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Saúde em dia

Aplicativo francês criado por pneumologista ajuda a detectar doenças do sono em crianças

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As crianças também podem ser vítimas das doenças do sono, que muitas vezes explicam problemas comportamentais e dificultam o cotidiano. Para ajudar as famílias que enfrentam o problema, a pneumologista francesa Madiha Ellafi criou o aplicativo Sommeil de Marmotte (Sono de Marmota, em tradução livre).

A pneumologista francesa Madiha Ellafi,especialista da apneia do sono, e uma das criadoras do aplicativo Sommeil de marmotte, que ajuda a identificar doenças do sono
A pneumologista francesa Madiha Ellafi,especialista da apneia do sono, e uma das criadoras do aplicativo Sommeil de marmotte, que ajuda a identificar doenças do sono © Divulgação
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Taíssa Stivanin, da RFI

Através da história de Martin, uma marmota que vive com sono, e uma série de jogos online, a criança responde perguntas que, dependendo da resposta, indicam a necessidade de consultar um profissional. O animal foi escolhido para ilustrar a ferramenta porque é conhecido pelos longos períodos de hibernação no inverno e também ilustra um livro com o mesmo título, assinado pela autora francesa Julie Eugène.

O aplicativo, lançado com o apoio da associação Santé Respiratoire France, visa ajudar pacientes e profissionais da saúde a identificarem e tratarem as doenças do sono na população infantil. Disponível em francês e inglês, o objetivo é que ele seja traduzido em outros idiomas, incluindo o português. 

Madiha Ellafi atende pacientes com esse perfil em seu consultório na cidade de Albi, no sudoeste da França. Ao longo de décadas de carreira, ela se especializou na detecção de distúrbios como a apneia do sono, que pode causar paradas respiratórias momentâneas e resulta em sintomas diurnos variados, como falta de concentração e cansaço crônico.

O interesse da pneumologista pela questão surgiu de sua própria história pessoal: o mais velho de seus quatro filhos, hoje adulto, sofreu de apneia do sono por vários anos. A pneumologista passou a dedicar-se então ao tratamento dos distúrbios do sono e tornou-se também alergologista – muitas vezes os sintomas respiratórios que atrapalham o sono das crianças derivam de alergias a diferentes substâncias.

Martin, a marmota que tem não dorme direito e estrela o aplicativo francês Sommeil de narmotte
Martin, a marmota que tem não dorme direito e estrela o aplicativo francês Sommeil de narmotte © Divulgação

Diagnóstico é clínico e exige experiência

Na França, a estimativa é que entre 2 e 5% das crianças na França sofram de apneia do sono, mas estudos recentes mostram que mais de 10% roncam ou têm dificuldades respiratórias quando dormem.

Muitos profissionais da saúde não estão preparados para fazer o diagnóstico, afirma a especialista. “Nos cursos de Medicina, que ainda são bastante segmentados, algumas patologias ainda não foram associadas. Profissionais formados em Alergologia não relacionam necessariamente, por exemplo, a apneia do sono aos problemas de aprendizagem”, explica.

Da mesma maneira, exemplifica, os neuropediatras e neuropsicólogos não buscarão, necessariamente, estabelecer uma relação entre  o Transtorno de Atenção e o sono.“O diagnóstico é, antes de tudo, clínico. Não precisamos de ferramentas sofisticadas. É importante fazer uma reflexão em termos médicos”, ressalta.

O primeiro reflexo do médico, explica, deve ser a detecção de fatores de risco: prematuridade, que aumenta a probabilidade de ter apneia do sono, antecedentes familiares de alergia ou ainda o refluxo gastroesofágico, que pode aumentar o tamanho das amídalas e atrapalhar a respiração.

Além disso, explica a pneumologista, é importante verificar a existência de episódios de otite ou de bronquiolite, por exemplo.

“Em seguida, vou listar todos os sintomas da criança, um por um:  verificar se o ronco é forte, se ela respira de boca aberta, se transpira de noite, ou se o sono é agitado. Além disso, se levanta à noite, acorda para fazer xixi ou beber água ou dorme com a cabeça para trás e a boca aberta, por exemplo, sinal de que está procurando ar.”

Diversos sintomas geram suspeita

Outros sintomas também podem gerar suspeitas: dor de cabeça matutina, dificuldades para se levantar, despertar muito cedo, além de problemas já citados, como falta de concentração, hiperatividade, agitação exacerbada, nervosismo e dificuldades de aprendizado.

O exame da boca, garganta, nariz e pulmão, diz, já indicará se há necessidade de procurar um otorrino, um dentista, um fisioterapeuta ou até uma fonoaudióloga para corrigir certos defeitos, como a profundidade do palato, o céu da boca, por exemplo.

Caso a apneia seja diagnosticada, a criança poderá precisar de um aparelho para dormir, conhecido como CPAP (máquina geradora de pressão positiva contínua da via aérea).

A polissonografia, exame que registra o cérebro durante o sono, só é realizada em certos casos. O mais importante é que o tratamento seja instituído o mais rápido possível, ressalta a especialista.

“É essencial não esperar obter todas as respostas somente a partir de um exame complementar. O importante é ter acesso a todos os especialistas que vão poder ajudar a criança. Quando ela dorme, deve estar deitada, com o ar saindo pelo nariz, e ter um sono tranquilo, reparador. Quando se levanta de manhã, deve estar em forma, sorridente, crescer bem, ganhar peso, e ir bem na escola. Se é o caso, não temos mais nada para fazer além de acompanhá-la”.

A pneumologista francesa Madiha Ellafi atende pacientes com esse perfil em seu consultório na cidade de Albi, no sudoeste da França.

Quando procurar ajuda?

Qual é o momento exato para buscar a ajuda de um especialista? Segundo a pneumologista, quando há sinais de gravidade e, no cotidiano, se os pais e as crianças sofrem com os sintomas. “Quando a criança acorda todas as noites, todo mundo fica cansado, se ela tem problemas de aprendizagem para de crescer ou cresce menos do que devia, muda de comportamento ou tem infecções frequentes, ou uma asma que piora. A partir do momento em que as consequências são importantes é necessário consultar”, resume.

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