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Saúde em dia

Mulheres relatam alterações no ciclo menstrual após receberem vacina contra a Covid-19

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O ciclo menstrual da assistente de projetos Maíra Caldeira sempre foi um "reloginho". Mas duas semanas após tomar a segunda dose da vacina contra a Covid-19, notou uma alteração pela primeira vez em anos. Outros relatos como o de Maíra pipocaram nas redes sociais nos últimos meses, mas não há comprovações científicas de que a vacinação realmente seja a responsável por essas mudanças. 

Mulheres atribuem alterações no ciclo menstrual à vacinação contra a Covid-19. 
Mulheres atribuem alterações no ciclo menstrual à vacinação contra a Covid-19.  AP - Cecilia Fabiano
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Interrupção da menstruação, fluxo mais intenso e ciclo desregulado foram algumas das mudanças relatadas por inúmeras mulheres no Twitter, segundo matéria publicada na France Info. Nos depoimentos, elas atribuem as alterações no ciclo menstrual à vacinação contra a Covid-19. 

Ao ler os relatos na internet, Caldeira, que vive em Paris, desconfiou de que as alterações no seu próprio ciclo poderiam estar associadas à vacina. “Me chamou bastante atenção, me deixou um pouco preocupada, porque faz no mínimo uns quatro ou cinco anos que eu sei exatamente a data em que o meu ciclo se inicia”, disse em entrevista à RFI.

Caldeira conta que tem conhecimento sobre muitos dos fatores que podem alterar o ciclo menstrual, como mudanças na alimentação, na rotina e até mesmo questões psicológicas. Mas como sua menstruação sempre foi pontual e não havia causa aparente para a mudança, ficou preocupada até identificar a vacina contra a Covid-19 como a possível causa.

“A gente sempre pensa que pode ser um problema de saúde e, na verdade, eu fiquei aliviada [ao considerar a vacina como causa], eu compreendi o porquê, depois de tanto tempo, de ter tido essa mudança no meu ciclo”, declara.

Em julho deste ano, a Agência Nacional de Segurança de Medicamentos da França identificou, pela primeira vez, uma possibilidade potencial de que a vacinação poderia afetar o ciclo menstrual. Porém, essa possibilidade não é uma evidência estabelecida. 

A ginecologista e obstetra Natalia Grandini Tannous explica que não há nenhuma comprovação de que a vacina de fato altere o ciclo menstrual. Por outro lado, ela adverte que pode haver uma correlação entre a aplicação de qualquer vacina e alterações na menstruação.

Toda vacina estimula o sistema imunológico a produzir anticorpos. E as células imunológicas também estão presentes no endométrio, a camada interna do útero. “Não é impossível haver uma relação entre a vacinação e a alteração do padrão menstrual. Mas, ainda assim, essa correlação é pouco provável”, explica a ginecologista.

A médica acrescenta que quando existe uma relação entre vacinação e alteração menstrual, esta deve ocorrer apenas no ciclo imediatamente após a tomada da vacina. Assim, a vacina não seria capaz de provocar mudanças a longo prazo. 

Vacinação para gestantes 

Tannous reforça a importância de se combater rumores de que o imunizante contra o coronavírus provoque infertilidade ou outros problemas relacionados à saúde reprodutiva da mulher. “A vacina contra a Covid-19 não poderia causar infertilidade, prejudicar a gestação ou provocar aborto. A gente já tem evidências e segurança para recomendar e reiterar a necessidade e a importância da vacinação em todas as mulheres, mesmo naquelas que estão tentando engravidar ou que já estejam grávidas”, insiste a especialista.

Em sua opinião, a vacinação é, na verdade, fundamental para as gestantes, pois foi comprovado que mulheres grávidas podem ter maior risco de desenvolver sintomas respiratórios graves quando infectadas pela Covid-19. 

A Covid na gravidez está associada a eventos adversos também para o bebê, como parto prematuro e crescimento fetal restrito, além do aumento dos casos de pressão alta na gravidez, o que também pode gerar efeitos para a criança. Então não há  dúvidas que todas as mulheres em fase fértil devem ser vacinadas e todas as gestantes também”, explica Tannous.

Durante a entrevista para a RFI, a especialista também compartilhou sua experiência pessoal. Ela é mãe da pequena Celeste, que nasceu no final de junho. Como Tannous recebeu a vacina para a Covid-19 em fevereiro, a criança nasceu com uma alta taxa de anticorpos. 

“A gente segue tomando todos os cuidados e fazendo nosso isolamento social 'extra' de bebê e pandemia, mas realmente dá uma tranquilidade saber que ela está protegida”, admite a obstetra.

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