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Diante da evolução das tecnologias e da mídia, as universidades também têm que se reinventar, diz professor da USP

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O “Futuro da mediação tecnológica no jornalismo e na mídia” foi tema de uma jornada que reuniu pesquisadores e especialistas da área de comunicação da França e do Brasil na terça-feira (27). O evento foi realizado no âmbito de um novo acordo de cooperação entre a USP e a Universidade Paris II, por meio do Centro de análise e pesquisa interdisciplinar sobre mídias (Carism, na sigla em francês)

Profissionais de mídia têm o desafio de se adaptarem às novas tecnologias e ferramentas como a inteligência artificial.
Profissionais de mídia têm o desafio de se adaptarem às novas tecnologias e ferramentas como a inteligência artificial. © RFI
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A rigorosa seleção dos trabalhos apresentados na jornada obedeceu critérios científicos e foi baseada em conteúdos que despertam preocupação dos pesquisadores diante das rápidas mudanças nos hábitos de consumo e produção de informação jornalística e da adaptação da mídia aos avanços tecnológicos. Temas como inteligência artificial, metaverso, combate às fake news e até os desafios para adaptar as inovações no processo de formação de profissionais permearam as discussões.

Há uma preocupação muito grande de todos os pesquisadores em construir uma nova agenda que ataque três problemas fundamentais: a credibilidadea questão do trabalho e a questão da diversidade”, resume Gilson Schwartz, professor da Escola de Comunicação e Artes da USP e um dos organizadores do evento. “O consenso é que se não houver a devida atenção a essas questões, a gente perde na qualidade de vida, perde na qualidade de informação e, no final das contas, perde a democracia”, ressalta.

O especialista lembra que um dos painéis tratou do fenômeno conhecido como “gamificação”, uma prática que se expande para além da fronteira do entretenimento. “Hoje a experiência da informação é uma experiência mediada por essa vivência, que se torna praticamente obrigatória na vida de todo mundo, que a experiência de jogar, de interagir, de entrar num universo, no mundo lúdico, virtual, realidade aumentada, realidade virtual, óculos, metaverso. E como é que fica o jornalismo num contexto em que a gente chama de ‘gamificação’? Isso é um ponto importante”, destaca.

Formação de profissionais

Outro fenômeno que, segundo Gilson Schwartz, tem causado pânico e perplexidade no meio da comunicação é o uso da inteligência artificial, que permite a uma ferramenta como o ChatGPT, por exemplo, responder a qualquer pergunta de um internauta sobre qualquer assunto. Além de provocar questionamentos como o da credibilidade da informação, essa tecnologia pode levar a uma revolução no mercado de trabalho e representar uma ameaça à profissão de jornalistas que não se adaptarem.

“Toda a tecnologia muda a nossa forma de trabalhar, muda a nossa relação com o mundo e também a relação com o trabalho e, com certeza, do jeito que se fazia, não vai ser feito. Nossa preocupação é como esse profissional vai ser formado para essas mídias e para o jornalismo. Ele vai usar o ChatGPT? Vai usar o metaverso? As reportagens agora serão parecidas com o game? Essas questões que são preocupantes para os profissionais que estão no mercado e são hiper preocupantes para quem dá aula e forma os profissionais do futuro. Muitos empregos desaparecem, mas outros novos surgem”, afirma o professor da USP, que durante a jornada fez uma palestra sobre o metaverso.

Gilson Schwartz é professor de economia na ECA, Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo.
Gilson Schwartz é professor de economia na ECA, Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. © arquivo pessoal

“Se as universidades não se atualizarem, quem desaparece são as universidades, porque o jovem, a jovem que quer ser jornalista, que quer trabalhar com mídia, pode entrar na própria mídia, aprendendo ali. Mas, claro, a universidade traz uma perspectiva crítica, histórica e mesmo tecnológica mais avançada. Nós, como universidades, temos que nos reinventar também. Temos que redefinir os currículos, a própria formação do professor para que ele possa compartilhar com a juventude que está chegando nas universidades essas novas tecnologias, mas com uma perspectiva humanista”, defende.

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