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Um pulo em Paris

Desfile militar de 14 de Julho na França terá 25 mil espectadores em plena retomada da epidemia

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A França pode ter uma quarta onda da epidemia de Covid-19 antes do fim do mês, mas o governo mantém programado para a próxima quarta-feira o desfile militar de 14 de Julho, data da festa nacional francesa. Um público de 25 mil pessoas poderá assistir à parada militar na avenida Champs Elysées.

Imagem do desfile militar de 14 de julho de 2018 na avenida Champs Elysées, em Paris.
Imagem do desfile militar de 14 de julho de 2018 na avenida Champs Elysées, em Paris. REUTERS / Gonzalo Fuentes
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O desfile militar, cancelado no ano passado por causa da pandemia, terá a participação de 5 mil militares e civis, 71 aviões, 25 helicópteros, 221 blindados e a cavalaria da Guarda Republicana. Já houve um ensaio na avenida mundialmente conhecida na manhã desta sexta-feira. A arquibancada que abriga autoridades e convidados está há vários dias montada na praça da Concórdia.

No ano passado, as comemorações foram reduzidas a uma rápida cerimônia presidida pelo chefe de Estado, Emmanuel Macron, sem o tradicional desfile de batalhões. Militares e membros do governo usavam máscaras. No entanto, no desfile de quarta-feira, os militares não usarão a proteção facial. Já os espectadores que quiserem ver a parada de perto terão de apresentar passaporte sanitário, a partir de 11 anos de idade, para acessar a área reservada ao público. Os documentos exigidos são um teste negativo de Covid-19 de 72 horas, um atestado de vacinação completa ou um atestado médico de que a pessoa teve recentemente a Covid-19 e está curada. 

Haverá uma homenagem ao pessoal da Saúde e a todos os profissionais que estiveram na linha de frente contra a pandemia desde o início do ano passado.

Fogos de artifício na Torre Eiffel

Na noite de quarta-feira, a prefeitura de Paris promove um espetáculo de fogos de artifício na Torre Eiffel, seguido de um show de música nos jardins do Campo de Marte.  O passaporte sanitário também será exigido nessa área. 

O tema do espetáculo pirotécnico será a "Liberdade". No convite da prefeitura está escrito que a ideia é fazer um contraponto à "distância" que reinou no último ano e meio. Agora que 35 milhões de pessoas receberam a primeira dose da vacina, pouco mais da metade da população francesa, e 25 milhões estão totalmente vacinadas, o espetáculo "será uma ocasião para as pessoas se encontrarem e conversarem em liberdade", diz o texto distribuído à imprensa. 

Tudo pode parecer bem planejado, mas muitos franceses estão perdidos diante da comunicação contraditória do governo. O ministro da Saúde, Olivier Verán, passou a semana alertando a população de que a quarta onda da epidemia pode se instalar antes do fim de julho.

A variante Delta, mais contagiosa, vai se tornar dominante neste fim de semana em todo o território francês, segundo Verán. O número de contaminações diárias tinha recuado para 1.500 no final de junho e já subiu ontem para 4.400 novas infecções. A parte dessa variante, descoberta na Índia, no total de contaminações dobra a cada semana. A taxa de vacinação atual está muito aquém do necessário para a imunidade de rebanho.

Macron faz pronunciamento na segunda-feira

Diante do risco de uma quarta onda iminente, Macron fará um pronunciamento à nação, na próxima segunda-feira (12), e poderá anunciar novas restrições. Uma das medidas que o presidente poderá determinar é a imunização obrigatória de todos os profissionais da saúde, já que entre enfermeiros e cuidadores de casas de repouso apenas 57% dos profissionais se vacinaram até agora.

Nesta sexta-feira (9), a Alta Autoridade de Saúde (HAS), órgão consultivo independente para questões nessa área, recomendou que a vacinação contra a Covid-19 se torne obrigatória para toda a população, junto com as outras 11 vacinas exigidas no país.

Quaisquer que sejam os anúncios do governo, a semana que passou deixou a impressão de um governo sem rumo ante à realidade implacável da pandemia. Ministros foram à TV pedir aos franceses para não viajar de férias para Portugal e Espanha, onde o número de casos da variante Delta sobe exponencialmente.

Reabertura de discotecas

Paradoxalmente, as discotecas francesas reabrem ao público nesta sexta-feira depois de passarem um ano e quatro meses fechadas. Os frequentadores devem apresentar o passaporte sanitário na entrada dos estabelecimentos, que só poderão acolher 75% da capacidade das salas. A reabertura das boates ocorre quando a curva da Covid-19 parte para cima. Sem trabalhar há quase um ano e meio, alguns proprietários já disseram que não vão "fazer papel de polícia barrando clientes na entrada".

A nove meses da eleição presidencial de 2022, o presidente Emmanuel Macron pretendia reservar os últimos meses de seu mandato à reforma das aposentadorias. O plano inicial era fazer a campanha mostrando que a gestão econômica de seu governo salvou milhares de empregos e empresas da falência. Entretanto, a variante Delta e uma provável quarta onda da Covid-19, de consequências incertas para o sistema de saúde, adiam essa perspectiva.

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