas que ainda são investigadas.

O governo também proibiu desde 8 de julho a venda de morteiros e foguetes de artifício ao público, muitas vezes usados por manifestantes para ferir policiais. A venda continuou por contrabando, pelo Telegram e sites de países vizinhos. Por isso, durante 48 horas, desde ontem, não há ônibus e bondes em circulação em todo o país depois das 22h, para evitar uma repetição do que se viu no início do mês.

Detidos em queda na primeira noite de festividades

Um balanço preliminar divulgado nesta manhã pela polícia de Paris apontou um número de pessoas detidas em queda de quase 80% em relação ao ano passado, na virada do 13 para 14 de julho, e a metade de bens incendiados. Para diminuir a tensão nas ruas e não alimentar enfrentamentos, parte dos policiais circulam em carros comuns e à paisana. 

O desfile militar na avenida Champs-Elysées transcorreu como planejado. Mesmo assim, o esquema policial seguirá reforçado durante o fim de semana prolongado, já que há vários anos ocorrem incêndios de carros e degradações em bairros das periferias nas festividades de 14 de julho. Esse fenômeno se cristalizou como um meio de denunciar o abandono do Estado e a falta de políticas públicas eficazes em bairros de baixa renda, onde a população de imigrantes e descendentes é mais representada.

Instrumento de softpower 

Historicamente, a França utiliza a festa republicana como um instrumento de softpower de sua estratégia geopolítica, para impressionar aliados e potenciais clientes da tecnologia militar francesa. Nos últimos anos, Paris recuou posições e hoje ocupa o 9° lugar entre as maiores potências militares do mundo. Mas globalmente, os franceses admiram a competência de suas Forças Armadas e consideram que elas representam uma garantia de segurança e soberania.

Neste momento em particular, em que o presidente Emmanuel Macron apoia ativamente a Ucrânia contra a agressão da Rússia, o desfile militar ganhou nova dimensão e teve como inspiração “valores de compromisso" e "força moral". A resistência do povo ucraniano inspira grande admiração entre os franceses.

Ao todo, 15 países estavam representados no desfile. Entre eles, aliados da Otan (helicópteros italianos, aviões britânicos e belgas). A Ucrânia também foi lembrada com a apresentação dos equipamentos que a França envia para o campo de batalha: canhões móveis Caesar e tanques leves.

O país homenageado este ano foi a Índia e seu primeiro-ministro, o nacionalista Narendra Modi, em um contexto em que Paris e Nova Délhi celebram 25 anos de uma sólida parceria estratégica. Ontem, Modi anunciou a aquisição de mais 26 aviões de caça Rafale franceses e três submarinos da classe Scorpène, além de seis unidades já entregues ou em fase de construção em Mumbai. 

Além da venda de armamentos para Nova Délhi, Paris tem projetos de construção de linhas ferroviárias na Índia, de fornecimento de reatores para usinas nucleares e projetos de cooperação espacial. No plano global, França e Índia têm interesses em comum na região Indo-Pacífico: se proteger do expansionismo de Pequim.

Outro ponto de interesse para o presidente Macron é o fato de Modi integrar o Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, podendo atuar como ponte entre Paris e países do sul. Essas razões levam Macron a estender o tapete vermelho para o dirigente indiano, que ainda é prestigiado esta noite com um jantar oficial no Museu do Louvre.

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