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Um pulo em Paris

Dono da Saint Laurent e da Gucci, grupo Kering abandona totalmente uso de peles de animais em suas coleções

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O grupo Kering, um dos principais nomes do setor do luxo mundial, anunciou nesta sexta-feira (24) que todas suas marcas deixarão de usar peles de animais em seus produtos. A decisão segue na esteira de outras grifes do mercado que, diante dos protestos cada vez mais frequentes, abandonaram essa prática. Porém, algumas empresas mantém a tradição, visando principalmente a clientela chinesa.

Modelos Saint Laurent apresentados em Paris na temporada de desfiles autonomia-inverno 2020-2021, quando casacos de peles ainda era propostos pela marca.
Modelos Saint Laurent apresentados em Paris na temporada de desfiles autonomia-inverno 2020-2021, quando casacos de peles ainda era propostos pela marca. © AFP/Anne-Christine Poujoulat
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Kering é proprietário de marcas emblemáticas, como a francesa Balenciaga, a italiana Gucci ou ainda a britânica Alexander McQueen. Boa parte de suas grifes já haviam abandonado o uso de pelos nos últimos anos. Mas a francesa Saint Laurent e a italiana Brioni mantinham a tradição dos casacos e acessórios confeccionados com peles de animais. 

Saint Laurent chegou a ser alvo de um protesto em março passado, quando militantes do grupo PETA se reuniram diante de uma de suas lojas parisienses. Os militantes reagiam a uma campanha publicitária na qual a modelo Kate Moss aparecia vestindo um casaco feito com pele de raposa. 

Mas isso faz parte do passado e, a partir de agora, segundo a direção da Kering, nenhuma marca do grupo usará peles em seus produtos."Consideramos que matar animais que não vão ser comidos estritamente para usar suas peles não corresponde ao luxo moderno, que deve ser ético, de acordo com seu tempo e com os debates sociais", disse a diretora de desenvolvimento durável do grupo, Marie-Claire Daveu. 

Kering segue o exemplo de marcas concorrentes do grupo, como Chanel, Jean-Paul Gaultier, Armani, Versace, Prada ou Burberry, que já haviam abandonado o uso de peles de animais. Algumas lojas de departamentos, como a Macy’s, nos Estados Unidos, também pararam de vender peles desde o início deste ano. 

A maior parte das peles consumidas pela moda atualmente são produzidas em cativeiro e essa prática suscita críticas virulentas, principalmente dos consumidores mais jovens. Uma pesquisa recente aponta que 77% dos franceses são favoráveis ao fechamento total das fazendas de criação de animais exclusivamente para consumo de suas peles. No entanto, roupas e acessórios confeccionados com peles de animais continuam sendo muito procurados na China, país que concentra um dos principais mercados para o setor do luxo. 

Hipocrisia? 

A decisão do grupo foi saudada por parte das associações de defesa dos animais, como o grupo PETA, que afirmou que a notícia é uma “vitória”. Já a federação dos profissionais do setor de peles na França acusou Kering de “hipocrisia”, lembrando que o grupo vai continuar usando outros materiais de origem animal, como couro e lã, e que a abolição das peles, anunciada em plena temporada de desfiles do das coleções de prêt-à-porter primavera-verão 2022 é acima de tudo simbólica. 

A fundação da atriz francesa Brigitte Bardot, militante fervorosa da causa, pediu que o grupo LVMH, número um mundial do luxo e concorrente direto do Kering siga o exemplo. O líder do setor sempre disse que cada uma de suas maisons é livre para escolher sua posição sobre o assunto. 

LVMH é dono de marcas como Dior, Louis Vuitton e Givenchy, mas também Fendi e Stella McCartney, que têm posições opostas sobre o tema. Enquanto a grife da filha de Paul McCartney é defensora de uma moda vegana, a tradicional marca italiana construiu toda sua imagem na reputação de seus casacos de peles. 

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